Tarcísio diz que quer 'olhar para os interesses de SP': 'Vai ser fundamental o alinhamento com o governo
Eleito governador de São Paulo neste domingo (30), Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou neste domingo (30) que a partir de agora “vai olhar pra frente” e esquecer as diferenças com o governo federal, que agora terá Lula (PT) à frente. O candidato não fez discurso de comemoração. Ele apenas respondeu às perguntas na coletiva de imprensa.
O governador eleito de São Paulo também afirmou que pretende participar da reunião que o presidente eleito do PT pretende fazer com os governadores eleitos do país, assim que todos tomarem posse em 1º de janeiro.
1 de 10 O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante o discurso de vitória neste domingo (30). — Foto: Reprodução/TV Globo
O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante o discurso de vitória neste domingo (30). — Foto: Reprodução/TV Globo
Tarcísio de Freitas conquistou 55,27% dos votos válidos no estado de São Paulo, contra 44,73% do candidato do PT.
No total, o candidato do Republicano obteve pouco mais de 13,4 milhões de votos, contra 10,8 milhões de Fernando Haddad.
Apesar da diferença de cerca de 2,6 milhões de votos com o petista, o governador eleito afirmou que teve uma “eleição apertada”, mas que o “resultado das urnas é soberano”.
Tarcísio também afirmou que recebeu uma ligação do adversário, Fernando Haddad (PT), parabenizando-o pela vitória e se colocando à disposição para ajudar o governo paulista na interlocução com o governo federal.
“Tive conversa muito boa com o Haddad. Sempre tivemos uma boa relação, sempre houve diálogo. A conversa que tivemos foi bem nesse sentido. Ele me deu parabéns e se colocou à disposição para ajudar em Brasília. Nós vamos manter o melhor diálogo possível, da forma republicana, da forma que temos que fazer”, declarou.
2 de 10 O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante o discurso de vitória neste domingo (30). — Foto: Reprodução/TV GloboO governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante o discurso de vitória neste domingo (30). — Foto: Reprodução/TV Globo
Tarcísio de Freitas também afirmou que pretende formar um governo técnico, priorizando a competência para a escolha do secretariado que vai comandar o estado nos próximos quatro anos.
“A nossa ideia é ter um time técnico, qualificado, à altura da grandeza do estado de São Paulo. O que pode esperar é a busca de competência, de perfis capazes. Não vou anunciar nenhum nome. Vamos cuidar da transição. A equipe que vai iniciar a transição é a equipe que ajudou no plano de governo, são perfis técnicos. Vamos ter a colaboração do governador Rodrigo Garcia. A partir daí vamos levantando nomes”, declarou.
Na primeira entrevista depois da vitória, Tarcísio também reafirmou que vai acabar com a obrigatoriedade da vacina para os servidores públicos em São Paulo e reavaliar a necessidade do uso das câmeras nos uniformes dos policiais militares no estado.
“Essa questão da obrigatoriedade da vacina, gente, pro serviço público eu pretendo acabar. Deixando claro: eu confio na consciência das pessoas, liberdade. Acredito que conscientizando os servidores públicos, trabalhando muito na conscientização, na publicidade, na importância da vacinação”, declarou.
“Câmeras, vamos avaliar com a turma da segurança pública. Sempre tive uma visão crítica. Não sou dono da verdade. Muitas pessoas me trazem contra-argumentos. Vou levar todos eles e vamos discutir com a equipe de segurança para trazer sensação de segurança. Seja onde for, a gente quer que a população se sinta segura”, completou.
3 de 10 Tarcísio eleito governador — Foto: Fábio Tito/g1
Tarcísio eleito governador — Foto: Fábio Tito/g1
O ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos), natural do Rio de Janeiro, foi eleito neste domingo (30) novo governador de São Paulo com 55% dos votos, ou 12.576.778 votos. O resultado foi confirmado às 19h22 com 93% das urnas apuradas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Seu adversário, Fernando Haddad (PT), teve 44,65% dos votos (10.148.696 votos). Votos nulos foram 6,7% e brancos, 4%. O índice de abstenção foi de 21,12%.
