Livro revive a emoção das festas de música eletrônica de rua nas capitais do país

Cocaína ou cetamina? A dúvida atormenta o narrador de "A História Universal do After", que em determinado momento se vê cheirando uma linha de pó branco sobre a capa de um livro de poemas de Roberto Piva sem saber de qual droga se trata. Mas a pergunta é antes retórica que prática, e a resposta não importa, contanto que o personagem siga com sua consciência alterada pelo consumo de psicotrópicos.

É nesse estado de quase delírio que se desenrolam as cerca de 200 páginas do livro de Leonardo Felipe, um texto de não-ficção sobre as baladas de música eletrônica e seus after hours —as festas íntimas que acontecem na casa do narrador depois do fechamento das pistas de dança, a partir do nascer do dia.

Lançado originalmente em 2023, o livro deve ganhar em breve uma nova edição, com fotos de Ivi Maiga Bugrimenko, conhecida por registrar a noite de São Paulo. Na Argentina, "A História Universal do After" teve há pouco uma nova tiragem, depois de esgotar a primeira.

Com a experiência de décadas de rolê e inúmeros pares de tênis gastos dançando techno ao longo dos anos, Felipe acompanha o surgimento e o crescimento, na década de 2010, de coletivos de música eletrônica responsáveis por promoverem festas nas ruas de Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo. A ênfase maior é na cena da capital gaúcha, onde o autor vivia e na qual era ativo participante.

No livro, o texto passeia livremente por várias formas —reportagem jornalística, página de diário, carta, ensaio, "egotrip" e até um poema feito a partir do nome de um coletivo de festas. Há um sem fim de referências, com pensadores da psicanálise e da antropologia usados para sustentar os devaneios de um narrador sempre à beira da exaustão, causada pelas madrugadas viradas dançando.

A obra problematiza o discurso heroico a respeito das festas, isto é, que tenta apagar as contradições e ambiguidades manifestas nas pistas de dança, afirma Felipe. Numa conversa por telefone, ele argumenta que pessoas LGBTQIA+ podem ser bem acolhidas e se sentirem em segurança na noite eletrônica, um ambiente capaz de construir um senso de comunidade muito positivo, permitindo o desenvolvimento da identidade de cada um dos frequentadores.

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