Fome atinge 8,4 milhões no Brasil, mostra estudo da ONU

Um estudo de cinco agências da ONU mostra que cerca de 8,4 milhões de brasileiros passaram fome no Brasil entre 2023 e 2023. Os dados também indicam que, no mesmo período, o número de brasileiros em insegurança alimentar foi de 39,7 milhões, sendo que 14,3 milhões estavam em estado severo.

A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e agências parcerias lançaram nesta quarta-feira (24) a edição anual do relatório "O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo". Trata-se do principal estudo da FAO e, neste ano, a divulgação oficial ocorre no Rio de Janeiro, como parte do lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, principal projeto brasileiro no G20.

A organização caracteriza a fome como desnutrição crônica.

Em relação à edição anterior, que trouxe dados do período 2023-22, o Brasil registrou avanços, principalmente na redução da insegurança alimentar. O número de brasileiros em estado de desnutrição —população com dieta abaixo de níveis mínimos de consumo de energia— era de 10,1 milhões. Já o total em insegurança alimentar era de 70,3 milhões.

A insegurança alimentar no Brasil, no entanto, ainda está acima do período de 2014 a 2016. O total da população nessa situação era de 27,2 milhões.

No recorte por país, a FAO também traz o percentual da população afetada pela fome entre 2023 e 2023.

No caso do Brasil, o índice de desnutrição foi de 3,9%. Para insegurança alimentar, a proporção é de 18,4%.

Durante a cerimônia de divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), apresentou dados anualizados —o estudo da ONU usa o padrão triênio para identificar tendências.

De acordo com ele, a insegurança alimentar severa caiu 85% no Brasil em 2023. Segundo os dados anualizados, o número de pessoas nessa situação passou de 17,2 milhões em 2022 para 2,5 milhões no ano passado.

Ele disse ainda que houve redução de um ano para o outro na prevalência de desnutrição.

Nesse ritmo, o ministro afirmou que o Brasil tem condições de sair do Mapa da Fome da FAO ainda no atual mandato de Lula —o país voltou à categoria em anos recentes. A promessa foi depois reforçada por Lula, durante o ato de lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

Apesar do desempenho do Brasil, Dias disse que a situação global identificada pelo estudo é preocupante. "Mesmo com o fim da pandemia, o mundo no geral não está conseguindo retomar os trilhos do combate à fome e à pobreza", afirmou.

O ministro também fez referência à gestão de Jair Bolsonaro (PL) ao afirmar que a alta na fome registrada nos últimos anos foi ocasionada por "um grande retrocesso político que comprometeu políticas e programas sociais"

O governo afirma que as melhoras nos índices são resultado do fortalecimento de políticas sociais sob Lula. Segundo os dados anualizados, a queda mais expressiva no triênio de fato ocorreu em 2023. Houve uma redução menos intensa nos índices em 2023 e 2022, ainda de acordo com as informações separadas por ano.

Numa perspectiva internacional, o estudo da FAO revela que a fome permaneceu praticamente no mesmo nível durante os três últimos anos, depois de um pico na pandemia. Entre 713 e 757 milhões de pessoas podem ter passado fome em 2023, o que equivale a 1 entre 11 pessoas no mundo.

As estimativas para insegurança alimentar (moderada ou severa) são de 28,9% da população mundial, ainda segundo o estudo.

Além da FAO, o relatório é feito por Fida (Fundo de Desenvolvimento Agrícola), PMA (Programa Mundial de Alimentos), OMS (Organização Mundial da Saúde) e Unicef.

Erradicação na fome avança pouco

O estudo traz um cenário de falta de avanços a poucos anos da meta da ONU de erradicar a fome até 2030. Destaca ainda que em todas as regiões do globo o principal indicador da FAO para monitorar fome ainda está acima dos níveis pré-pandemia.

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