Após jantar com Tebet, mais de 70 representantes da elite gravam depoimentos em apoio a Lula: 'Foca no Alckmin e aperta
Frases sugeridas para declaração de apoio a Lula — Foto: Arquivo pessoal
O jantar do trio Simone Tebet (MDB), Marina Silva (Rede) e Armínio Fraga com representantes da elite brasileira rendeu, até o momento, 74 declarações de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os depoimentos foram coletados por três equipes de vídeo que estavam na mansão e agora serão compartilhados nas redes sociais.
O encontro foi realizado na mansão do banqueiro Cândido Bracher, ex-presidente do Itaú, e da ambientalista Teresa Bracher, na noite desta segunda-feira (17), em Alto de Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. A organização ficou a cargo de Teresa, da editora Marisa Moreira Salles e da educadora Neca Setúbal.
A proposta era convencer eleitores indecisos a votar em Lula – a maioria deles apoiou Tebet no primeiro turno. Segundo os anfitriões, 670 pessoas participaram, incluindo executivos de Itaú, Bradesco, Santander, Banco Safra, Morgan Stanley, BMG, Cielo, Grupo Ultra, Siemens Energy, Suzano e Grupo Europa.
A maior parte dos que estavam presentes tem uma resistência histórica a Lula e ao PT, mas uma parcela minoritária, ligada às fundações e institutos vinculados aos bancos, tem mais interlocução com o campo petista.
Os organizadores produziram roteiros com dicas de como fazer a declaração de apoio a Lula e distribuíram pela casa.
Entre os que gravaram as declarações de voto estão Pedro Wongtschowski (Grupo Ultra), Pedro Passos (Natura), José Luiz Setubal (médico e acionista do Itaú), Malu Montoro (filha de Franco Montoro) e Marcello Britto (presidente da Associação Brasileira do Agronegócio).
Durante quase duas horas, Simone Tebet, Marina Silva e Armínio Fraga apresentaram justificativas para incentivar a plateia a votar em Lula. A linha de argumentação é que a vitória de Jair Bolsonaro (PL) consolidaria um projeto de destruição da democracia, do meio ambiente e da economia.
"Se estou desse lado, peço que fiquem tranquilos porque aqui teremos guarida. Um governo que será do diálogo e moderação", disse a senadora. "Estou com Lula por amor ao Brasil, porque defendo a democracia e sem ela não temos economia liberal, a pauta do ambientalismo, emprego, renda e nem orçamento para investir na educação para nossos filhos."
A senadora afirmou ter ficado espantada com a aparição de Sergio Moro (União Brasil), ao lado de Bolsonaro, no debate da Band. “Na política a gente precisa ter lado e marcar posição. Não dá para ficar indo para um lado e depois para o outro.”
Tebet ainda fez um apelo para que os interlocutores se engajem na campanha de Lula, tornando-se “multiplicadores” de voto. “Não tenham medo de serem cancelados. Eu já fui cancelada no meu prédio. Dos 20 apartamentos, só três [moradores] conversam comigo hoje.”
Armínio Fraga disse que nunca tinha votado no PT e que seu apoio é incondicional. “Primeiro: vou votar em Lula. Segundo: vou votar sem qualquer condição. Terceiro: vou votar com convicção”. Ao encerrar sua exposição, o ex-presidente do Banco Central disse à plateia que é necessário construir uma nova sigla. E alfinetou o Partido Novo, legenda de viés liberal que se aproximou do bolsonarismo. “Temos que procurar um partido novo, que não seja o Novo”. afirmou, arrancando risos do público. “Algo que resgate as origens do PSDB, aquela aspiração, atualizada para os dias de hoje.”
Após a palestra, o ex-presidente do BC disse a jornalistas não ver necessidade em Lula indicar qual será seu ministro da Fazenda, caso seja eleito. Ele lembrou da experiência de 2014, quando Aécio Neves o escolheu para a pasta. “Eu vivi isso com o Aécio. É muito complicado”. Sobre o programa petista para a economia, Arminio afirmou que “as ideias têm tudo para serem razoáveis”.
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