Cinegrafista critica exposição de sua imagem na campanha de Tarcísio: 'É o poder a qualquer custo', diz
O repórter-cinematográfico Marcos Andrade, que trabalhava na Jovem Pan, divulgou um vídeo nas redes sociais no qual critica a exposição de sua imagem no material de campanha de Tarcísio de Freitas sobre o tiroteio na comunidade de Paraisópolis, que interrompeu agenda do candidato no dia 17, e deixou uma pessoa morta.
O cinegrafista se refere à inserção da campanha de Tarcísio, divulgada nesta semana, após Marcos Andrade revelar à imprensa que um membro da equipe do candidato ordenou que ele apagasse os registros feitos do tiroteio.
A campanha de Tarcísio veiculou um vídeo em que o cinegrafista comenta sobre o ocorrido e agradece por ter sido retirado do local na van da campanha. As imagens foram gravadas antes dele receber o pedido para que o material registrado por ele fosse deletado.
Em nota, a assessoria de imprensa de Tarcísio informou que "o vídeo utilizado nas redes de Tarcísio foi gravado pelo próprio cinegrafista e enviado por ele mesmo à Jovem Pan, que colocou no ar no dia do tiroteio, ocorrido no dia 17 de outubro. A exposição da imagem de Marcos foi realizada por ele mesmo".
Na terça-feira, a Folha de S. Paulo divulgou o áudio em que um integrante da campanha de Tarcísio pede para o cinegrafista apagar o registro do tiroteio.
Na gravação, o integrante da campanha de Tarcísio pergunta se o cinegrafista filmou os policiais atirando. Ele responde que não fez imagens da troca de tiros, mas registrou "a PM atirando contra os caras".
Na sequência, o membro da campanha pergunta se ele teria filmado as pessoas que estavam no local onde ocorreu a agenda e afirma: "Você tem que apagar".
A polícia requisitou essas imagens, mas já identificou que o tiro que matou um homem em Paraisópolis foi disparado por um soldado do serviço reservado da PM.
Ele reforçava o policiamento da região por causa da visita de Tarcísio à comunidade.
Após a repercussão da reportagem, a campanha de Tarcísio afirmou, em nota, que o cinegrafista e os demais jornalistas que acompanhavam a agenda foram colocados na van da equipe para protegê-los dos tiros, e que foi "pedido que não fossem feitas imagens internas do carro e nem na chegada da base de trabalho da equipe para que ninguém fosse exposto dada a gravidade do ocorrido".
Oponente na disputa, o candidato Fernando Haddad (PT), passou a utilizar a reportagem da Folha na campanha e questionar o que Tarcísio "tem a esconder".
Na manhã desta quarta (26), Haddad voltou a comentar o assunto nas redes sociais.
"A ordem da equipe do Tarcísio a um cinegrafista para que apagasse imagens do tiroteio em Paraisópolis pode configurar a prática de 5 crimes: obstrução à Justiça, favorecimento pessoal, supressão de documento, fraude processual e coação no curso do processo."
O tiroteio durante a agenda é investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).
Em entrevista coletiva na semana passada, a delegada Elisabete Sato, afirmou que a presença de motociclistas suspeitos armados no entorno do prédio onde estava o candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) gerou o tiroteio na comunidade de Paraisópolis, na segunda (17).
Sato afirmou que quatro policiais à paisana que trabalhavam na segurança do candidato perceberam a movimentação e se sentiram acuados, na medida em que outros motociclistas também começaram a rondar o prédio.
A troca de armas entre os suspeitos foi observada pelos seguranças que estavam na rua onde acontecia o evento do candidato.
Segundo a diretora do DHPP, dos quatro policiais à paisana que trabalhavam na segurança naquele dia, dois estavam dentro do prédio onde acontecia o evento e dois estavam na rua, observando a movimentação do entorno.
Esses policiais do lado de fora alertaram os dois internamente sobre a presença dos suspeitos, e logo a dupla também desceu do prédio para dar apoio e verificar a situação. A dupla percebeu que os indivíduos da moto estavam armados e iniciou-se o tiroteio.
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