OMS teme pela vida de milhões de ucranianos privados de energia e hospitais no inverno
Um menino ucraniano tenta se proteger do frio embaixo de uma tenda na cidade de Slovyansk. Sua família fugiu de Debaltseve, em meio a combates sangrentos, e tenta chegar a Kiev — Foto: HCR/B.Kinashchuk
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta segunda-feira (21) que o próximo inverno no hemisfério norte (verão no Brasil) pode ser uma "ameaça à vida" de milhões de ucranianos, devido à série de ataques russos contra as centrais elétricas do país.
O inverno está chegando para os ucranianos, com temperaturas atingindo -10°C em algumas áreas. Os flocos de neve começam a cobrir a capital, Kiev, que tem previsão de temperaturas abaixo de zero nos próximos dias. Civis e soldados que se encontram nas frentes de combates se prepararm para um período de frio glacial até o mês de março.
Este inverno representará "uma ameaça para a vida de milhões de pessoas na Ucrânia", disse o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge. "Simplificando: este inverno será uma questão de sobrevivência", acrescentou.
Os danos à infraestrutura de energia da Ucrânia causados pelos inúmeros bombardeios russos "já estão tendo efeitos mortais no sistema hospitalar e na saúde das pessoas", disse Kluge. Segundo o dirigente, a OMS relatou mais de 700 ataques contra unidades de saúde na Ucrânia desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Ele também observou uma "clara violação" do direito humanitário internacional. "Os ataques contínuos às infraestruturas de energia e saúde significam que centenas de hospitais e centros de saúde não estão mais totalmente operacionais", disse Kluge.
"Estimamos que mais de dois ou três milhões de pessoas terão de deixar suas casas, em busca de segurança", alertou. "Terão de enfrentar desafios de saúde, incluindo infecções respiratórias como a Covid-19, pneumonia e gripe", alertou Kluge, insistindo ainda no "grave risco de difteria e sarampo para uma população insuficientemente vacinada".
Os bombardeios russos danificaram "quase metade" da rede elétrica da Ucrânia desde outubro e deixaram milhões de pessoas sem eletricidade. No fim de semana, Moscou e Kiev acusaram-se mutuamente de bombardear o complexo nuclear de Zaporíjia, o maior da Europa, que está ocupado pelo Exército russo há vários meses e se preparava para restabelecer uma parte do fornecimento de energia.
Segundo informações da repórter Gaele Joly, da rádio France Info, que pôde conversar com um funcionário da usina nuclear de Zaporíjia nesta segunda-feira (21), "os russos escondem armamentos em quantidade dentro da central". "Blindados de transporte de tropas estão estacionados dentro do complexo", disse o funcionário ucraniano.
A mesma rádio entrevistou Roberto Zangrandi, secretário-geral da E.DSO, a associação europeia que reúne os principais distribuidores de eletricidade no bloco.
A associação recebeu uma longa lista de equipamentos necessários para que a empresa ucraniana de energia continue operando: geradores de eletricidade, comutadores de rede sofisticados, transformadores, isoladores e 302 quilômetros de cabos, entre outros materiais. Esta seria uma provisão mínima, para ajudar nesta fase de emergência, que está longe da etapa de reconstrução da rede.
No futuro, os distribuidores europeus terão um papel importante a desempenhar. Há desafios logísticos imensos, relatou Zangrandi, já que os padrões elétricos na Ucrânia não são necessariamente os mesmos que os utilizados na União Europeia. Há diferenças de tensão e nem sempre é possível substituir as peças destruídas pelos intensos bombardeios russos.
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