O estado de São Paulo, que é governado pelo PSDB há 28 anos, perdeu um representante do partido no primeiro turno, com a derrota do governador Rodrigo Garcia, que apoiou Tarcísio no segundo turno.
No início da campanha, em agosto, Haddad liderou a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, mas viu sua distância diminuir a partir de setembro, quando Tarcísio e Garcia, que tentava a reeleição, começaram a se aproximar. As pesquisas apontaram Haddad liderando o primeiro turno em cima de Tarcísio, mas ele acabou em segundo. No primeiro turno, que ocorreu em 2 de outubro, Tarcísio obteve 9.881.995 (42,32%) dos votos e Haddad, 8.337.139 (35,70%).
Haddad se manteve atrás de Tarcísio nas intenções de voto durante todo o segundo turno. Na reta final, entretanto, o Ipec passou a indicar empate técnico entre os dois. Na apuração, Tarcísio ampliou a margem e ficou quase sempre dez pontos percentuais à frente do petista.
Logo após a definição da derrota, Haddad publicou em sua conta do Instagram um agradecimento: "Obrigado, São Paulo".
4 de 10 Postagem de Fernando Haddad após a definição da eleição para governador em SP, que deu vitória a Tarcísio de Freitas — Foto: Reprodução/redes sociaisPostagem de Fernando Haddad após a definição da eleição para governador em SP, que deu vitória a Tarcísio de Freitas — Foto: Reprodução/redes sociais
5 de 10 Tarcísio de Freitas, candidato ao governo de SP pelo Republicanos — Foto: Fábio Tito/g1
Tarcísio de Freitas, candidato ao governo de SP pelo Republicanos — Foto: Fábio Tito/g1
Durante a campanha, o governador eleito afirmou que deve haver "liberdade de escolha dos pais" em relação à vacinação de crianças. Em entrevista ao 💥️SP2, Tarcísio disse que não vai adotar medidas de retaliação contra pais que não vacinarem crianças. Questionado pelo 💥️g1 se as escolas vão deixar de notificar os conselhos tutelares, ele não respondeu.
O ex-ministro da Infraestrutura afirmou ainda que a ideia de privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para acelerar a universalização do saneamento básico "é um caminho possível, mas não o único". Segundo ele, o controle do estado sobre a companhia não afeta o valor da tarifa repassada ao consumidor.
Sobre educação, Tarcísio disse que pretende manter o repasse orçamentário para as universidades públicas de São Paulo no mesmo patamar de antes da limitação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), adotada pelo governo do seu padrinho político Jair Bolsonaro (PL), sobre itens como diesel, gasolina, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo.
6 de 10 O candidato ao governo de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante carreata em Osasco, na Grande SP — Foto: Rodrigo Rodrigues/g1O candidato ao governo de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante carreata em Osasco, na Grande SP — Foto: Rodrigo Rodrigues/g1
O ICMS é um imposto estadual, compõe o preço da maioria dos produtos vendidos no país e é responsável pela maior parte dos tributos arrecadados pelas unidades federativas.
Uma proposta encampada por Tarcísio no primeiro turno, de retirar câmeras dos uniformes dos policiais militares do estado, foi alterada no decorrer da campanha. Em outubro, ele afirmou que vai “chamar as forças de segurança para avaliar, do ponto de vista técnico, a efetividade ou não” do uso do equipamento. Também na área da segurança, o governador eleito afirmou que irá liderar uma discussão nacional em torno da redução da maioria penal, do fim das audiências de custódia e da saída temporária de presos.
Tarcísio também foi muito criticado ao longo da campanha pelos seus adversários por ser natural do Rio de Janeiro e ter morado pouco tempo no estado.
7 de 10 Tarcísio durante agenda em Paraisópolis — Foto: ReproduçãoTarcísio durante agenda em Paraisópolis — Foto: Reprodução
8 de 10 Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante debate para governador de SP na TV Globo. — Foto: Fábio Tito/g1
Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante debate para governador de SP na TV Globo. — Foto: Fábio Tito/g1
No primeiro turno, um advogado, empresários e bilionários do agronegócio foram os maiores doadores da campanha do candidato do Republicanos e a campanha de Lula, uma vaquinha virtual e o tesoureiro do PT os de Haddad. A maior parte dos recursos, no entanto, veio dos próprios partidos.
