Cúpula da Apec: Kamala Harris e Xi Jinping se reúnem para estimular diálogo entre China e EUA
A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, cumprimenta o presidente da China, Xi Jinping, em Bangcoc, Tailândia, neste sábado — Foto: Casa Branca/via Reuters
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, e o presidente da China, Xi Jinping, se reuniram neste sábado (19) para dar prosseguimento às conversações entre as potências rivais, agora em tom conciliador desde o encontro entre o líder chinês e seu colega americano Joe Biden.
Harris e Xi tiveram um breve encontro durante a reunião de cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) em Bangcoc, onde a Rússia, outra nação rival de Washington, parecia isolada na ausência de uma personalidade forte para defender a invasão da Ucrânia, que "a maioria" dos membros do grupo condenou em um comunicado conjunto.
O primeiro encontro entre ambos seguiu a dinâmica iniciada por Biden e Xi, que se comprometeram a reduzir as tensões entre as duas superpotências na segunda-feira passada (14), em uma reunião de três horas em Bali, à margem da cúpula do G20, grupo integrado pelas grandes economias do planeta.
Harris reforçou a mensagem de Biden de que "devemos manter as linhas de comunicação abertas para administrar de maneira responsável a concorrência entre os países", afirmou uma fonte da Casa Branca que pediu anonimato.
Xi Jinping espera que as duas maiores economias do mundo "reduzam os mal-entendidos e os erros de julgamento" para promover "o retorno de relações saudáveis e estáveis", segundo as declarações divulgadas pela imprensa estatal chinesa.
Em Bali e depois em Bangcoc, Xi, no auge do poder depois que obteve um terceiro mandato histórico, se reuniu com vários líderes estrangeiros, um sinal percebido como uma disposição de apresentar-se como uma autoridade responsável, alguém preparado para enfrentar os desafios mundiais. Sua reunião com Biden, a primeira presencial desde a chegada ao poder do presidente democrata, foi estratégica e construtiva e teve um significado importante para orientar as relações entre Pequim e Washington que, de Taiwan à guerra na Ucrânia, avançam em terreno escorregadio.
Como sinal da distensão, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará à China no início de 2023, no que seria a primeira visita de um alto funcionário da diplomacia americana ao país desde 2018. Blinken declarou à imprensa em Bangcoc que os contatos com Pequim pretendem garantir que a concorrência entre os países "não vire um conflito", e encontrar áreas de cooperação em questões globais, como a mudança climática.
Xi Jinping, que não visita os Estados Unidos desde 2017, pode viajar ao país em 2023 para a próxima reunião de cúpula da Apec, que acontecerá em São Francisco.
Na ilha indonésia de Bali, Biden se reuniu com Xi durante três horas e pediu ajuda para conter a Coreia do Norte, país que gera receio nos Estados Unidos e na Coreia do Sul após a recente série sem precedentes de lançamentos de mísseis balísticos.
A China deve utilizar sua influência sobre o regime de Kim Jong Un, do qual é a principal aliada diplomática e econômica, para incentivar a Coreia do Norte "a não seguir na direção da provocação, que desestabiliza a região e o mundo", afirmou na sexta-feira (18) uma fonte do governo americano.
Harris teve uma reunião de emergência na véspera com os dirigentes de Japão, Coreia do Sul, Austrália, Canadá e Nova Zelândia sobre o lançamento dos mísseis norte-coreanos.
Neste sábado, um dia depois de disparar um míssil balístico intercontinental na direção do Japão, Kim Jong Un declarou que usaria a bomba atômica em caso de ataque nuclear contra seu país.
A agência estatal KCNA divulgou imagens do ditador supervisionado pessoalmente o disparo do míssil. Nas fotos, ele aparece pela primeira vez ao lado de sua filha, que não teve a identidade revelada, mas que poderia sucedê-lo no futuro, garantindo a sobrevivência do clã comunista que controla o país mais fechado do mundo há várias décadas.
A guerra na Ucrânia é outro ponto de divergência entre Washington e Pequim, que adota uma postura neutra a respeito da invasão russa, apesar dos apelos para que condene publicamente as ações de Moscou. O comunicado final da Apec recordou a divergência.
"A maioria dos membros condenou a guerra na Ucrânia e enfatizou que causa imenso sofrimento humano e exacerba as fragilidades existentes na economia global", afirma a nota.
Depois da Tailândia, Harris é aguardada na terça-feira (22) na província filipina de Palawan, perto da fronteira com o Mar da China Meridional, que tem grande parte de sua área reivindicada por Pequim. Ela será a principal autoridade do governo americano a visitar a localidade.
A reunião de cúpula da Apec encerrou uma intensa sequência diplomática na região, após o encontro da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) em Phnom Penh e a cúpula do G20 em Bali.
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