Corpo de Susana Naspolini é velado no Cemitério São João Batista, em Botafogo; enterro será em SC

O corpo da repórter Susana Naspolini, que morreu na terça-feira (25), vítima de um câncer, foi velado nesta quinta-feira (27) no 💥️Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio. A cerimônia, aberta ao público, terminou por volta das 16h — quando o caixão seguiu para Criciúma (SC), cidade natal da jornalista e onde será o enterro.

💥️Samuel, o irmão mais novo, lembra que Susana “sempre foi extrovertida”. “Ela fez teatro lá no Sul e levou isso para o jornalismo”, contou.

Velório de Susana Naspolini no Rio — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 1 de 7 Velório de Susana Naspolini no Rio — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1

Velório de Susana Naspolini no Rio — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1

O irmão também destacou “a surpreendente paixão pelo Rio, pela cidade”. “Depois que meu cunhado morreu, fizemos várias tentativas de levar ela de volta para o Sul, mas ela não queria. Ela tinha amor pela cidade”, disse.

Maria Dal Farra, mãe de Susana Naspolini — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 2 de 7 Maria Dal Farra, mãe de Susana Naspolini — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1

Maria Dal Farra, mãe de Susana Naspolini — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1

“Agradeço a Deus por ter deixado ela ser minha filha porque somos todos filhos de Deus. Ela abraçou esse nicho de trabalho das comunidades e fez um bonito trabalho. Estou recebendo o carinho deles aqui a hora e percebo que ela era como se fosse da família. Só tenho a agradecer”, disse a mãe de Susana, 💥️Maria Dal Farra.

“A fé é a força da gente na vida. Essa morada aqui é provisória. E Susana fez por merecer um bom lugar na nova morada”, emendou.

Segundo Maria, Susana perdeu o pai no ano passado, com quem se aconselhava muito. E a fé passou muito para a família pelo pai.

 Nádia Pessanha e Saionara Machado, de Magé, no velório — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 3 de 7 Nádia Pessanha e Saionara Machado, de Magé, no velório — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1

Nádia Pessanha e Saionara Machado, de Magé, no velório — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1

Presentes ao velório, 💥️Saionara Machado e 💥️Nádia Pessanha, de Magé, contam que Susana foi quatro vezes ao local, sempre cobrando das autoridades uma solução para a degradação da região.

“O Píer da Piedade virou um ponto turístico. Graças a ela, o lugar melhorou e gera empregos para a região”, disse Saionara.

“Desenvolvemos uma relação de amizade com ela. Ela foi muito importante para a comunidade. Vamos sugerir ao prefeito que dê o nome de Susana ao píer”, emendou Nádia.

Susana Naspolini — Foto: Renato Velasco/Memória Globo 4 de 7 Susana Naspolini — Foto: Renato Velasco/Memória Globo

Susana Naspolini — Foto: Renato Velasco/Memória Globo

A jornalista morreu em São Paulo, aos 49 anos. Nesta quarta, ela foi homenageada por colegas de profissão e por moradores do Rio, que lembraram o trabalho de Susana em prol de melhorias em comunidades. Clubes de futebol também prestaram homenagens.

"Eu perdi uma grande amiga, uma grande profissional. Fazia com o maior carinho o trabalho dela. Sempre atenciosa com as pessoas. Ela não deixava de dar atenção para ninguém. A minha maior referência", contou o repórter cinematográfico 💥️Diógenes Melquíades.

“Venho aqui falar rapidamente e agradecer por ter o privilégio de ter acompanhado várias reportagens suas, Susana. E você sempre nos ajudou em tudo. Principalmente, eu que sou deficiente e tenho muita dificuldade. Então, vem aqui o meu abraço, a minha total admiração pela pessoa guerreira que sempre suportou tudo, mas sempre trouxe alegria para as nossas tardes. Obrigado, Susana! Te amo!", disse 💥️Breno Júnior.

Nas redes sociais, a importância do trabalho de Susana Naspolini também foi lembrada.

A felicidade de ajudar a resolver os problemas da população foi lembrada pelos admiradores de Susana Naspolini — Foto: Reprodução/ Twitter 5 de 7 A felicidade de ajudar a resolver os problemas da população foi lembrada pelos admiradores de Susana Naspolini — Foto: Reprodução/ Twitter

A felicidade de ajudar a resolver os problemas da população foi lembrada pelos admiradores de Susana Naspolini — Foto: Reprodução/ Twitter

Susana Naspolini era uma das repórteres mais populares da TV Globo no Rio, onde deixou sua marca por anos no quadro de jornalismo comunitário RJ Móvel, do RJ1.

Ao longo de seus 49 anos, Susana travou e venceu algumas lutas contra o câncer – sempre com muita fé e alto astral. Mas um tumor identificado pelos médicos na bacia se espalhou por outros órgãos e ela não resistiu.

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Naspolini trabalhava no Grupo Globo desde 2002. Ganhou muita popularidade no Grande Rio devido à forma divertida de interagir com os moradores e cobrar as autoridades por soluções para os problemas comunitários. Conseguiu tornar popular um quadro de serviço, na maior parte das vezes de questões locais em áreas abandonadas pelo poder público.

Com seu calendário de papel, cobrava de representantes dos órgãos públicos uma data para a conclusão das melhorias. Anotava o dia e voltava com sua equipe para verificar se os problemas haviam sido resolvidos como prometido. Em caso negativo, regressava algumas semanas depois novamente, até que o problema fosse solucionado.

