Biden perde o debate pós-debate

O desastre de Joe Biden no debate da semana passada parecia insuperável. Talvez por solidariedade ao presidente, Casa Branca, campanha, partido e até sua família mostraram nos últimos dias que dá, sim, para ficar pior.

Começando de baixo para cima, democratas estão desnorteados. O baixo clero do partido no Congresso já começou a abandonar o navio. Em público, lideranças tentam acalmar os ânimos, mas ressentem-se da demora de Biden em acalmá-los.

Apenas na quarta, quase uma semana depois da bomba, o presidente telefonou. Governadores conseguiram uma reunião na Casa Branca após alguém vazar na imprensa que estavam consternados com o silêncio de Washington.

Os Bidens, por sua vez, saíram em defesa de seu patriarca e colocaram a culpa na campanha —até uma lista de cabeças que teriam sido pedidas começou a circular. A campanha, sem ter muito mais para onde apontar o dedo, recorreu ao seu inimigo preferido.

Donald Trump? Não. A imprensa, que devolve a bola para a Casa Branca: isso é o que acontece quando vocês isolam o presidente por três anos e meio.

É verdade que a crise que se abateu sobre os democratas após Biden mal conseguir completar frases inteiras no debate é sem precedentes, mas, vista em conjunto, a reação caótica significa mais do que uma mera falta de manual: falta um presidente forte.

A resposta de Biden tem sido dobrar a aposta na mitologia pessoal de ser um azarão, um lutador que se reergue após ser derrubado. O presidente parece não ter entendido que o cerne da dúvida não paira sobre a fábula tanto quanto sobre seu protagonista.

O silêncio da Casa Branca, o descontrole sobre a base partidária e a rixa pública entre familiares e campanha parecem confirmar na prática a imagem de fragilidade e confusão vista em Atlanta. Biden perdeu o debate e, talvez mais importante, está perdendo o debate que se instaurou desde então.

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Sim, pesquisas de opinião feitas nos últimos dias não mostraram, até agora, mudanças significativas na visão do eleitorado. Mas, longe de ser um alívio para democratas, o que elas fazem é confirmar, a quatro meses do pleito, o que americanos têm afirmado consistentemente há meses, se não anos: não queremos Biden nem Trump.

A tarefa básica do presidente no debate era calar as acusações de que está velho demais para o cargo, na esperança de se tornar uma alternativa mais palatável em comparação ao adversário. Tudo o que aconteceu desde o fracasso dessa missão parece reforçar o contrário.

Embora no discurso Biden esbraveje que vai se levantar da queda, ele segue no chão. Qual o limite entre resiliência e teimosia?

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