Justiça de SP ouve rés do caso Colmeia Mágica e 19 testemunhas; partes terão 5 dias para apresentar alegações finais

Da esquerda para a direita: Roberta e Fernanda Serme, donas da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, funcionária. As três foram responsabilizadas por tortura, maus-tratos e outros crimes contra 9 crianças que aparecem amarradas e chorando em vídeos e fotos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/g1 1 de 5 Da esquerda para a direita: Roberta e Fernanda Serme, donas da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, funcionária. As três foram responsabilizadas por tortura, maus-tratos e outros crimes contra 9 crianças que aparecem amarradas e chorando em vídeos e fotos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/g1

Da esquerda para a direita: Roberta e Fernanda Serme, donas da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, funcionária. As três foram responsabilizadas por tortura, maus-tratos e outros crimes contra 9 crianças que aparecem amarradas e chorando em vídeos e fotos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/g1

A Justiça de São Paulo terminou de ouvir na tarde desta sexta-feira (14) todas as testemunhas e as três rés do caso Colmeia Mágica. Segundo informações do Tribunal de Justiça, foram ouvidas 19 testemunhas de acusação e da defesa.

Após a audiência de instrução de julgamento, que ocorreu no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo, as partes poderão apresentar as alegações finais no prazo de cinco dias.

Roberta Serme, dona da escolinha, foi interrogada na quinta (13). A irmã dela, Fernanda Serme, sócia e diretora da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, funcionária do local, foram ouvidas nesta sexta.

As três mulheres respondem por tortura, maus-tratos, associação criminosa, perigo de vida e constrangimento contra nove crianças, sendo duas meninas e sete meninos, que estudavam no local. Elas sempre negaram os crimes. As sócias-proprietárias da Colmeia Mágica estão presas preventivamente por decisão da Justiça. A funcionária responde em liberdade.

Além da audiência de quinta e desta sexta, já ocorreram ao menos mais duas audiências anteriores na Justiça. Em 27 de julho, foram ouvidos pais dos alunos e, em 26 de agosto, as professoras da escola prestaram depoimentos.

O caso da Colmeia Mágica foi revelado em março deste ano pelo 💥️g1, depois que vídeos que mostravam alunos chorando e amarrados em lençóis e presos a cadeirinhas de bebês dentro de um banheiro viralizaram nas redes sociais.

Procurado pela reportagem para comentar o assunto, o advogado 💥️André Dias, que defende as irmãs Serme, não se manifestou sobre a audiência até a última atualização desta reportagem. O 💥️g1 também entrou em contato com a defesa de Solange, feita pelo advogado 💥️Leonardo Luiz Fiorini, que também não se pronunciou.

A Polícia Civil de São Paulo abriu em junho deste ano outro inquérito para apurar novas denúncias de tortura e maus-tratos, desta vez, supostamente contra mais 34 crianças (20 meninos e 14 meninas) da Colmeia Mágica. Esta é a segunda investigação envolvendo a escolinha.

Entenda abaixo como estão as duas investigações:

No primeiro inquérito, aberto no início deste ano, a 8ª Delegacia Seccional concluiu que as duas donas da Colmeia Mágica e uma funcionária cometeram tortura e maus-tratos contra nove alunos (duas meninas e sete meninos). Essas crianças aparecem em vídeos e fotos que circularam nas redes sociais. As imagens mostram elas chorando, amarradas com lençóis, e presas a cadeirinhas de bebês dentro do banheiro da escola. As cenas teriam sido gravadas por funcionárias descontentes. Foram a partir dessas imagens que a polícia passou a investigar os crimes.

A Colmeia Mágica atendia crianças de 0 a 5 anos, do berçário ao ensino infantil. O caso provocou indignação nos pais de alunos. Atualmente a escolinha, fundada em 2002, está fechada.

Pais de alunos protestaram na frente da Colmeia Mágica nesta terça (15) na Zona Leste de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais 2 de 5 Pais de alunos protestaram na frente da Colmeia Mágica nesta terça (15) na Zona Leste de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais

Pais de alunos protestaram na frente da Colmeia Mágica nesta terça (15) na Zona Leste de São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais

Além de tortura e maus-tratos contra nove crianças, Roberta e Fernanda Serme, respectivamente diretora e sócia da Colmeia Mágica, e Solange Hernandez, empregada da escolinha, também foram acusadas por associação criminosa, perigo de vida e constrangimento no mesmo caso.

O MP e a Polícia Civil estão convictos de que as nove crianças sofreram violência física e psicológica dentro da Colmeia Mágica. Para esses órgãos, além dos vídeos das crianças amarradas, fotos de algumas delas machucadas após saírem da escola e laudos periciais comprovam as lesões.

As três já são rés neste processo na Justiça. As irmãs Serme estão presas preventivamente em Tremembé, interior paulista; Solange responde aos crimes em liberdade. Todas elas negam as acusações.

A audiência de instrução do caso, como é chamada essa etapa do processo antes do julgamento, já ouviu pais das vítimas em 27 de julho e professoras em 26 de agosto. Nos dias 13 e 14 de outubro, mais testemunhas darão depoimentos. Por último, estão previstos os interrogatórios das acusadas. Depois caberá à Justiça julgá-las e decidir se as condena ou absolve. Ainda não há data para o julgamento delas.

