Lula diz que Gleisi não será ministra e que só anuncia equipe após ser diplomado pelo TSE

O presidente eleito, Lula (PT), afirmou nesta sexta-feira (2) que a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) não será ministra do futuro governo e que só anunciará a equipe após ser diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo ele, "80%" dos ministérios já estão "na cabeça".

Lula deu as declarações em entrevista coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). em Brasília, onde funciona o gabinete de transição de governo. Atual presidente do PT, Gleisi acompanhou a entrevista de Lula.

"Eu tive uma discussão com a companheira Gleisi e disse para a companheira Gleisi que, primeiro, o PT é um partido muito grande, o PT é um partido muito importante e o PT é um partido majoritário na montagem da governança dentro do Congresso Nacional", afirmou Lula.

Ainda na entrevista coletiva, Lula também disse que:

Antes de se dirigir ao CCBB e conceder a entrevista coletiva, Lula recebeu aliados no hotel onde está hospedado em Brasília e se reuniu com o ex-presidente José Sarney (MDB).

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Presidente eleito Lula concede entrevista coletiva em Brasília — Foto: Reprodução 1 de 2 Presidente eleito Lula concede entrevista coletiva em Brasília — Foto: Reprodução

Presidente eleito Lula concede entrevista coletiva em Brasília — Foto: Reprodução

Ainda na entrevista, Lula informou que só anunciará os ministros após a diplomação no TSE, marcada para 12 de dezembro.

"Eu já conversei com forças políticas que não me apoiaram durante a campanha, mas que são de partidos que têm importância no Congresso Nacional, seja na Câmara dos Deputados ou no Senado. [...] Depois que eu for diplomado, reconhecido, aí vou começar a escolher meu ministério. Não precisa ninguém ficar angustiado", afirmou.

Lula também disse que a "base" dos ministérios do futuro governo será a mesma de quando ele deixou o mandato, em 2010, acrescentando o Ministério dos Povos Originários.

Durante a entrevista, Lula reafirmou ter compromisso com o crescimento econômico do país, com a retomada do emprego.

Segundo o presidente eleito, o trabalho que a equipe de transição tem feito é "minucioso".

Ao todo, a equipe de transição, coordenada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), foi dividida em 31 grupos técnicos. E os relatórios preliminares começaram a ser apresentados nesta semana.

Ainda na entrevista desta sexta-feira, Lula disse estar "convencido" que a Proposta de Emenda à Constituição conhecida como PEC da Transição será aprovada pelo Congresso Nacional, mas que aceita negociar com os parlamentares.

Entre outros pontos, a PEC prevê que as despesas com o Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) ficarão fora do teto de gastos.

O governo eleito argumenta que a medida é necessária para garantir, por exemplo, o pagamento de R$ 600 mensais uma vez que a proposta de Orçamento do governo Jair Bolsonaro garante R$ 400.

"O que me interessa é a PEC que nós mandamos. Essa PEC já foi conversada com o presidente da Câmara, com o presidente do Senado, várias lideranças. Até agora, não há sinal de que as pessoas queiram mudar a PEC. As pessoas sabem que não é o governo que precisa dessa PEC, [sabem] que o Brasil precisa dessa PEC."

Lula também criticou a atual gestão.

"Quem deveria ter colocado a quantidade de recursos no Orçamento era o atual governo. O que ele está fazendo é tirando mais dinheiro, mais dinheiro da Saúde, mais dinheiro da Educação. Ou seja, me parece que eles querem deixar esse país a zero para a gente recomeçar a governar" afirmou Lula.

"Temos coisas importantes, imprescindíveis para o povo brasileiro. Então, eu espero que o Congresso Nacional, Câmara e Senado, tenham simplesmente sensibilidade e possam votar do jeito que nós queremos. Se precisar ter um acordo, nós também sabemos negociar", completou.

A PEC prevê que o governo poderá estourar o teto de gastos em R$ 198 bilhões no ano que vem, mas economistas alertam que o montante eleva a dívida pública e gera incertezas sobre o futuro da economia e das contas públicas.

Paralelamente à proposta do governo, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou uma proposta que eleva o teto de gastos em R$ 80 bilhões no ano que vem. Tasso argumenta que o valor garante os R$ 600 do Auxílio Brasil e garante a recomposição do Orçamento da União.

Lula foi questionado sobre o nome do novo ministro da Economia. O presidente eleito vem sendo cobrado para anunciar logo o comando da pasta. Isso, segundo o mercado e economistas, daria tranquilidade sobre a política econômica do novo governo, principalmente no que diz respeito ao equilíbrio fiscal.

Lula afirmou que o novo ministro vai refletir o "sucesso" das políticas econômicas de seus primeiros mandatos na Presidência. Ele citou feitos como obtenção de superávit primário e redução da dívida pública interna.

"Ou seja, então, o meu ministro da Economia será essa cara do sucesso do meu primeiro mandato. Olha a cara e será o ministro para fazer isso. Obviamente que o ministério tem autonomia, o ministério tem um monte de coisa, mas quem ganhou as eleições fui eu. E eu, obviamente, que quero ter inserção nas decisões políticas e econômicas deste país", disse Lula.

Questionado sobre o orçamento secreto, Lula afirmou que o modelo não pode "continuar como está". Mas ele ressaltou que é a favor de emendas parlamentares, desde que transparentes e alinhadas com objetivos do governo.

"Eu sempre fui favorável que o deputado tenha emenda, mas é importante que ela não seja secreta. E é importante que a emenda seja dentro, sabe, da programação de necessidades do governo. E que essa emenda seja liberada de acordo com os interesses do governo. Não pode continuar da forma que está. Acho que todo mundo compreende isso", disse o presidente eleito.

Lula ainda comentou o encontro que deverá ter com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O presidente eleito disse que quer conversar sobre democracia e sobre a guerra na Ucrânia com o norte-americano.

"Nós vamos conversar política, a relação Brasil-Estados Unidos, o papel do Brasil na nova geopolítica mundial. Eu quero falar com ele da guerra da Ucrânia, que não há necessidade de ter guerra", afirmou Lula.

Joe Biden, presidente dos EUA — Foto: REUTERS/Jonathan Ernst 2 de 2 Joe Biden, presidente dos EUA — Foto: REUTERS/Jonathan Ernst

Joe Biden, presidente dos EUA — Foto: REUTERS/Jonathan Ernst

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