Como a Ponte da Crimeia tornou-se o emblema mais valoroso da ocupação de Putin na Ucrânia

A decisão de construir uma ponte ligando a Crimeia à Rússia foi tomada em 2014, logo após a anexação ilegal do território ucraniano, e tornou-se uma obsessão para o presidente Vladimir Putin. Quatro anos depois, ele a inaugurou, percorrendo seus 19 quilômetros a bordo de um caminhão: concluída antes do prazo previsto, a maior ponte da Europa era também um poderoso símbolo da ocupação russa na Ucrânia.

Putin responsabilizou os ucranianos pela explosão que destruiu trechos da parte rodoviária da ponte sobre o Estreito de Kerch e justificou a retaliação: “É impossível deixar um crime como esse sem resposta.” Ordenou pesados ataques aéreos sobre cidades do país vizinho, a começar pela capital Kiev, que reviveu o horror dos bombardeios.

A autoria da explosão da ponte, bem como o método utilizado, ainda estão em aberto. O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, assegurou que Putin não foi provocado a retaliar pela Ponte da Crimeia, mas simplesmente externou seu desespero pelas derrotas que vem sofrendo.

“Ele usa o terror dos mísseis para tentar mudar o ritmo da guerra a seu favor.”

Chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky, Mikhail Podolyak corroborou a ideia da destruição, sob a alegação de que estaria assegurada no direito internacional: A Crimeia é da Ucrânia, que não deu permissão para a sua construção. Após a explosão, no sábado, contudo, ele se voltou para os russos, a quem atribuiu a logística da detonação e a sincronia com a pequena área destruída.

Desde o início da guerra, a Ponte da Crimeia foi superprotegida pela Rússia, com barcos da polícia na superfície e mergulhadores, além de sistemas de defesa anti-mísseis e até golfinhos treinados para afastar o risco de sabotagem.

Como observou a jornalista russa Yekaterina Mereminskaya, em geral as pontes são símbolos de unidade. A da Crimeia, porém, isolou a Rússia da comunidade internacional; sua construção foi condenada pela Assembleia Geral da ONU.

A jornalista reportou sobre a obra desde os seus primórdios para o jornal “Vedomosti”. A construção foi tocada sem licitação pela empresa Stroygazmontazh, do oligarca Arkady Rotenberg, amigo de Putin e seu ex-treinador de judô, também alvo de sanções dos EUA.

Mereminskaya conta que viu contratos mudarem de valores e consumirem US$ 4,8 bilhões, para a transformação da Crimeia em uma região modelo da Rússia. “Esta ponte pode ter sido uma preparação para a guerra ou pode ter sido o resultado de miopia política”, constata a jornalista

A Rússia tem instalações militares na península, utilizada como centro logístico para a sua ocupação na Ucrânia. Parte da estrutura da ponte foi danificada, limitando temporariamente a circulação de 15 mil veículos por dia e desviando também o curso da guerra para o coração dos centros urbanos.

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