Turquia continua a fechar a porta à Suécia. Ancara diz que ainda não estão reunidas
Falando após uma reunião do Conselho de Ministros, Recep Tayyip Erdogan também renovou a sua condenação de um protesto em que foi queimado uma cópia do Corão ocorrido na Suécia na semana passada, descrevendo a ação como um crime de ódio contra os muçulmanos.
“Deixamos claro que a luta determinada contra organizações terroristas e a islamofobia é a nossa linha vermelha”, disse Erdogan.
“Todos devem aceitar que a amizade da Turquia não pode ser conquistada apoiando o terrorismo ou abrindo espaço para terroristas”, acrescentou.
A Turquia adiou a aprovação final da adesão da Suécia à Aliança Atlântica, acusando o país de ser muito tolerante com manifestações e grupos anti-islâmicos que Ancara considera ameaças à sua segurança, o que inclui grupos militantes curdos que travam uma insurgência de décadas no território turco.
O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) empreendeu uma insurgência de 38 anos contra a Turquia, que deixou dezenas de milhares de mortos. É designada uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE).
A maioria dos Estados-membros da NATO deseja integrar a Suécia na organização até à cimeira prevista na Lituânia para os próximos dias 11 e 12 de julho, mas Erdogan disse que Estocolmo ainda tem obrigações a cumprir.
Para uma nova adesão, a NATO requer a aprovação unânime de todos os membros para se expandir, e a Turquia e a Hungria são os únicos países que ainda não ratificaram a proposta da Suécia.
“Em vez de perder tempo com táticas de distração, acreditamos que cumprir as promessas será um método mais racional e benéfico”, disse Erdogan.
“Aconselhamos que reflitam e façam melhor o trabalho de casa”, frisou.
O líder turco, recém-eleito, referia-se a um memorando que a Suécia e a Finlândia assinaram com a Turquia no ano passado, segundo o qual concordaram em abordar as preocupações de Ancara. O combate à islamofobia não foi incluído no documento.
No passado dia 28 de junho, um homem de origem iraquiana queimou um exemplar do Corão no exterior da mesquita central em Estocolmo, no primeiro ato deste tipo autorizado pela polícia sueca após os tribunais terem anulado uma proibição anterior. O protesto contou com a participação de cerca de duas centenas de pessoas e uma forte presença policial.
“O vil ataque ao nosso livro sagrado, o sagrado Corão, em Estocolmo, capital da Suécia, enfureceu-nos a todos”, disse Erdogan, advertindo que “esse desrespeito pervertido pelos sentimentos de dois mil milhões de muçulmanos não pode ser compatível com os valores humanos mais básicos, muito menos com a liberdade de pensamento”.
A Suécia e a Finlândia abandonaram as suas posições tradicionais de não-alinhamento militar para procurar a proteção da NATO, temendo que pudessem ser alvos de Moscovo depois da invasão russa da Ucrânia no ano passado.
A Finlândia entrou na Aliança Atlântica em abril passado, depois de o parlamento da Turquia ter ratificado a candidatura do país nórdico.
A Suécia mudou a sua legislação antiterrorismo desde que se candidatou à adesão à NATO, mas a Turquia argumenta que os apoiantes de grupos militantes podem organizar livremente manifestações, recrutar e obter recursos financeiros no país.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, convocou na semana passada uma reunião de altos funcionários da Turquia, Suécia e Finlândia para 06 de julho para tentar superar as objeções turcas à adesão de Estocolmo à organização.
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