Eleitos em 2022 têm patrimônio médio quatro vezes maior que candidatos derrotados; quase metade é de milionários
Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília — Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Candidatos eleitos no primeiro turno deste ano têm um patrimônio pessoal médio quatro vezes maior que os derrotados nas urnas, aponta um levantamento feito pelo 💥️g1 com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A soma do patrimônio médio dos eleitos é de aproximadamente R$ 8,8 milhões – já o dos não eleitos é de cerca de R$ 2 milhões.
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Os números indicam ainda que, de cerca de 1,6 mil eleitos, mais de 750 são milionários – ou 💥️47%.
A diferença do patrimônio médio entre eleitos e derrotados ocorre em todos os cargos em disputa neste ano –💥️ mas ela é maior entre os candidatos a governador eleitos, em que a diferença média registrada é nove vezes a do patrimônio dos derrotados. Os governadores eleitos apresentaram patrimônio médio de 💥️R$ 5,1 milhões. Já os derrotados, de 💥️R$ 557 mil.
O segundo cargo em disputa com a maior diferença foi o de deputado estadual (quatro vezes maior que os candidatos derrotados), seguido do de deputado federal, cuja discrepância foi de 3,8 vezes a mais que os não-eleitos.
O levantamento considera o patrimônio declarado pelos próprios candidatos.
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Entre todos os candidatos eleitos, são mais de 750 com patrimônios milionários. Considerando todos os cargos, 💥️43% estão na categoria de patrimônio de R$ 1 a R$ 9,9 milhões. Já 4% dos eleitos registraram patrimônio entre R$ 10 milhões e R$ 99 milhões.
Entre os milionários, o primeiro da lista eleito foi 💥️Antidio Lunelli💥️ (💥️MDB💥️-SC), que vai ocupar uma cadeira da Assembleia Legislativa do estado. Lunelli declarou patrimônio de R$ 390 milhões.
2 de 5 Antídio Lunelli — Foto: MDB/DivulgaçãoAntídio Lunelli — Foto: MDB/Divulgação
Já na Câmara dos Deputados, 💥️Eunício Oliveira💥️ (MDB-CE) será o deputado com o maior patrimônio declarado (R$ 158 milhões). O segundo mais rico é 💥️Jadyel Alencar (💥️PV💥️-PI), com patrimônio de R$ 107 milhões. Entre os dez mais ricos eleitos para a Câmara, três são filiados ao MDB. PP e PL têm dois deputados cada, enquanto PDT, PSD e PV, um.
Entre os governadores eleitos com a maior soma de patrimônio está 💥️Romeu Zema💥️ (💥️Novo💥️-MG), que foi reeleito para mais um mandato. Zema tem o maior patrimônio declarado entre os governadores eleitos (R$ 129 milhões).
3 de 5 Romeu Zema, governador reeleito em Minas Gerais — Foto: ReproduçãoRomeu Zema, governador reeleito em Minas Gerais — Foto: Reprodução
💥️Mauro Mendes💥️ (💥️União Brasil💥️-MT), que foi reeleito para governar o Mato Grosso, aparece em segundo lugar com bens que somam R$ 108 milhões.
4 de 5 Governador Mauro Mendes foi reeleito em Mato Grosso — Foto: Mayke Toscano/Secom-MTGovernador Mauro Mendes foi reeleito em Mato Grosso — Foto: Mayke Toscano/Secom-MT
Em terceiro lugar, vem 💥️Ibaneis Rocha, governador também reeleito do DF pelo MDB com patrimônio de R$ 79,8 milhões.
5 de 5 Ibaneis Rocha (MDB) — Foto: Caroline Cintra/g1 DFIbaneis Rocha (MDB) — Foto: Caroline Cintra/g1 DF
Alguns desses dados ainda podem apresentar pequenas variações nos próximos dias, pois nove candidatos à Câmara Federal não apresentaram ainda a declaração de patrimônio.
No ranking das maiores médias de patrimônios entre os deputados estaduais eleitos estão, em primeiro lugar, aqueles do PSDB (R$ 1,6 milhão), seguidos pelo Cidadania (R$ 1,2 milhão) e PMN (R$ 1,2 milhão).
Os tucanos conseguiram eleger 54 deputados estaduais, enquanto o Cidadania, 16. O PMN, por sua vez, vai ocupar apenas cinco cadeiras nas assembleias estaduais.
No caso dos deputados federais eleitos, o ranking do patrimônio médio é liderado pelos eleitos do PSC (R$ 3,2 milhões), PROS (R$ 2,2 milhões) e MDB (R$ 1,9 milhões).
Embora apresente a maior média de patrimônio, o PSC elegeu apenas seis candidatos. O PROS terá apenas três deputados federais, enquanto o MDB, 42. A maior bancada será do PL (99), cujo patrimônio médio dos eleitos é de R$ 1,2 milhão. A segunda maior bancada será do PT, com 68 eleitos. O patrimônio médio declarado pelos candidatos da legenda foi de R$ 650 mil.
Para o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Cervi, a aversão à política, fruto de crises da última década, interferiu na representação política, atraindo mais candidatos de camadas mais ricas que, muitas vezes, estão mais distantes das suas bases.
Para o cientista político Emerson Cervi, a relação entre maior patrimônio e maior percentual de candidatos eleitos não é direta.
O professor da UFPR acrescenta que lideranças que já estão na política também atraem mais recursos, e parte disso tem a ver com as recentes reformas eleitorais. Cria-se, segundo Cervi, uma relação que pode acabar refletindo no aumento do patrimônio.
"No caso brasileiro recente, dadas as direções tomadas pelas reformas políticas, já estar na política atrai mais dinheiro. Não se trata mais de ser rico antes para depois entrar na política. Em 2022, houve casos de deputados federais candidatos à reeleição que, por conta do Fundo Eleitoral de seu partido, receberam mais de R$ 1 milhão para a campanha. Não há nem como gastar isso em uma campanha para deputado. Então, hoje, ser político leva à garantia de recursos para manutenção da carreira, e isso leva a aumento de patrimônio, direto ou indireto", diz.
Na lista dos candidatos mais ricos nesta eleição, há também casos que não tiveram sucesso nas urnas:
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