Desnutrição infantil registra aumento de 150% no nordeste da Síria em menos de um ano

Crianças sírias brincam em buraco que resultou de um ataque com mísseis no bairro rebelde de Sheikh Saeed, na província de Aleppo, na Síria — Foto: AP 1 de 1 Crianças sírias brincam em buraco que resultou de um ataque com mísseis no bairro rebelde de Sheikh Saeed, na província de Aleppo, na Síria — Foto: AP

Crianças sírias brincam em buraco que resultou de um ataque com mísseis no bairro rebelde de Sheikh Saeed, na província de Aleppo, na Síria — Foto: AP

O número de crianças desnutridas no nordeste da Síria, devastada por um sangrento conflito desde 2011, aumentou 150%. O alerta foi feito nesta quinta-feira (10) pela ONG Save the Children, que lançou um apelo urgente por doações.

"Todos os dias estamos lidando com mais crianças desnutridas do que no dia anterior", disse a ONG em um comunicado. A Save The Children diz ter registrado mais de 10.000 crianças desnutridas a mais em menos de um ano, elevando o total de menores que sofrem de desnutrição para 16.895.

A guerra civil, que já dura 11 anos, fragmentou a Síria e causou o colapso de sua economia, levando 90% da população para abaixo da linha da pobreza. Segundo a ONU, cerca de 9,3 milhões de crianças sírias precisam de assistência humanitária — um recorde no país. 

A situação parece ser ainda mais precária em áreas fora do controle de Damasco, como é o caso das zonas controladas pela administração curda semi-autônoma no nordeste da Síria. O ponto de acesso Al-Yarubiyah, na fronteira com o Iraque, por onde passava a ajuda da ONU nesta região, foi fechado em 2023, sob pressão da Rússia, aliada ao regime de Bashar al-Assad. 

Isso limitou ainda mais o acesso da população à ajuda humanitária. Desde então, a entrega dessa ajuda nessas áreas requer a aprovação do regime sírio. 

“Enquanto o salário médio por família não aumentou, os preços dos alimentos subiram 800% entre 2023 e 2023 e continuam a aumentar em 2022”, explica a Save The Children. A ONG divulga o depoimento de Maha, 30 anos, mãe de cinco filhos. “Às vezes, pulamos refeições para comer algo no dia seguinte”, disse ela.

Por isso, a organização faz um apelo aos doadores, pedindo-lhes que "redobrem seus esforços para enfrentar a crise alimentar e mitigar seus efeitos devastadores sobre as crianças". Também pede que os líderes reunidos no Egito para a COP27 reconheçam que as mudanças climáticas, "como a seca no norte da Síria", afetam "crianças em todo o mundo".

De acordo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais 5,5 milhões de pessoas precisarão de assistência alimentar direta entre 2022 e 2023, metade delas no nordeste da Síria. "Pelo menos 60% da população sofre de insegurança alimentar, e a situação está piorando a cada dia", ressalta o diretor interino da Save the Children na Síria, Beat Rohr.

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