Capitão Derrite, indicado para Segurança em SP, já afirmou que policial bom tem que ter pelo menos 3 homicídios no currículo
O deputado federal Capitão Guilherme Muraro Derrite (PL-SP). — Foto: Elaine Menke/Câmara do Deputados
💥️Guilherme Muraro Derrite, de 38 anos, 💥️deputado federal que foi confirmado pelo governador eleito 💥️Tarcísio de Freitas (Republicanos) como o novo secretário da Segurança Pública de São Paulo, a partir de 2023, já defendeu que é "vergonhoso" para um policial não ter ao menos "três ocorrências" por homicídio no currículo.
O áudio foi revelado em junho de 2015 pela.
No áudio, veiculado em uma rede social, Derrite respondia sobre a transferência do tenente 💥️Rafael Telhada das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar 💥️(Rota) para o 2º Batalhão do Choque da💥️ Polícia Militar (PM) e criticava as ações da polícia para reduzir a letalidade durante ocorrências. Ele chegou a ser detido pela 💥️Corregedoria da corporação por causa da gravação, de acordo com a reportagem. Esse caso chegou a ser arquivado depois pela 💥️Justiça militar, no entanto.
O futuro secretário chegou a ser condenado pela 💥️Justiça comum a pagar 💥️R$ 20 mil de indenização por dano moral à família de um homem morto pela PM, em 24 de fevereiro de 2023 em Osasco, na Grande São Paulo. Derrite postou que a vítima era criminosa e que iria usar "fantasia do capeta", mas na verdade era um encanador que tinha ido comprar leite e foi morto acidentalmente pela polícia 💥️(saiba mais abaixo).
Derrite é ex-policial militar com passagem pelas Rota da PM e com forte ligação com a família do presidente💥️ Jair Bolsonaro (PL). Ele participou ativamente da campanha pela reeleição do presidente e o acompanhou em diversas agendas. Ele é formado em direito e oficial da reserva da PM. Assumirá a pasta da Segurança sem ter chegado ao topo da carreira, diferente de seus últimos antecessores, como, por exemplo, o atual secretário, general 💥️João Camilo Pires de Campos.
2 de 5 Post sobre ida de Bolsonaro e Derrite a São Paulo — Foto: ReproduçãoPost sobre ida de Bolsonaro e Derrite a São Paulo — Foto: Reprodução
O deputado nasceu em Sorocaba, no interior paulista, e começou a carreira como militar no ano de 2003. Ele se tornou 1º Tenente da PM em 2010, quando assumiu o comando da Rota e ficou até 2013. Derrite também fez parte do 💥️Corpo de Bombeiros e foi eleito deputado federal pelo 💥️Partido Progressista (PP) no ano de 2018.
Em 5 de junho de 2023, Derrite postou em seu Twitter o trecho de um vídeo no qual explicava em entrevista à o motivo de sua saída forçada da Rota antes de ser realocado nos Bombeiros.
"Eu saí por que eu não brincava em serviço. Eu quando eu trabalhava na Rota eu pra rua pra trabalhar, pra defender a população. Eu fui transferido de maneira covarde do batalhão da Rota porque eu tive várias ocorrências com resultado, com troca de tiro. Infelizmente, a política à época do governo do PSDB que me tirou do serviço operacional. Eu dediquei minha vida à Polícia Militar, ao batalhão da Rota... eu enfrentei o crime organizado, enfrentei o PCC [a facção criminosa Primeiro Comando da Capital], eu não fugi do confronto. Eu me arrisquei na vida inúmeras vezes, troquei tiros inúmeras vezes com criminosos e o reconhecimento que eu tive foi a transferência. Não guardo mágoas de ninguém. Eu fui tirado das ruas por ser um bom policial e defender a população", comentou Derrite.
Derrite aparece como um dos policiais militares "declarantes" em dois processos por homicídio simples na Justiça comum em Osasco, nos anos de 2008 e 2009, e em outro de 2011, na capital paulista. No total, aparecem os nomes de sete vítimas. A reportagem não conseguiu checar o que aconteceu com o processo de 2008. O de 2009 continuava em aberto. E o de 2011 foi arquivado.
Em março de 2022, Derrite migrou para o partido de Bolsonaro, o PL e foi reeleito deputado federal.
Derrite é coautor do Projeto de Lei 2310/2022 apresentado em agosto deste ano pelo deputado 💥️Subtenente Gonzaga (PSD-MG) que prevê que a Polícia Militar tenha poder de formalizar investigações e pedir ao Judiciário mandados de busca e apreensão. O projeto passou pela 💥️Comissão de Segurança Pública de Câmara dos deputados e aguarda parecer do relator da Comissão de Constituição e Justiça 💥️(CCJ).
3 de 5 Publicação de Derrite em redes sociais. — Foto: Reprodução.
Publicação de Derrite em redes sociais. — Foto: Reprodução.
Popular nas redes sociais e com mais de 2,8 milhões de seguidores no 💥️Facebook, Derrite se tornou conhecido por defender pautas conservadoras e as mortes de suspeitos de crimes em confronto com a polícia.
