Caso Marina Harkot: 'A falta dela é todo dia', diz mãe, que espera há 2 anos julgamento de motorista que bebeu,

Paulo Garreta Harkot e Maria Claudia Kohler, pais de Marina Harkot, visitam local onde filha foi atropelada e morta por motorista embriagado que fugiu em 8 de novembro de 2023 — Foto: Denis Ferreira Netto/@denisfotos/Divulgação 1 de 2 Paulo Garreta Harkot e Maria Claudia Kohler, pais de Marina Harkot, visitam local onde filha foi atropelada e morta por motorista embriagado que fugiu em 8 de novembro de 2023 — Foto: Denis Ferreira Netto/@denisfotos/Divulgação

Paulo Garreta Harkot e Maria Claudia Kohler, pais de Marina Harkot, visitam local onde filha foi atropelada e morta por motorista embriagado que fugiu em 8 de novembro de 2023 — Foto: Denis Ferreira Netto/@denisfotos/Divulgação

"A falta dela é todo dia", disse a mãe de Marina Harkot, que há dois anos espera pelo julgamento do motorista do carro que bebeu, dirigiu em alta velocidade, atropelou, fugiu e matou a ciclista na Zona Oeste de São Paulo. A filha da bióloga 💥️Maria Claudia Kohler tinha 28 anos e voltava para casa de bicicleta quando foi atingida pelo empresário 💥️José Maria da Costa Júnior em 8 de novembro de 2023.

O caso foi filmado por câmeras de segurança💥e repercutiu na imprensa e nas redes sociais, dando origem a protestos de quem usa a bicicleta como meio de transporte.

José Maria tem 34 anos atualmente e é réu no processo pelo qual responde em liberdade ao crime de homicídio por dolo eventual, aquele no qual se assume o risco de matar. Ele também é acusado de dirigir sob efeito de álcool e fugir do local sem prestar socorro à vítima.

Apesar de a Justiça já ter determinado que o atropelador vá a júri popular pelos crimes, ainda não foi marcada uma data para o julgamento até a última atualização desta reportagem.

Questionados pelo 💥️g1, o 💥️Tribunal de Justiça (TJ) e o 💥️Ministério Público (MP) responderam que há um recurso da defesa de José Maria na segunda instância contra a decisão que o levou a júri. Seus advogados contestam a acusação de que o motorista assumiu o risco de matar e pedem a reclassificação do crime para homicídio culposo, sem intenção de matar.

Somente após os desembargadores do TJ julgarem esse pedido, e dependendo do resultado dele, é que a juíza 💥️Marcela Raia de Sant’Anna, da primeira instância da 5ª Vara do Júri, poderá marcar o dia para o empresário ser julgado no 💥️Fórum Criminal da Barra Funda.

Não há previsão, no entanto, de quando esse recurso será avaliado pelo Tribunal de Justiça💥.

"Os processos demoram muito. É muito desgastante não finalizar essa etapa e ainda ter o responsável pelo crime em liberdade. Não dá para entender... essa normalização da violência é muito desgastante para todos que perdem pessoas queridas no trânsito. Isso tem que mudar urgentemente", falou Claudia ao 💥️g1.

Aos 58 anos, ela e o marido, o oceanógrafo 💥️Paulo Garreta Harkot, de 62 anos, pai de Marina, decidiram tornar os desejos de sua filha seus sonhos também. O marido da ciclista, o jornalista 💥️Felipe Burato, de 40 anos, também participa do projeto 💥️Pedale como Marina.

Além de buscarem justiça e pedirem a condenação do atropelador que matou a ciclista, eles têm participado de atos, palestras e buscado conscientizar as pessoas da necessidade de educação e regras para a convivência pacífica entre bicicletas e veículos motorizados no trânsito.

