Comércio fecha 2023 com o maior saldo de empresas ativas, mas foi o 2º setor que mais demitiu, aponta IBGE
Levantamento divulgado nesta terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o comércio, embora muito impactado pelas medidas de distanciamento social, foi o setor que com o maior saldo de empresas ativas em 2023. Em contrapartida, foi o segundo que mais demitiu pessoal.
Os dados fazem parte da pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas do Empreendedorismo referentes a 2023 e evidenciam que o mercado empresarial brasileiro foi pouco afetado pela crise sanitária, tendo o maior impacto negativo ocorrido sobre o mercado de trabalho.
De acordo com o estudo, enquanto 11 dos 19 segmentos empresariais pesquisados demitiram pessoal ao longo de 2023, apenas três encerraram o ano com saldo negativo do número de empresas ativas.
Ao todo, o país registrou naquele ano a entrada de 826,4 mil novas empresas, enquanto as saídas somaram 634,4 mil, deixando o saldo final de 192 mil empresas novas empresas ativas, sendo que 39 mil delas eram do segmento de comércio reparação de veículos automotores e motocicletas.
Com este saldo positivo, o total de empresas ativas no Brasil bateu recorde em 2023, somando cerca de 4,875 milhões, 4% a mais que no ano anterior e o maior número da a série histórica da pesquisa, iniciada em 2007.
Antes, o maior número de empresas no país havia sido registrado em 2013, quando somavam 4,775 milhões.
Em contrapartida, ao final de 2023 havia cerca de 660 mil trabalhadores assalariados a menos ocupados no mercado de trabalho na comparação com 2023. Considerando o total de pessoal ocupado no país, houve redução de 351,6 mil trabalhadores.
Segundo o levantamento, a taxa de entrada de novas empresas caiu de 20,2% em 2023 para 16,9% em 2023, enquanto a de saída, caiu de 14,0% para 13,0% - a menor desde 2008.
O gerente da pesquisa, Thiego Gonçalves Ferreira, ressalvou que, considerando o contexto da pandemia, seria natural haver queda da taxa de entrada, mas não na de saída. Todavia, ele destacou que o mesmo fenômeno ocorreu em oito dentre 12 países analisados.
O pesquisador ponderou que ações de apoio do governo, tais como o Programa de Manutenção de Emprego e Renda e o Pronampe, contribuíram para a sobrevida das empresas em 2023 e que os efeitos da pandemia sobre o mercado empresarial talvez levem mais tempo para serem identificados.
Ferreira lembrou que o choque inicial provocado pela crise sanitária foi sentido no país a partir de março e que muitas empresas talvez não tenham entrado nas estatísticas dessa pesquisa.
"As empresas que funcionaram até esse período, mesmo que tenham encerrado as atividades nos meses seguintes, não entram na estatística de saída, por uma questão metodológica baseada em manuais internacionais”, destacou.
Além disso, o pesquisador do IBGE ressalvou que uma alteração na metodologia para definir organizações ativas, implantada em 2023 em razão de novo sistema de registro adotado pelo governo federal, pode ter impactado os dados deste estudo.
De acordo com o levantamento, o setor de alojamento e alimentação foi o mais prejudicado tanto em relação ao número de empresas ativas quanto ao de pessoal ocupado. Com saldo negativo de quase 5 mil novas empresas, ele demitiu cerca de 373 mil assalariados.
Ou seja, mais da metade dos cerca de 660 mil trabalhadores que perderam o emprego em 2023 eram ocupados em empresas que atuavam com alojamento e alimentação. O comércio foi o segundo ramo com mais demissões - cerca de 222 mil assalariados a menos que no ano anterior.
O gerente da pesquisa destacou “a importância do porte na taxa de sobrevivência a longo prazo". Segundo o levantamento, entre as empresas que nasceram em 2015, apenas 35,5% das que não tinham empregados sobrevivem após cinco anos. Já entre as empresas com dez ou mais pessoas ocupadas, a taxa foi quase o dobro, 67,5%”.
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