Perícia constatou, no primeiro inquérito, lesões em pelo menos dois alunos da Colmeia Mágica. Imagens acima mostram braço machucado de uma mesma criança — Foto: Reprodução 3 de 5 Perícia constatou, no primeiro inquérito, lesões em pelo menos dois alunos da Colmeia Mágica. Imagens acima mostram braço machucado de uma mesma criança — Foto: Reprodução

Perícia constatou, no primeiro inquérito, lesões em pelo menos dois alunos da Colmeia Mágica. Imagens acima mostram braço machucado de uma mesma criança — Foto: Reprodução

Já o segundo inquérito contra a Colmeia Mágica foi aberto em 13 de junho pela polícia a pedido do 💥️Ministério Público (MP) e por determinação da Justiça. Ele ainda não foi concluído. A Promotoria quer saber, por exemplo, se a delegacia consegue esclarecer nesta nova investigação se as duas donas e a funcionária da Colmeia Mágica tiveram ajuda de professoras na tortura e nos maus-tratos contra as nove crianças.

O MP ainda pediu para a polícia apurar se as 34 novas denúncias realmente aconteceram e quem participou delas. Essas outras queixas haviam sido feitas na delegacia pelos pais dos alunos logo que o caso veio à tona. Mas como elas não foram apuradas a fundo à época, o promotor pediu que o inquérito sobre a escola fosse desmembrado.

Foto mostra criança dormindo no chão da Colmeia Mágica, no primeiro inquérito — Foto: Reprodução/ Redes sociais. 4 de 5 Foto mostra criança dormindo no chão da Colmeia Mágica, no primeiro inquérito — Foto: Reprodução/ Redes sociais.

Foto mostra criança dormindo no chão da Colmeia Mágica, no primeiro inquérito — Foto: Reprodução/ Redes sociais.

Ele então denunciou à Justiça as três acusadas por crimes contra nove crianças. E pediu a abertura de uma nova investigação para apurar a veracidade das novas denúncias. O MP quer saber se essas outras acusações ocorreram e quem são as responsáveis por elas: seja cometendo os crimes ou sendo conivente com eles, pela omissão em não denunciá-los.

Além de Roberta, Fernanda e Solange, professoras da escolinha também serão investigadas pela polícia para saber se tiveram algum envolvimento.

No primeiro inquérito: Menino com hematoma perto do olho e garoto internado no respirador. Ambos chegaram feridos e doentes em casa após saírem do berçário da Colmeia Mágica, em São Paulo — Foto: Reprodução/Divulgação 5 de 5 No primeiro inquérito: Menino com hematoma perto do olho e garoto internado no respirador. Ambos chegaram feridos e doentes em casa após saírem do berçário da Colmeia Mágica, em São Paulo — Foto: Reprodução/Divulgação

No primeiro inquérito: Menino com hematoma perto do olho e garoto internado no respirador. Ambos chegaram feridos e doentes em casa após saírem do berçário da Colmeia Mágica, em São Paulo — Foto: Reprodução/Divulgação

No primeiro inquérito, as educadoras foram ouvidas como testemunhas e não como investigadas. Naquela ocasião, elas negaram ter participado dos crimes. Haviam dito que presenciaram as cenas de violência e, por este motivo, decidiram denunciar as donas e a funcionária da escolinha.

Elas haviam contado à época que Roberta amarrava as crianças, acreditando que com isso elas parariam de chorar. Segundo elas, a diretora não suportava ouvir choros dos alunos. Segundo os depoimentos, Fernanda era conivente com a situação. Há ainda relatos de que Solange chegou a cobrir a cabeça de um bebê com uma coberta, e ele ficou internado num hospital após sentir dificuldades de respirar.

Roberta Serme é diretora da Escola Infantil Colmeia Mágica — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal 6 de 5 Roberta Serme é diretora da Escola Infantil Colmeia Mágica — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Roberta Serme é diretora da Escola Infantil Colmeia Mágica — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

💥️Roberta chegou a confirmar em seu depoimento à polícia que os vídeos foram gravados na sua escola e que as crianças que aparecem lá são seus alunos. Mas negou que as amarrasse ou ordenasse a alguém para amarrá-las. Disse ainda que desconhecia quem teria feito isso. Mas desconfiava que as cenas pudessem ter sido montadas por alguma funcionária insatisfeita para prejudicar ela e sua irmã.

💥️Fernanda também se mostrou surpresa com os vídeos quando foi ouvida na delegacia.

💥️Solange também negou ter cometido algum crime. Além de acusar Roberta de "embalar'" as crianças, a funcionária falou à polícia, e em entrevista à 💥️TV Globo e ao 💥️g1, que as professoras da Colmeia Mágica eram orientadas pela diretora a fazer o mesmo "procedimento". Ela ainda falou que não ajudou a patroa a amarrar os alunos. E negou que tivesse jogado uma coberta na cabeça de uma criança, a sufocando.

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