Marina Harkot usava a bicicleta como meio de transporte — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal 2 de 2 Marina Harkot usava a bicicleta como meio de transporte — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Marina Harkot usava a bicicleta como meio de transporte — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

"A gente segue buscando um sentido e no apoio e amor dos amigos. E esse absurdo de matar pessoas continua", lamentou a mãe de Marina, que nesta segunda-feira (7) foi à Universidade de São Paulo (USP) participar de um debate sobre a relação entre ciclistas e motoristas.

"Tem essa coisa da impunidade que passa pelo cara [atropelador] estar solto e não ter sofrido nenhuma sanção a não ser perder o direito de dirigir, que também a gente não sabe se isso está se cumprindo, afinal, não tem nenhum tipo de fiscalização sobre isso", disse Felipe ao 💥️g1. "Acho que os dois anos não têm muita coisa para marcar a não ser essa sensação de impunidade."

Motorista José Maria fugiu após atropelar e matar a ciclista Marina Harkot em São Paulo — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal 3 de 2 Motorista José Maria fugiu após atropelar e matar a ciclista Marina Harkot em São Paulo — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Motorista José Maria fugiu após atropelar e matar a ciclista Marina Harkot em São Paulo — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Marina foi atropelada em 8 de novembro de 2023 em Pinheiros, na Zona Oeste. A vítima tinha 28 anos e era socióloga, cicloativista e pesquisadora sobre mobilidade urbana. A repercussão de sua morte gerou comoção nas redes sociais e protestos de ciclistas nas ruas.

Desde então, a advogada 💥️Priscila Pamela Santos, que defende os interesses dos parentes de Marina, espera a Justiça marcar uma data para o julgamento de José Maria.

O promotor do caso não foi encontrado pela reportagem para comentar o assunto. Já a defesa de José Maria voltou a afirmar que luta na Justiça para que o crime seja reclassificado.

Se o júri de José Maria for mantido pelo TJ, a Justiça marcará uma data para o julgamento dele. Quando isso ocorrer, sete jurados decidirão se o motorista deve ser condenado ou absolvido. Em caso de condenação, a Justiça pode aplicar pena de até 30 anos de prisão.

Claudia e Paulo Harkot, pais de Marina, homenageiam em 2023 a filha [foto atrás deles] no local onde ela foi atropelada e morta em São Paulo — Foto: Kleber Tomaz/g1 4 de 2 Claudia e Paulo Harkot, pais de Marina, homenageiam em 2023 a filha [foto atrás deles] no local onde ela foi atropelada e morta em São Paulo — Foto: Kleber Tomaz/g1

Claudia e Paulo Harkot, pais de Marina, homenageiam em 2023 a filha [foto atrás deles] no local onde ela foi atropelada e morta em São Paulo — Foto: Kleber Tomaz/g1

Os amigos do motorista que estavam de carona no carro do empresário quando Marina foi atingida pelo veículo serão ouvidos como testemunhas no julgamento.

A estudante 💥️Isabela Serafim e o auxiliar de escrevente de cartório 💥️Guilherme Dias da Mota, de 22 anos, respondiam a outro processo: por omissão. Eles não prestaram socorro à vítima quando ela foi atropelada. Os dois respondiam ao crime em liberdade.

Mas como Isabela e Guilherme aceitaram a proposta de transação penal feita em março deste ano pelo Ministério Público, eles não serão mais responsabilizados criminalmente. Para isso aceitaram pagar, cada um, pouco mais de R$ 6 mil ao 💥️Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (Fumcad). Desse modo o processo contra eles seria arquivado.

Este processo foi conduzido pela 💥️Vara do Juizado Especial Criminal, também no Fórum da Barra Funda, onde um magistrado julga diretamente crimes de menor potencial ofensivo. Se houvesse condenação, a pena para o crime de omissão não ultrapassaria dois anos de prisão.

Felipe Burato e Marina Harkot com suas bicicletas estacionadas no Minhocão, em São Paulo — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal 5 de 2 Felipe Burato e Marina Harkot com suas bicicletas estacionadas no Minhocão, em São Paulo — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Felipe Burato e Marina Harkot com suas bicicletas estacionadas no Minhocão, em São Paulo — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Foi por esse motivo, a pena branda, que o MP sugeriu o acordo. A transação penal não é um reconhecimento de culpa, mas também não significa que eles são absolvidos. Em outras palavras, o processo contra eles é interrompido durante o cumprimento da transação até seu arquivamento.

