Choque entre tropas da Otan e da Rússia levará a 'catástrofe global', diz Putin

Um eventual confronto direto entre tropas da Rússia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ocasionará uma "catástrofe global", afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, nesta sexta-feira (14), durante uma rara entrevista à imprensa em uma viagem ao Cazaquistão.

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A possibilidade de um choque entre as forças de Moscou e da Otan, a aliança militar do Ocidente, voltou a ser cogitada após uma escalada dos conflitos na guerra na Ucrânia no último mês.

Em reação a novos movimentos de Vladimir Putin, que convocou reservistas e anexou ilegalmente 10% do território ucraniano, a Ucrânia entregou à Otan uma candidatura de emergência para entrar no bloco.

A Otan prevê revidar ataques a qualquer país membro da aliança, o que, na prática, significaria o choque direto com as forças russas.

Vladimir Putin, que em setembro foi às TVs do país para recrutar cerca de 300 mil reservistas para lutar na Ucrânia, também garantiu que não fará mais convocações – o anúncio gerou uma fuga em massa de jovens russos do país.

Ele disse que 222.000 russos foram convocados e, desses, 16.000 estão já no front. E admitiu não ter soldados suficientes para atuar na linha de frente de batalha na Ucrânia.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante uma viagem ao Cazaquistão, em 14 de outubro de 2022. — Foto: Valery Sharifulin via Reuters 1 de 1 O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante uma viagem ao Cazaquistão, em 14 de outubro de 2022. — Foto: Valery Sharifulin via Reuters

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante uma viagem ao Cazaquistão, em 14 de outubro de 2022. — Foto: Valery Sharifulin via Reuters

No novo pronunciamento, Putin reconheceu ainda que o cenário atual da guerra na Ucrânia não é o ideal – segundo serviços de inteligência do Reino Unido e dos Estados Unidos, tropas russas estão enfraquecidas e perdendo terreno.

O presidente russo afirmou não se arrepender de ter invadido o país vizinho, em 24 de fevereiro.

Após ordenar duras ofensivas esta semana em Kiev e outras cidades estratégicas da Ucrânia, Putin anunciou que não prevê novos bombardeios em massa "por enquanto".

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Na segunda-feira (10), a Rússia inaugurou uma nova fase da guerra ao bombardear Kiev, no pior ataque desde o início do conflito. A capital ucraniana vinha sendo poupada de ataques desde abril, e já mantinha uma normalidade relativa.

Os bombardeios, que deixaram 14 mortos, foram a ação mais dura de uma retaliação de Putin ao ataque à principal ponte da Crimeia, a península ucraniana anexada pela Rússia em 2014.

As explosões em Kiev marcam também uma escalada das tensões na guerra, que nos últimos meses ficou focada em investidas russas no leste e no sul.

Em setembro, no entanto, Kiev anunciou um ambicioso plano de retomada de diversas regiões em território ucraniano invadidas por Moscou. Com a ajuda militar e estratégica de países do Ocidente, o governo ucraniano afirmou ter reconquistado cerca de 10% das áreas ocupadas por tropas russas.

Em resposta, o presidente russo, Vladimir Putin, fez um pronunciamento à nação pela TV anunciando a convocação de cerca de 300 mil reservistas no país inteiro, o que gerou uma grande onda de fuga de jovens russos.

Dias depois, quatro regiões da Ucrânia – Kherson, Zaporizhzhia, Luhansk e Donetsk – foram submetidas a um referendo organizado e realizado por Moscou sobre se os cidadãos locais queriam se separar da Ucrânia e se anexar à Rússia.

Putin anunciou vitória na consulta pública e, há duas semanas, assinou a anexação dos quatro territórios em uma cerimônia transmitida por telões em Moscou. A ONU e a comunidade internacional não reconhecem a anexação.

No início da guerra, Kiev havia desistido de ingressar na Otan, uma possibilidade que vinha sendo debatida antes de a Rússia invadir a Ucrânia e que foi um dos principais motivos alegados por Moscou para atacar o país vizinho.

Também nesta semana, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que seguirá apoiando a Ucrânia.

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