Diocese de Nova York aceita controle judicial por suspeitas de abusos sexuais
Papa Francisco em encontro em 2023 para discutir casos de pedofilia e abuso sexual na Igreja Católica. — Foto: Vatican Media/Handout via Reuters
A promotoria do estado de Nova York anunciou na terça-feira (25) um acordo sem precedentes com a diocese católica de Buffalo pelo qual sacerdotes suspeitos de abusos sexuais serão submetidos à supervisão judicial, após décadas de escândalos e silêncio da igreja americana.
A igreja católica nos Estados Unidos sofreu um abalo por causa das revelações de crimes sexuais cometidos por sacerdotes, especialmente contra menores de idade. Em dezembro de 2023, o papa Francisco anunciou a renúncia de Richard Malone, bispo de Buffalo, a segunda maior cidade do estado de Nova York, devido a seu envolvimento na gestão de um escândalo de pedofilia.
Depois de investigações nas oito dioceses católicas do estado de Nova York e de uma demanda de novembro de 2023 da procuradora-geral estadual, Letitia James, a diocese de Buffalo e seus sacerdotes, suspeitos "de forma crível" de abuso sexual ou cumplicidade, deverão agora se submeter ao controle de funcionários judiciais e policiais.
As auditorias serão supervisionadas por Kathleen McChesney, ex-subdiretora-executiva da polícia federal investigativa (FBI) e especialista em escândalos sexuais dentro da igreja católica americana, segundo um comunicado da procuradora-geral James.
A procuradora-geral do estado de Nova York lamentou que, "ao optar por defender os perpetradores de abusos sexuais ao invés dos mais vulneráveis, a Diocese de Buffalo e seus dirigentes minaram a confiança dos fiéis e provocaram em muitos uma crise de fé".
Os dois ex-bispos de Buffalo, Richard Malone e Edward Grosz, nunca mais poderão ocupar cargos em organizações beneficentes religiosas ou laicas em Nova York.
Além da diocese de Buffalo, cuja crise veio à tona em 2018, o ex-bispo de Albany, a capital do estado de Nova York, Howard Hubbard, admitiu sob juramento em um tribunal em 2023 que soube durante 25 anos, de 1977 até 2002, de abusos sexuais cometidos contra menores, sem que jamais tivesse tomado as devidas providências. Seu testemunho só veio a público em março deste ano.
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