Susana Naspolini se envolvia com os entrevistados e com as pautas. Para mostrar uma ciclovia esburacada, por exemplo, andava de bicicleta – ou até de velocípede – pelo local. Tomava café e comia bolo com os moradores. Vestia sua bota para entrar em um córrego que precisava de dragagem. Dirigia carro por uma via cheia de lama. Subia em árvore, entrava no matagal. Tudo para mostrar a realidade do povo fluminense – que sempre a acolhia com carinho e alegria.

"É o meu jeito de trabalhar, podem ou não gostar. Sou muito feliz fazendo, me sinto em casa. No outro dia, minha filha falou: ‘Mãe, sua blusa estava toda suada’. Respondi: 'Filha, estava gravando em Bangu, meio-dia, não vai ter suor?'. Tem suor, tem o cafezinho. Se eu tiver andando e tropeçar, vai entrar o tropeço. Se eu sentar na calçada pra falar com alguém, vai mostrar. Ah, esse ângulo tem mais sol do que o outro? Não tem problema, é ali que a gente está", disse em uma entrevista para o Memória Globo.

Por onde ia, era reconhecida e ouvia pedidos para que visitasse os locais para ajudar melhorar as condições da população.

Susana Dal Farra Naspolini Torres nasceu no dia 20 de dezembro de 1972, em Criciúma, Santa Catarina. Em 1990, percebeu que seu futuro estaria ligado à comunicação.

Cursou Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. Com um ano de faculdade, a futura repórter conseguiu uma vaga no Tablado, um dos cursos de teatro mais tradicionais do país, que fica no Rio de Janeiro. Trancou os estudos e decidiu morar na capital fluminense para tentar a carreira de atriz.

Na primeira batalha contra o câncer, em 1991, Susana retornou para Santa Catarina, onde retomou o curso de Jornalismo e começou a carreira em emissoras de TV do estado. Do teatro, ela conseguiu levar a espontaneidade diante do público, sua principal marca anos mais tarde.

Susana Naspolini no RJ móvel — Foto: Reprodução 6 de 7 Susana Naspolini no RJ móvel — Foto: Reprodução

Susana Naspolini no RJ móvel — Foto: Reprodução

Em 2002, a jornalista foi contratada temporariamente como repórter da GloboNews, onde ficou até 2004. Antes de ganhar destaque como apresentadora do RJ Móvel, do RJ1, Naspolini passou pelo Canal Futura, pela produção da Editoria Rio, da TV Globo, e pela equipe de reportagem dos telejornais Bom Dia Rio e RJTV.

Entre quadros e séries que ajudou a produzir para os jornais locais do Rio, Naspolini participou do “Disque-Reportagem” (2005), “Direito do Cidadão” (2005), “RJ nas Escolas” (2007), “Túneis” (sobre o estado de túneis do Rio de Janeiro, 2006), “Ônibus do RJ” (2006) e “Ensino Público de Qualidade” (2007).

Em 2008, um rodízio com outros repórteres fez com que ela pintasse pela primeira vez no quadro RJ Móvel. A passagem pelo programa mudou completamente a carreira da jornalista.

O projeto tinha como características percorrer bairros e municípios da região metropolitana e denunciar problemas que preocupavam a população. O objetivo do quadro era cobrar as autoridades responsáveis e marcar em um calendário a data de retorno da reportagem para ver se o problema tinha sido resolvido.

O quadro virou sucesso no Rio de Janeiro e projetou Susana para o Brasil.

A persistência da repórter era outro grande trunfo para o RJ Móvel. Em uma situação, Susana retornou 18 vezes à comunidade da Muzema, na Zona Oeste, para denunciar um alagamento de esgoto. Em 31 de outubro de 2023, a repórter chegou a pendurar ao vivo uma melancia no pescoço para que, “quem sabe assim, a prefeitura enxergue” a lama que prejudica a vida dos moradores.

Susana Naspolini se afastou do RJ Móvel em 2009, 2016 e 2023 para fazer tratamento de câncer, em São Paulo.

Em maio de 2017, a jornalista assumiu outro desafio, para tocar em paralelo com o RJ Móvel. Susana passou a apresentar o Globo Comunidade, um boletim informativo com material produzido pelas editorias locais, que vai ao ar na manhã de domingo.

Susana Naspolini lança livro 'Eu escolho ser feliz' no Leblon — Foto: Reprodução 7 de 7 Susana Naspolini lança livro 'Eu escolho ser feliz' no Leblon — Foto: Reprodução

Susana Naspolini lança livro 'Eu escolho ser feliz' no Leblon — Foto: Reprodução

Com tantas histórias profissionais e pessoais de luta e superação, Naspolini lançou em junho de 2023 o livro “Eu Escolho Ser Feliz”, uma autobiografia que enfatiza sua luta contra o câncer e o otimismo que dizia ser seu motor de superação para seguir em frente.

Em 2023, a jornalista voltou a lançar uma publicação, o livro “Terapia com Deus”. Desta vez, Naspolini trata sobre a sua religiosidade e sua ligação com Deus.

Neste livro, ela também fala sobre a morte do marido, o narrador e apresentador esportivo Maurício Torres, que faleceu em 2014, com falência múltipla de órgãos decorrente de quadro infeccioso.

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