Maria Rita volta ao Rio com show de força política e repertório cravejado de pérolas do samba
Maria Rita se posiciona no palco do Circo Voador na volta do show 'Samba da Maria' à cidade do Rio de Janeiro (RJ) — Foto: Clara Almeida e Rodrigo Costa / Divulgação
Resenha de show
Título: 💥️
Artista: Maria Rita
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 2 de dezembro de 2022
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ Apresentado por Maria Rita desde 2015, o show 💥️ ganhou caráter político neste polarizado ano de 2022 em que a cantora paulistana, assim como a grande maioria dos artistas do Brasil, tomou publicamente partido da democracia – como visto na foto acima, clicada por Clara Almeida e Rodrigo Costa na volta do show à cidade do Rio de Janeiro (RJ), em apresentação agendada no Circo Voador para 2 de dezembro, 💥️Dia Nacional do Samba, mas a rigor iniciada já aos 30 minutos de sábado, 3 de dezembro.
Sob a lona mais pop do Brasil, Maria Rita seguiu roteiro cravejado de pérolas do samba, transitando pelos repertórios de estrelas do gênero como Beth Carvalho (1946 – 2023), Jorge Aragão e Jovelina Pérola Negra (1944 – 1998), mas também dando voz a músicas lançadas pela própria Maria Rita, cantora convertida publicamente ao samba em 2007 com a edição do álbum 💥️.
Decorridos 15 anos dessa conversão ainda controvertida para a parcela do público que em 2003 conheceu Maria Rita associada à MPB da mãe Elis Regina (1945 – 1982), a cantora paulistana já está consolidada como uma voz do samba, sim, senhor.
Show de empatia potencializada pelo habitual entusiasmo da plateia calorosa do Circo Voador, 💥️ corrobora a vocação da cantora para animar as rodas.
A rigor, trata-se de show de sucessos que inspirou o molde de shows como o corrente 💥️💥️, com o qual Roberta Sá vem animando plateias desde dezembro de 2023 no mesmo estilo pé-no-chão adotado por Maria Rita. Inclusive há sambas – 💥️ (Xande de Pilares, Arlindo Cruz e Mauro Júnior, 1999) e 💥️ (Guaracy Sant'anna, o Guará, 1988), entre eles – recorrentes nos roteiros dos dois shows.
Cantora de técnica apurada, Rita exibe em 💥️ a magnificência vocal que a habilita a enfrentar 💥️(Marcelo Camelo, 2003) com canto sinuoso e a fazer do samba-enredo 💥️ (João Bosco e Aldir Blanc, 1974) um brado retumbante em saudação aos guerreiros das lutas inglórias, em outra prova do caráter político que o show 💥️foi ganhando na estrada.
A propósito, a exposição da foto da vereadora carioca Marielle Franco (1979 – 2018) – assassinada há quase cinco anos em crime ainda não esclarecido – durante o canto dos versos do samba 💥️ (João Bosco e Aldir Blanc, 1979) – explicita a posição tomada por Maria Rita, uma das atrações confirmadas na cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de janeiro.
E por falar no repertório de Elis Regina, o público sempre participativo do Circo Voador puxou espontaneamente o prefixo vocal de 💥️ (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976) quando Rita homenageou a memória da mãe ao puxar o samba-enredo 💥️ (Zeca do Cavaco, Zé Carlinhos e Ronaldo FQD), com o qual a escola de samba Vai-Vai celebrou a arte da no Carnaval de 2015.
Aliás, a saudação à agremiação do Carnaval de São Paulo em 💥️ (Geraldo Filme, 1993) foi número que surtiu pouco efeito na plateia do carioquíssimo Circo Voador.
Dando voz à três das seis músicas do EP 💥️ (2022), lançado em agosto, Maria Rita seguiu no palco do Circo um roteiro similar ao apresentado na gravação do show 💥️ em 7 e 8 de outubro na cidade de São Paulo (SP). No Rio, como em qualquer cidade, 💥️ (Monarco e Alcino Correia, o Ratinho, 1986) bateu explosivo na galera.