O💥️ g1 não conseguiu localizar as defesas de Isabela e Guilherme para comentarem o assunto até a última atualização desta reportagem.

Quando falaram no 💥️14º Distrito Policial (DP), em Pinheiros, Isabela e Guilherme disseram que José Maria havia tomado bebida alcoólica no bar e depois dirigiu. Os dois, no entanto, alegaram que não viram o atropelamento.

A investigação da 💥️Polícia Civil também concluiu que José Maria tomou bebida alcoólica momentos antes de dirigir e atropelar Marina. Vídeos de um bar registram que ele estava bebendo 💥. A comanda do estabelecimento informa que o motorista tomou uísque.

No detalhe: José Maria aparece em bar na Zona Oeste de São Paulo momentos antes de atropelar e matar Marina Harkot — Foto: Reprodução/Câmera de segurança 6 de 2 No detalhe: José Maria aparece em bar na Zona Oeste de São Paulo momentos antes de atropelar e matar Marina Harkot — Foto: Reprodução/Câmera de segurança

No detalhe: José Maria aparece em bar na Zona Oeste de São Paulo momentos antes de atropelar e matar Marina Harkot — Foto: Reprodução/Câmera de segurança

De acordo com o Ministério Público, o réu ingeriu bebida alcoólica e dirigiu seu Hyundai Tucson em alta velocidade quando atingiu a ciclista. Dentro do veículo, levava os amigos Isabela e Guilherme. Marina foi atingida pelas costas quando voltava de bicicleta sozinha para casa pela 💥️Avenida Paulo VI, em Pinheiros. Segundo a família, ela morreu no local.

Outro vídeo registrou que, após atingir a vítima, o carro do empresário passou a 93 km/h numa via onde a velocidade máxima permitida é de 50 km/h 💥.

Além de fugir sem prestar socorro à ciclista, o empresário tentou limpar o Hyundai para não deixar provas do atropelamento. Vídeo de um estacionamento mostra José Maria guardando o automóvel, com o para-brisa trincado. O veículo foi encontrado um dia depois pela polícia perto do prédio onde ele morava, no Centro da cidade 💥.

Mais filmagens de um prédio mostram o motorista conversando com um casal de amigos que o acompanhava dentro do carro no momento em que atropelou a socióloga. Em uma das imagens, ele é visto rindo no elevador💥.

O atropelador se apresentou na delegacia dois dias depois. Ele ficou em silêncio no DP, mas em entrevista ao "Fantástico" alegou que não viu a ciclista e fugiu porque achou se tratar de um assalto.

O motorista teve a 💥️Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa por determinação da Justiça. Ele ainda está impedido de frequentar bares ou outros estabelecimentos que vendam bebida alcóolica. Apesar disso, o Poder Judiciário devolveu a ele a Hyundai que atropelou Marina.

Motorista José Maria da Costa Júnior fugiu após atropelar e matar a ciclista Marina Harkot com seu Hyundiai Tucson em São Paulo; no detalhe, o vidro estilhaçado pelo impacto — Foto: Reprodução/Câmera de segurança/TV Globo e Arquivo pessoal 7 de 2 Motorista José Maria da Costa Júnior fugiu após atropelar e matar a ciclista Marina Harkot com seu Hyundiai Tucson em São Paulo; no detalhe, o vidro estilhaçado pelo impacto — Foto: Reprodução/Câmera de segurança/TV Globo e Arquivo pessoal

Motorista José Maria da Costa Júnior fugiu após atropelar e matar a ciclista Marina Harkot com seu Hyundiai Tucson em São Paulo; no detalhe, o vidro estilhaçado pelo impacto — Foto: Reprodução/Câmera de segurança/TV Globo e Arquivo pessoal

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