Porto de Abrigo partilha a sua inovação nos cuidados aos idosos em seminário na Trofa
Alexandra Ferreira da Silva, Diretora de Serviços, e Sandra Gouveia, Socióloga, do Porto de Abrigo partilharam a trajetória desenvolvida desde o início do funcionamento do lar em 2012.
A inquietação com a agitação e a recusa dos cuidados de higiene por parte dos idosos levou o Porto de Abrigo a procurar novas abordagens. Em 2014, o lar de idosos conheceu a filosofia francesa Humanitude e adotou práticas que orientam a atuação dos profissionais, baseadas na metodologia Gineste-Marescotti e na filosofia de cuidados Humanitude, que privilegiam intervenções não-farmacológicas no controlo e redução de Comportamentos de Agitação Patológica, fornecendo técnicas específicas que melhoram a qualidade de vida da pessoa cuidada e dos cuidadores.
Nove anos depois, o lar de idosos regista 99% de aceitação dos cuidados por parte dos utentes, significando que apenas 1% expressa agitação e recusa nos cuidados.
Dez anos depois do início desta mudança, o Porto de Abrigo conquistou o Selo Humanitude, o primeiro em Portugal, que certifica a garantia de bom trato aos idosos.
“O Selo Humanitude foi um grande desafio, na medida em que exigiu uma mudança organizacional, nomeadamente ao nível da criação de equipas autónomas e na consolidação do Sistema de Gestão da Qualidade. É um processo que exige muito compromisso, muito trabalho, mas que é possível. A nossa visão de ambicionar ver ternura nos cuidados aos mais idosos tornou-se possível com esta filosofia”, partilhou Alexandra Ferreira da Silva.
Destaque-se o lar de idosos Porto de Abrigo recebeu em novembro do ano passado, em Paris, o Selo Humanitude, que reconhece as práticas diferenciadoras nos cuidados prestados, na organização e no funcionamento do lar de idosos, tendo sido a primeira instituição em Portugal a receber esta distinção internacional.
Na ocasião, Alexandra Ferreira da Silva, Diretora Técnica desta IPSS, enalteceu a importância deste reconhecimento internacional no trabalho diário da instituição, que tem como visão proporcionar cuidados em ternura às pessoas idosas. “Esta distinção valida o caminho que escolhemos fazer há nove anos e, creio, que pode impulsionar uma mudança nos cuidados prestados aos idosos em Portugal, que consideramos necessária e urgente. Aqui, assumimos que O Abrigo, mais do que uma Instituição, é um Movimento que aspira a uma mudança no modo como os nossos idosos são tratados”.
Este modo de cuidar no envelhecimento, cujos lemas são «O toque ternura» e «Viver e morrer de pé», tem produzido mudanças assinaláveis, evidenciando-se como uma ferramenta eficaz na promoção da qualidade e da humanização dos cuidados de saúde.
No relatório da auditoria realizada pelo Instituto Gineste-Marescotti Portugal, que resultou na atribuição do Selo Humanitude, é referida “a graciosidade da equipa na prestação de cuidados. Os gestos das cuidadoras parecem fáceis e espontâneos, mas, revelam treino e profissionalização: são delicados, precisos e eficazes”.
Neste documento é também enaltecida a “dociabilidade ambiental”. “O som, o cheiro, os espaços e o ambiente são harmoniosos, agradáveis e estimulam sensorialmente de uma forma positiva as pessoas que vivem e trabalham nesta casa.”
São, ainda, destacados os procedimentos de trabalho que “garantem que a casa é organizada sem haver sobreposição das tarefas às necessidades e bem-estar das pessoas cuidadas”.
Além da prestação de cuidados com a grelha de captura sensorial, a auditoria avaliou dimensões relacionadas com: a vida da casa; procedimentos de trabalho; ocupação do tempo; cuidados de alimentação; registos e dinâmica de funcionamento.
O Abrigo & Centro de Solidariedade Social de João de Ver é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sediada em Santa Maria da Feira, que integra um Lar de Idosos & o Porto de Abrigo -, um Centro de Dia e uma Creche. A IPSS presta também Apoio domiciliário e tem um projeto de voluntariado – Felizidade & para ajudar a cuidar dos idosos e das suas famílias. As suas boas-práticas têm sido distinguidas com prémios e são estudo de caso em universidades e centros de investigação. Atualmente, O Abrigo integra 56 colaboradores e 108 idosos.
Foto: OA.
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