No arremate do bis, herdado do show 💥️ (2018), a sequência com 💥️(Gonzaguinha, 1988), O homem falou (1985) – samba-enredo de Gonzaguinha (1945 – 1991) que Maria Rita teve a sagacidade de descobrir e reapresentar no álbum 💥️ (2007) e de torná-lo um standard póstumo do compositor – e 💥️(Jorge Aragão, Dida e Neoci, 1978) contribuiu para que o show 💥️ cumprisse a missão de entreter sem perder a força política, também expressada na lembrança do 💥️ (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, 1976).
Em tempos de intolerância religiosa, a veia política também pulsou no mergulho da cantora, em feitio de oração, em 💥️(Pretinho da Serrinha, Nego Álvaro e Vinicius Feyjão, 2017) e 💥️ (Gerônimo e Vevé Calazans, 1985), músicas em que Maria Rita professou a fé afro-brasileira em números valorizados pelo movimento corporal evocativo do balanço das ondas do mar.
Sim, o samba de Maria Rita é do partido da democracia e da liberdade de expressão.
2 de 2 Maria Rita segue roteiro de 30 músicas em apresentação do show 'Samba de Maria' no Circo Voador — Foto: Clara Almeida e Rodrigo Costa / DivulgaçãoMaria Rita segue roteiro de 30 músicas em apresentação do show 'Samba de Maria' no Circo Voador — Foto: Clara Almeida e Rodrigo Costa / Divulgação
♪ Eis as 30 músicas do roteiro seguido por Maria Rita na primeira das duas apresentações do show 💥️ no Circo Voador, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 2 e 3 de dezembro de 2022:
1. 💥️ (Guaracy Sant'anna, o Guará, 1988)
2. 💥️ (Xande de Pilares e Gilson Bernini, 2014)
3. 💥️ (Arlindo Cruz e Picolé, 2007)
4. 💥️ (Arlindo Cruz e Franco, 2007)
5. 💥️ (Fred Camacho, Fabrício Fontes e Cassiano Andrade, 2022)
6. 💥️(Dona Ivone Lara e Jorge Aragão, 1981)
7. 💥️ (Jorge Aragão e Cleber Augusto, 1991)
8. 💥️ (Jorge Aragão e Flávio Cardoso, 2000)
9. 💥️ (Monarco e Alcino Correia, o Ratinho, 1986)
10. 💥️ (Geraldo Filme, 1993)
11. 💥️ (Zeca do Cavaco, Zé Carlinhos e Ronaldo FQD – escola de samba Vai-Vai, Carnaval de 2015)
12. 💥️ (Gilberto Gil, 1973)
13. 💥️ (João Bosco e Aldir Blanc, 1974)
14. 💥️ (João Bosco e Aldir Blanc, 1979)
15. 💥️ (Sombrinha, Arlindo Cruz e Luiz Carlos da Vila, 1988)
16. 💥️ (Dona Fia e Marcos Antônio, 1981)
17. 💥️ (Marcelo Camelo, 2003)
18. 💥️ (Pretinho da Serrinha, Nego Álvaro e Vinicius Feyjão, 2017)
19. 💥️ (Gerônimo e Vevé Calazans, 1985)
20. 💥️ (Canto de oração) (Carica e Prateado, 1992)
21. 💥️ (Fred Camacho e Luiz Antonio Simas, 2022)
22. 💥️ (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, 1976)
23. 💥️ (Xande de Pilares e Gilson Bernini, 2022)
24. 💥️ (Arlindo Cruz, Acyr Marques e Franco, 1989)
25. 💥️ (Carlos Caetano, Gerson Gomes e Wanderley Monteiro, 1999)
26. 💥️ (Arlindo Cruz e Franco, 2007)
Bis:
27. 💥️ (Xande de Pilares, Arlindo Cruz e Mauro Júnior, 1999)
28. 💥️ (Gonzaguinha, 1988)
29.💥️ (Gonzaguinha, 1985)
30. 💥️ (Jorge Aragão, Dida e Neoci, 1978)
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