Ele costuma compartilhar vídeos marcando uma página chamada 💥️'CPFSCancelados', elogiando policiais e civis que atiram em suspeitos, sobretudo, quando o caso termina em morte.
"O fato dos policiais do 16º BPM/M estarem entre os que mais “matam” criminosos só mostra a qualidade dos homens e mulheres que compõem o efetivo deste ilustre Batalhão. Quem escolhe o destino é o criminoso, bandido que atira pra matar está sujeito a tomar tiro para morrer", segundo postagem dele em 11 de dezembro de 2023.
Derrite também defende sempre a atuação da Rota e costuma escrever "uma vez rota, sempre rota", nas redes sociais.
4 de 5 Derrite havia postado que vítima de tiro acidental da PM era criminoso, mas comprovante ao lado mostra que ela tinha ido comprar leite — Foto: Reprodução
Derrite havia postado que vítima de tiro acidental da PM era criminoso, mas comprovante ao lado mostra que ela tinha ido comprar leite — Foto: Reprodução
Justamente por causa das postagens nas redes sociais é que Derrite foi condenado pela Justiça comum a pagar R$ 20 mil de indenização por dano moral à família de um homem morto pela PM em 24 de fevereiro de 2023 em Osasco.
O futuro secretário da Segurança Pública o tratou como um criminoso armado, mas ele era um encanador que tinha ido comprar leite num mercado e foi atingido na cabeça por um disparo de um policial militar que perseguia um suspeito. No mesmo dia, Derrite, que já era deputado federal à época, postou no seu Twitter que "um criminoso trocar tiros com a PM e vai curtir o Carnaval no inferno. Esse vai aproveitar o Carnaval e já vai usar a fantasia do Capeta".
O homem morto deixou a esposa e o filho criança. Ele não estava armado. Seus parentes constituíram advogados e entraram na Justiça com um pedido de indenização contra Derrite. E em março deste ano ela decidiu condenar Derrite pelo dano moral.
A defesa de Derrite alegou no processo que a publicação foi genérica e não fazia referência à vítima da bala perdida, mas a um suposto criminoso envolvido na ocorrência.
A defesa do condenado recorreu da sentença ao 💥️Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, que ainda não julgou o recurso.
5 de 5 PM de SP usa câmeras nos uniformes — Foto: Marcelo S. Camargo/Frame/Estadão Conteúdo (Arquivo) e Divulgação PM de SP
PM de SP usa câmeras nos uniformes — Foto: Marcelo S. Camargo/Frame/Estadão Conteúdo (Arquivo) e Divulgação PM de SP
Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (30), durante o anúncio dos novos secretários de Tarcísio, Derrite falou sobre a possibilidade de reavaliar o uso câmeras portáteis nos uniformes de policiais militares do estado.
"Toda tecnologia que for para beneficiar a população e dar sustentação para o trabalho policial será muito bem-vinda, mas toda política pública é suscetível a reavaliação e reanálise. Eu tenho certeza que o uso da tecnologia vai ser um diferencial no combate ao crime durante a nossa gestão", disse Derrite.
Assim como Tarcísio de Freitas, Derrite também faz críticas as câmeras portáteis, mesmo com os indicadores que mostraram redução de 46% na letalidade policial após a adoção do equipamento.
Em publicações nas redes sociais, ele alega que os policiais são monitorados e as câmeras inibem as ações.
"Os policiais que entraram no shopping arriscando suas vidas são os mesmos que têm câmeras nas fardas como forma de intimidação para que atirem cada vez menos para se defender", escreveu Derrite em uma publicação de 14 de novembro de 2023.
O deputado chegou a dizer que o governo de São Paulo era inimigo da polícia ao compartilhar uma manchete de um jornal sobre o uso de câmeras nas fardas.
6 de 5 Derrite criticando câmeras nas fardas. — Foto: Reprodução/ Rede Social.Derrite criticando câmeras nas fardas. — Foto: Reprodução/ Rede Social.
Os números da letalidade policial caíram no estado de São Paulo nos últimos quatro anos. Um levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz, divulgado em outubro deste ano, aponta que houve uma queda de 49,8% no número de vitimizações pelos agentes de segurança pública: 420 pessoas foram mortas pelas polícias paulistas no primeiro semestre de 2018, contra 221 mortes decorrentes de intervenção policial no mesmo período de 2022.
O levantamento analisou todo o estado, com os dados segmentados pela capital, Grande SP e o interior. Em todos os casos, apesar das reduções, o interior foi onde foram registradas mais ocorrências.
Em fevereiro deste ano, dados divulgados pela própria Secretaria de Segurança Pública (SSP), apontam que a letalidade policial caiu quase 40% em cinco anos no estado. Em 2017, 941 pessoas morreram em ações envolvendo policiais civis e militares em serviço e de folga. No ano passado, foram 570.
Para especialista, o uso das câmeras corporais é um dos fatores que ajudou a diminuir a letalidade no estado. Segundo a Polícia Militar, a queda na letalidade é constante por conta de medidas que vão desde o fortalecimento da disciplina até o uso de equipamentos menos letais.
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