IPCA-15: indicador fica em 0,16% em outubro, após duas deflações seguidas, aponta IBGE
Bomba de combustíveis em Posto de Ribeirão Preto, SP em registro feito em setembro de 2022 — Foto: Reprodução/EPTV
Depois de dois meses seguidos de deflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) – considerado a prévia da inflação oficial do país – ficou em 0,16% em outubro, conforme divulgado nesta terça-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta do indicador, puxada pelo aumento nas tarifas de passagens aéreas e pelo reajuste nos preços dos planos de saúde, veio após dois meses seguidos de deflação. Pressionado pela queda nos preços dos combustíveis, o índice de agosto ficou em -0,73%, e o de setembro, em -0,37%.
De acordo com o IBGE, a redução nos preços dos combustíveis continuou impactando o IPCA-15 em outubro, mas em menor intensidade.
Com o resultado de outubro, o indicador acumula alta de 4,80% no ano e de 6,85% nos últimos 12 meses, ainda acima do teto da meta estabelecida pelo governo para este ano.
O resultado veio acima do esperado. A mediana das projeções colhidas pelo Valor Data com 32 instituições financeiras e consultorias apontava para uma alta de 0,09%.
Somente três dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE para compor o indicador tiveram deflação em outubro - transportes, comunicação e artigos de residência. Dentre os seis grupos com alta, o que mais impactou o índice foi o de saúde e cuidados pessoais.
Assim como nos dois meses anteriores, a queda em Transportes foi puxada pela retração nos preços dos quatro combustíveis pesquisados - etanol (-9,47%), gasolina (-5,92%), óleo diesel (-3,52%) e gás veicular (-1,33%). A gasolina, que é o item de maior peso sobre a inflação do país, exerceu o maior impacto negativo, de -0,29 ponto percentual (p.p.).
Já o maior impacto individual positivo sobre o índice do mês partiu das passagens aéreas, cuja média de preços subiu 28,17% na comparação com setembro, respondendo por 0,18 p.p.
O IBGE destacou que o aumento de 0,42% nas tarifas de ônibus intermunicipal também contribuiu para frear a deflação do grupo de transportes. Esse aumento foi puxado pelo reajuste aplicados no mês nas tarifas de Fortaleza e de Porto Alegre. Além disso, houve altas de emplacamento e licença (1,72%) e conserto de automóvel (0,64%).
Já a queda no grupo de Comunicação foi influenciada pela redução de 1,69% nos pacotes de acesso à internet (-) e de 1,35% nos planos de telefonia móvel. Além disso, houve queda de 0,87% nos preços dos aparelhos telefônicos.
Entre os grupos com alta nos preços, o maior impacto partiu de Saúde e cuidados pessoais, com alta de 0,80% na comparação com setembro, que respondeu por 0,10 p.p. sobre o índice geral.
Essa alta foi puxada pelo aumento de 1,44% nos preços dos planos de saúde após reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em planos de saúde contratados antes da Lei nº 9.656/98 e com vigência retroativa desde julho. Também houve contribuiu para a alta deste grupo o aumento de 1,10% nos preços de itens de higiene pessoal.
O grupo de Vestuário, no entanto foi o que apresentou a maior alta na comparação com setembro. Ela foi puxada pelo aumento de 1,82% em calçados e acessórios, de 1,71% nas roupas infantis e de 1,00% das joias e bijuterias (1,00%).
Outra alta relevante no mês partiu do grupo Habitação, pressionado pelo aumento de 0,07% da energia elétrica e de 0,39% na taxa de água e esgoto, que foi impactada pelo reajuste médio de 13,22% aplicado em uma das concessionárias de Porto Alegre.
Depois de apresentar deflação de -0,47% em setembro, o grupo de Alimentação e bebidas teve alta de 0,21%. Esse aumento, segundo o IBGE, foi puxado pela alta de 0,14% na alimentação no domicílio (0,14%), influenciada pelo aumento médio de 4,61% nos preços das frutas, de 20,11% do tomate e de 5,86% da cebola.
Já itens importantes na mesa do brasileiro tiveram queda em outubro, tais como leite longa vida e o óleo de soja, cuja média de preços recuou, respectivamente, -9,91% e -3,71% na comparação com setembro.
A alimentação fora do domicílio também teve aumento no mês, mas foi menos intenso que no mês anterior - desacelerou de 0,59% em setembro para 0,37% em outubro.
Segundo o IBGE, a alta da refeição foi maior que no mês anterior - passou de 0,36% em setembro para 0,44% em outubro, enquanto o movimento nos preços do lanche foi inverso, cuja alta desacelerou de 0,94% em setembro para 0,23% em outubro.
Das 11 regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE para compor o indicador nacional, apenas duas tiveram deflação em outubro - Belo Horizonte e Curitiba.
Dentre as nove com alta do indicador, Brasília foi a que apresentou o maior índice, influenciado pela alta nos preços das passagens aéreas.
De acordo com o IBGE, para o cálculo do IPCA-15, foram comparados os preços coletados no período de 15 de setembro a 13 de outubro de 2022 com aqueles vigentes de 13 de agosto a 14 de setembro de 2022.
O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.
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