Ucrânia: Costa assume diferenças com Brasil, mas quer mudanças nas relaçõe
A guerra na Ucrânia, as relações entre a União Europeia e Mercosul e a atividade da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), de acordo com fonte diplomática nacional são três dos temas políticos que estarão em discussão na 13.ª Cimeira Luso Brasileira, no sábado, no Centro Cultural de Belém.
No início desta semana, António Costa foi confrontado com as declarações proferidas pelo Presidente do Brasil, Lula da Silva, sobre a guerra na Ucrânia, em que criticara, entre outros aspetos, o apoio militar dado pela União Europeia e Estados Unidos ao Governo de Kiev.
O primeiro-ministro desdramatizou as posições do Presidente brasileiro sobre a guerra na Ucrânia, contrapondo que as relações entre Portugal e Brasil sempre estiveram acima de diferenças na política externa e que entre irmãos também há divergências.
“A relação de fraterna amizade com o Brasil fundamenta-se numa história comum, numa língua comum, em milhares de brasileiros que vivem em Portugal, milhares de portugueses que vivem no Brasil, na intensa relação comercial e política que existe entre uns e outros e no facto de fazermos parte da CPLP”, começou por referir.
“Essa é uma realidade que tem existido ao longo de 200 anos, mesmo quando numa ocasião ou noutra tivemos posições radicalmente diversas seja em matéria de política externa, seja mesmo em política interna”, considerou o líder do executivo português.
Depois, acrescentou: “Em todos esses momentos Portugal e Brasil souberam sempre compreender que o nível das suas relações, a intensidade das suas relações, estão acima de qualquer divergência que possa existir – e elas são normais”.
“Entre amigos também divergimos, entre irmãos também divergimos e entre Estados amigos e irmãos também há divergências. É normal”, completou.
Mas António Costa já apresentou uma explicação de fundo sobre as causas dessas diferenças entre os Estados-membros da União Europeia e países da América Latina ou do continente africano em matéria de política externa.
No início deste ano, na Fundação Calouste Gulbenkian, no Fórum de La Toja, advertiu que a União Europeia “tem de procurar fazer novos amigos” no mundo, numa alusão à situação diplomática em que o bloco político europeu se encontra no panorama global da diplomacia.
O líder do executivo português sustentou depois que a perceção sobre a guerra na Ucrânia é diferente em outros continentes, uma vez que estão mais distantes desse conflito do que a Europa. E que a União Europeia não deve confundir autonomia estratégica no plano económico com protecionismo.
“Autonomia estratégica significa não ficar dependente de outros, mas não significa fecharmo-nos sobre nós próprios”, declarou António Costa à agência Lusa na semana passada, quando visitou a Coreia do Sul.
Nesse sentido, o primeiro-ministro tem considerado fundamental que a União Europeia conclua em breve, durante a presidência espanhola do Conselho Europeu, no segundo semestre deste ano, o acordo comercial com o Mercosul.
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