Justiça dá 48 horas para Prefeitura de SP se manifestar sobre gratuidade do transporte municipal no 2º turno
Vista do Terminal Varginha, na zona sul da cidade de São Paulo, durante a paralisação de motoristas e cobradores de ônibus — Foto: Felipe Rau/Estadão Conteúdo
A Justiça de São Paulo deu o prazo de 48 horas a partir desta quinta-feira (20) para que a prefeitura da capital se manifeste sobre a possibilidade de oferecer transporte público gratuito para a população da cidade no segundo turno das eleições (30 de outubro).
A decisão ocorre após a vereadora e deputada federal eleita Erika Hilton (PSOL) apresentar uma ação, na quarta-feira (19), contra a prefeitura, pedindo a gratuidade de transporte municipal em caráter excepcional.
Em nota, a prefeitura informou que "até o presente momento não foi notificada da decisão. Quando o for, prestará as informações e os esclarecimentos solicitados".
Segundo a vereadora, a ação não impactaria o subsídio projetado para 2022, já que corresponderia apenas a 0,3% do total.
"Neste cenário, o impacto de se garantir aos cidadãos paulistanos o exercício do direito constitucional ao voto com a gratuidade do transporte municipal no dia do pleito eleitoral é ínfimo diante do subsídio que os cofres municipais já repassam para as empresas de ônibus anualmente, pois corresponde a 0,3% do total de subsídio projetado para o ano de 2022", diz a ação.
A gratuidade chegou a ser aprovada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), na terça-feira (18). Na decisão, o ministro afirma que a prática não pode levar a punição de prefeitos e gestores por crimes eleitorais ou de improbidade administrativa. Isso porque a medida tem o objetivo de viabilizar a garantia constitucional do direito de voto.
Nesta quinta, o deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL) também entrou com uma representação no Ministério Público de São Paulo solicitando a gratuidade do transporte.
Na quarta-feira (19) a prefeitura tinha afirmado que não iria fornecer o transporte. Em nota ao 💥️g1, o Executivo municipal, por meio da SPTrans, alegou que a gestão já mantém uma das menores tarifas da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).
"Há dois anos a gestão municipal decidiu não reajustar e manter o valor da passagem para não penalizar ainda mais os passageiros de menor renda, justamente os que sentiram com mais intensidade os efeitos econômicos da pandemia e dos inúmeros reajustes de combustível – sobretudo o diesel, que impacta diretamente no custo dos alimentos".
A prefeitura afirmou ainda que, sem o subsídio ao sistema, o valor atual de uma passagem seria de R$ 7,60.
"Na prática, os paulistanos pagam R$ 4,40. Além de congelar o valor da tarifa por dois anos, a atual política garante a manutenção das chamadas gratuidades, ou seja, os benefícios diretos para os idosos, pessoas com deficiência e estudantes de baixa renda".
Outro ponto que o Executivo destacou é que com a subvenção ao sistema permite que, mesmo pagando o valor mais acessível possível, o passageiro pode usar até quatro ônibus em um período de três horas, pagando apenas uma passagem, além de cobrir o desconto concedido a passageiros que realizam a integração com metrô e trens.
"Trata-se, como demonstrado, de política fundamental para a acessibilidade e a mobilidade urbana na cidade."
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