Exames: Colégios deram quase tantas notas máximas como as públicas, que são seis vez

A conclusão resulta de uma análise feita pela agência Lusa, que olhou para as classificações internas atribuídas pelas escolas nas mesmas disciplinas em que, no ano passado, foram realizadas, pelo menos, mil provas na primeira fase.

De acordo com os dados do Ministério da Educação, entre as 421 escolas públicas analisadas, 295 deram 20 valores a, pelo menos, um aluno, o que representa cerca de 70%. No total, houve 1.689 notas máximas entre cinco disciplinas (Desenho A, História A, Inglês, Matemática A e Português).

O número não ultrapassa por muito os “20” atribuídos pelos colégios, que totalizaram, no ano passado, 1.252. A principal diferença está no número de escolas, uma vez que, no universo de escolas, as públicas representam quase seis vezes mais, e entre as 75 privadas analisadas, 68 avaliaram estudantes com a classificação máxima.

Olhando para os estabelecimentos de ensino particular, a lista é encabeçada pelo Externato Ribadouro, no Porto, ao qual foi instaurado um processo por inflação de notas, que resultou na suspensão de funções da diretora pedagógica e no encerramento por um ano letivo, decisão que ficou suspensa pelo período de dois anos.

Naquele externato, foram atribuídas 215 notas máximas, a maioria das quais a Inglês, em que 117 dos 150 alunos terminaram a disciplina com 20 valores.

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A disciplina é precisamente aquela em que houve um maior número de classificações internas máximas nos colégios e, à semelhança do Externato Ribadouro, há muitos outros exemplos em que, pelo menos, 75% dos alunos conseguiram o 20.

Percorrendo a lista, é necessário passar por seis escolas particulares até chegar à melhor pública – a Escola Secundário Amato Lusitano, em Castelo Branco –, em que se registaram 36 avaliações com 20 valores, 31 das quais a Inglês.

No caso do ensino público é, no entanto, a Matemática A que mais alunos conseguem alcançar esse nível de sucesso escolar e entre os 1.689 “20”, 1.152 foram àquela disciplina.

Houve ainda 273 alunos classificados com 20 valores a Português, 126 em Inglês, 75 a Desenho A e 63 a História A.

Por outro lado, quando se compara as médias internas globais das escolas onde houve notas elevadas às médias dos exames nacionais, não há diferenças significativas entre públicas e privadas.

Naquelas em que os resultados mais se distanciam, com classificações internas mais elevadas, a diferença é de 5,78 pontos percentuais na Escola Secundária de Alcochete e de 5,89 pontos percentuais no Real Colégio de Portugal.

Os dados divulgados pelo Ministério da Educação permitem também perceber quais as escolas públicas em que mais alunos carenciados conseguem chegar aos 20 valores a, pelo menos, uma disciplina.

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Os melhores resultados foram conseguidos na Escola Secundária de Rio Tinto, em Gondomar, em que oito alunos beneficiários do escalão A de ação social escolar tiveram 20 valores.

Um relatório divulgado em maio pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) já mostrava que a tendência para atribuir classificações internas muito elevadas era observada maioritariamente nas escolas privadas e, sobretudo, nas disciplinas anuais não sujeitas a exame nacional.

Na ocasião, a Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) indicou que já tinha inspecionado este ano 39 escolas onde as notas dos alunos pareciam ser excessivamente elevadas, tendo recomendado a sete estabelecimentos de ensino a "reposição imediata da legalidade" das classificações atribuídas.

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