No segundo turno, Haddad subiu o tom contra seu adversário, e a disputa foi acirrada na reta final, após a divulgação de um áudio em que um integrante da campanha da Tarcísio pede para um cinegrafista da Jovem Pan apagar um registro em vídeo feito do tiroteio que interrompeu a agenda do candidato e deixou um morto em Paraisópolis.
Durante a campanha para o segundo turno, os dois candidatos tiveram decisões favoráveis no TRE em ações como uso de live em propaganda e publicações sobre tiroteio em Paraisópolis.
Tarcísio chegou a cancelar a participação em um debate e uma sabatina. O primeiro, organizado pelo pool formado por Estadão, Rádio Eldorado, SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil e o segundo, uma edição especial do Roda Viva, da TV Cultura.
A eleição estadual foi pautada pela disputa presidencial, que influenciou os debates e as entrevistas entre os postulantes ao Palácio dos Bandeirantes. A campanha paulista também foi marcada pela polarização.
Fernando Haddad fez campanha ao lado do ex-presidente Lula e usou seus feitos como ministro da Educação do governo petista como argumento.
Já Tarcísio de Freitas se apoiou em seu padrinho político e defendeu o governo de Jair Bolsonaro, do qual fez parte.
No debate da Rede Globo, o último antes da votação, os dois nacionalizaram a discussão e temas como salário mínimo, Auxílio Brasil e até a falta de oxigênio em Manaus, no período mais agudo e grave da pandemia de coronavírus no país, entraram na pauta.
Em entrevista ao 💥️g1, Tarcísio afirmou que o marco de seu governo será a “eficiência”. "Vai ser do aproveitamento de oportunidades para que a gente possa gerar muitos empregos. Quero promover uma transformação social por meio do empreendedorismo, por meio do emprego, e aí resgatar muitos jovens."
"Eu quero usar a capacidade criativa do povo paulista para reindustrializar o estado de São Paulo e para reduzir as colossais desigualdades do nosso estado. Eu acho que se a gente tiver como eixo reindustrializar o estado, desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, buscar a justiça social, nós vamos ter um estado cada vez melhor."
9 de 10 Jair Bolsonaro(PL) candidato à reeleição para a Presidência da República, Tarcísio de Freitas (REPUBLICANOS), candidato ao governo de São Paulo durante ato de campanha motociata em São Paulo, neste sábado (01). — Foto: WILLIAN MOREIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Jair Bolsonaro(PL) candidato à reeleição para a Presidência da República, Tarcísio de Freitas (REPUBLICANOS), candidato ao governo de São Paulo durante ato de campanha motociata em São Paulo, neste sábado (01). — Foto: WILLIAN MOREIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Tarcísio de Freitas nasceu no Rio de Janeiro, tem 47 anos, é casado com Cristiane e tem dois filhos. Em 1996, se formou em ciências militares pela Academia Militar de Agulhas Negras (Aman) e passou a atuar como oficial do Exército. Em 2002, concluiu a graduação em engenharia civil e tornou-se engenheiro do Exército. Deixou a carreira militar em 2008, com a patente de capitão, e entrou para o funcionalismo público federal.
Tarcísio foi diretor-executivo e diretor-geral do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), além de ter atuado como secretário da Coordenação da Secretaria Especial do Programa de Parceria de Investimentos, durante os governos de Dilma Rousseff e Michel Temer.
Em dezembro de 2018, foi nomeado ministro da Infraestrutura pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), onde ficou até este ano. Em março de 2022, se filiou ao Republicanos, partido do Centrão que integra a base do governo do presidente no Congresso.
Está em sua primeira eleição. Declarou possuir bens no valor de R$ 2,3 milhões. Sua coligação é a São Paulo Pode Mais, formada pelos partidos Republicanos, PL, PSD, PTB, PSC e PMN. Seu vice é o ex-prefeito de São José dos Campos Felício Ramuth (PSD).
10 de 10 Tarcísio de Freitas (Republicanos) vota em São José dos Campos, no interior de SP — Foto: Reprodução/TV GloboTarcísio de Freitas (Republicanos) vota em São José dos Campos, no interior de SP — Foto: Reprodução/TV Globo
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