Pesquisa eleitoral: entenda como funciona e como ler os resultados

Foto ilustrativa de urnas eletrônicas em sala — Foto: TV Globo/Reprodução 1 de 1 Foto ilustrativa de urnas eletrônicas em sala — Foto: TV Globo/Reprodução

Foto ilustrativa de urnas eletrônicas em sala — Foto: TV Globo/Reprodução

Em ano eleitoral, as pesquisas de intenção de voto ganham destaque no noticiário, e os diversos termos técnicos podem trazer dúvidas para os eleitores.

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Além disso, entender os critérios utilizados são fundamentais para interpretar os dados divulgados pelos institutos de pesquisa.

Veja abaixo perguntas e respostas que podem ajudar a saber como as pesquisas funcionam:

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As pesquisas são um retrato do momento em que são feitas as entrevistas. Além de apontar a intenção de voto em cada candidato naquele momento, as pesquisas também são úteis para conhecer a opinião dos brasileiros sobre outros assuntos que permeiam o processo eleitoral.

Os questionários utilizados pelos institutos de pesquisas trazem perguntas sobre o perfil do entrevistado (gênero, escolaridade, religião, renda), rejeição dos candidatos que disputam a eleição naquele ano, avaliação de governo, decisão do voto, entre outras. As perguntas variam de acordo com a metodologia utilizada por cada instituto.

Com base no conjunto de informações divulgadas, as pesquisas ajudam os eleitores a tomarem decisões mais embasadas.

Amostra é o grupo de pessoas que é entrevistado em uma pesquisa. Embora seja pequeno em comparação ao número total de eleitores, esse grupo é escolhido pelos institutos de pesquisa, a partir de critérios técnicos, de modo que represente a população como um todo.

Por exemplo: no caso de uma pesquisa eleitoral feita na cidade de São Paulo, a amostra deve ter as mesmas proporções em quesitos como gênero, idade e perfil econômico do município. Se 54% dos eleitores de São Paulo são mulheres e 46% são homens, 54% dos entrevistados da amostra devem ser mulheres e 46%, homens. Para chegar a estas proporções, são usadas estatísticas do IBGE e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), bem como pesquisas próprias.

A quantidade de pessoas é definida a partir de um cálculo que considera diversas questões, como o nível de precisão e o detalhamento desejados, bem como os recursos e o tempo disponível para fazer a pesquisa.

O objetivo é fazer o menor número de entrevistas possível para que a precisão pretendida (eficiência) seja atendida. Como isso pode variar de pesquisa para pesquisa, o número da amostra também pode mudar.

Isso acontece porque o grupo analisado em uma amostra, embora represente toda a população, é pequeno numericamente.

"Na realização de uma pesquisa, por exemplo, com 2 mil pessoas, a probabilidade de o eleitor ser entrevistado é de 0,002%. É a mesma coisa que acertar a Mega-Sena. Mas o importante é que todos os eleitores tenham a mesma chance de serem entrevistados", explica Mauro Paulino, ex-diretor do Datafolha e comentarista da GloboNews.

As entrevistas podem ser feitas de duas formas: presencial ou pelo telefone. Nas pesquisas presenciais, que são preferidas por institutos como Ipec e Datafolha, os entrevistadores abordam as pessoas em casa ou nas ruas. O entrevistador nunca pode escolher previamente quem será entrevistado, e nem o entrevistado pode se oferecer para dar entrevista.

Há uma série de critérios técnicos para garantir que o eleitor não será influenciado na hora da resposta. Nas perguntas estimuladas, por exemplo, as alternativas são apresentadas em um cartão circular para que o nome de um candidato não venha à frente de outro.

A margem de erro existe em toda pesquisa que utiliza uma amostra. Ela apenas não existiria se os pesquisadores entrevistassem todas as pessoas do país (no caso de pesquisas nacionais).

São erros que decorrem aleatoriamente do processo de seleção da amostra. Ou seja, mesmo que os institutos utilizem critérios científicos para definir a amostra, ainda existe uma chance de que parte dos resultados não corresponda exatamente àqueles da população que está sendo representada.

Na prática, a margem de erro quer dizer que pode existir uma variação de alguns pontos percentuais para mais ou para menos nos indicadores apresentados pela pesquisa.

Em uma pesquisa em que a margem de erro seja de dois pontos percentuais, por exemplo, se um candidato aparece com 25% das intenções de voto, o intervalo considerado é de 23% a 27%.

É o número de vezes em que a pesquisa dará um resultado semelhante se ela for repetida.

O nível de confiança normalmente definido pelos institutos de pesquisa é de 95%. Isso significa que, se 100 amostras forem tiradas da população considerando o mesmo modelo amostral, em 95 delas o índice de um candidato estará dentro do intervalo considerado da margem de erro.

Mesmo com a margem de erro e o nível de confiança estabelecidos, é importante lembrar que a pesquisa eleitoral é um retrato do momento.

O objetivo dos institutos de pesquisa não é acertar o resultado final da eleição, mas sim mostrar como estava a posição dos eleitores no momento em que foram entrevistados. Muitos fatores podem levar o eleitor a mudar de ideia até o instante da votação na urna.

No dia em que a pesquisa foi feita, por exemplo, pode ser que as pessoas estivessem mais propensas a votar em um determinado candidato. No dia seguinte, essa intenção de voto pode ter aumentado ou diminuído a depender da campanha eleitoral, de debates, notícias, postagens em redes sociais, e até mesmo resultado de uma pesquisa.

Todos os levantamentos eleitorais precisam ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas isso não significa que o tribunal tenha acesso previamente aos dados.

O TSE verifica a metodologia utilizada, a amostra, o questionário utilizado, o estatístico responsável, quem contratou a pesquisa e o valor pago.

Todas essas informações ficam disponíveis aos eleitores e podem ser consultadas no site do TSE.

Na última pesquisa Datafolha antes do primeiro turno, divulgada no sábado (1º), Jair Bolsonaro (PL) aparecia com 36% dos votos válidos. Pela margem de erro, poderia ter de 34% a 38%. Já a pesquisa Ipec mostrava Bolsonaro com 37%. Pela margem de erro, ele teria de 35% a 39%.

Nas urnas, Bolsonaro teve 43,2% dos votos, de quatro a cinco pontos acima da margem de erro máxima nas duas pesquisas.

Já Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, aparecia com 50% dos votos válidos no Datafolha divulgado na véspera da eleição. Pela margem de erro, tinha de 48% a 52%. A pesquisa Ipec indicava Lula com 51% dos votos. Na margem de erro, teria entre 49% e 53%.

Nas urnas, Lula conquistou 48,43% dos votos, dentro da margem do Datafolha, e um pouco fora da margem do Ipec.

O Jornal Nacional ouviu os institutos para que esclarecessem o que aconteceu. Uma das hipóteses levantadas é o alto índice de indecisão até a véspera. Segundo Ipec e Datafolha, a própria divulgação das pesquisas indicando a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno também pode ter feito com que os eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet, que votariam em Jair Bolsonaro em segundo turno, antecipassem suas escolhas para o primeiro. Ou seja, a informação fornecida pelas pesquisas pode ter ajudado os eleitores a fazerem suas escolhas na última hora.

💥️Márcia Cavallari, diretora do Ipec, explica como isso teria acontecido:

💥️A diretora do Datafolha, Luciana Chong, tem uma avaliação parecida:

Ainda tem alguma dúvida sobre as pesquisas eleitorais? Escreva sua mensagem nos comentários.

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