Relatório aponta indícios de escravidão moderna na construção dos estádios da Copa no Catar

Operários caminham até o Estádio Lusail, um dos estádios da Copa do Mundo de 2022 no Catar, em foto de 2023 — Foto: Hassan Ammar/AP 1 de 3 Operários caminham até o Estádio Lusail, um dos estádios da Copa do Mundo de 2022 no Catar, em foto de 2023 — Foto: Hassan Ammar/AP

Operários caminham até o Estádio Lusail, um dos estádios da Copa do Mundo de 2022 no Catar, em foto de 2023 — Foto: Hassan Ammar/AP

Trabalhadores estrangeiros que construíram os estádios da Copa do Mundo do Catar trabalharam sob condições severas e foram submetidos a discriminação, roubo de salários e outros abusos, são as conclusões de um relatório divulgado nesta quinta-feira (10).

O documento de 75 páginas do Equidem, um grupo com sede em Londres que tem como objetivo expor casos de injustiça humana em todo o mundo, foi divulgado dias antes do início do maior evento esportivo do mundo, quando se espera que mais de 1,2 milhão de fãs passem pelo Catar.

O Comitê Supremo para Entrega e Legado do Catar, grupo catari responsável pela Copa do Mundo, disse em nota que o relatório contém informações imprecisas e deturpadas e que, a partir de 2014, adotaram medidas para melhorar as condições dos trabalhadores.

Namrata Raju, diretora da Equidem na Índia e pesquisadora principal do relatório, disse que os fãs precisam saber como a infraestrutura para o evento foi construída.

Sob forte escrutínio internacional, o Catar promulgou várias reformas trabalhistas nos últimos anos que foram elogiadas pelo Equidem e outros grupos de direitos. No entanto, os defensores dizem que os abusos ainda são generalizados e que os trabalhadores têm pouca, ou nenhuma, chance de reparação.

Autoridades do Catar acusam os críticos de ignorar as reformas e aplicar padrões duplos à primeira nação árabe e muçulmana a sediar o torneio.

Equidem diz que entrevistou 60 trabalhadores durante um período de dois anos, que estavam diretamente envolvidos nas construções dos estádios. Todos eles falaram com o grupo sob condição de anonimato, temendo retaliação.

Os trabalhadores falaram sobre 💥️taxas ilegais de recrutamento que os deixavam profundamente endividados antes mesmo de começarem, 💥️longas horas de trabalho sob condições severas, 💥️discriminação baseada em nacionalidade, na qual o trabalho mais perigoso era reservado para africanos e sul-asiáticos, 💥️salários não pagos e 💥️violência verbal e física.

Durante uma visita organizada pelo governo do Catar em 2015, o trabalhador imigrante Kuttamon Velayi, da Índia, fala com jornalistas enquanto está sentado em sua cama em um quarto que divide com outros sete trabalhadores indianos em Doha — Foto: Maya Alleruzzo/AP 2 de 3 Durante uma visita organizada pelo governo do Catar em 2015, o trabalhador imigrante Kuttamon Velayi, da Índia, fala com jornalistas enquanto está sentado em sua cama em um quarto que divide com outros sete trabalhadores indianos em Doha — Foto: Maya Alleruzzo/AP

Durante uma visita organizada pelo governo do Catar em 2015, o trabalhador imigrante Kuttamon Velayi, da Índia, fala com jornalistas enquanto está sentado em sua cama em um quarto que divide com outros sete trabalhadores indianos em Doha — Foto: Maya Alleruzzo/AP

O Catar proíbe o trabalhador estrangeiro de formar sindicatos, fazer greves ou protestar, e os trabalhadores disseram temer retaliação, incluindo perder o emprego ou ser deportado, se eles reclamassem.

Os trabalhadores estrangeiros compõem a grande maioria da população do Catar e cerca de 95% de sua força de trabalho.

Eles construíram uma infraestrutura extensiva em velocidade vertiginosa desde que o Catar ganhou os direitos de hospedagem em 2010, incluindo os 💥️estádios, um sistema de 💥️metrô de alta velocidade, 💥️rodovias e 💥️hotéis.

Eles também servirão refeições, limparão quartos e varrerão as ruas durante o mês da Copa do Mundo.

Os trabalhadores da construção civil vêm principalmente de países pobres da Ásia e da África Subsaariana.

Eles normalmente vivem em quartos compartilhados em campos de trabalho e passam anos sem voltar para casa ou ver suas famílias.

As autoridades do Catar alegam terem tomado uma série de medidas para remediar a situação, incluindo a promulgação de um salário mínimo, limitação na escala de trabalho quando as temperaturas sobem e a criação de um fundo para compensar os trabalhadores pelo roubo de salários e outros abusos.

Por meio de um comunicado, o Comitê Supremo para Entrega e Legado do Catar (SC) disse que o relatório contém informações imprecisas e deturpadas e que, a partir de 2014, o país adotou medidas para melhorar as condições dos trabalhadores.

Eles confirmam 3 mortes relacionadas ao trabalho e 37 mortes indiretamente relacionadas.

“O SC investiga todas as mortes não relacionadas ao trabalho e fatalidades relacionadas ao trabalho, de acordo com nosso Procedimento de Investigação de Incidentes para identificar fatores contributivos e estabelecer como eles poderiam ter sido evitados. Esse processo envolve coleta e análise de provas e entrevistas com testemunhas para apurar os fatos do incidente”, diz a nota

Vista do Estádio Nacional de Lusail, uma das sedes da Copa do Mundo do Catar, no dia 5 de novembro de 2022 — Foto: Kirill Kudryavtsev/AFP 3 de 3 Vista do Estádio Nacional de Lusail, uma das sedes da Copa do Mundo do Catar, no dia 5 de novembro de 2022 — Foto: Kirill Kudryavtsev/AFP

Vista do Estádio Nacional de Lusail, uma das sedes da Copa do Mundo do Catar, no dia 5 de novembro de 2022 — Foto: Kirill Kudryavtsev/AFP

O que você está lendo é [Relatório aponta indícios de escravidão moderna na construção dos estádios da Copa no Catar].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...