Censo 2022: faltando recensear ao menos 20% da população, IBGE admite que vai atrasar conclusão da pesquisa
Recenseador faz questionário do Censo para moradora do Quilombo Vidal Martins — Foto: Tiago Ghizoni/NSC
A operação censitária em curso no Brasil atingiu cerca de 80% da população, apontam os dados divulgados nesta terça-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diante deste percentual, o órgão já dá como certo atrasar a conclusão do Censo 2022
De acordo com o IBGE, entre 1º de agosto e 5 de dezembro, foram recenseadas 168.018.345 pessoas, em 59.192.875 domicílios no país - este é o quarto balanço parcial do levantamento.
Do total de pessoas recenseadas, 48,4% eram homens e 51,6%, mulheres; 39,54% são do Sudeste, 29,43% do Nordeste, 14,76% no Sul, 8,79% no Norte e 7,44% no Centro-Oeste.
A previsão inicial era concluir o recenseamento da população em outubro. O prazo, no entanto, foi adiado para meados de dezembro. Diante deste quarto balanço, o IBGE estima que só será possível concluir o Censo 2022 em janeiro.
É com base nas informações fornecidas pelo IBGE ao TCU sobre o tamanho da população que é feita a divisão do Fundo de Participação dos Municípios.
O IBGE atribui dois fatores para justificar o atraso na conclusão do Censo 2022 - a falta de recenseadores e a recusa de parte da população em responder aos questionários da pesquisa.
Segundo o IBGE, entre 28 de novembro e 4 de dezembro, havia 60.611 recenseadores em ação, o que corresponde a 33,1% do total de vagas disponíveis. Ou seja, apenas 1/3 do previsto pelo IBGE.
Para facilitar a contratação dos recenseadores, o IBGE conta com uma medida provisória editada pelo governo federal que desobriga o órgão de realizar concurso público.
O gerente técnico do Censo, Luciano Duarte, destacou que o apoio oferecido pela prefeitura do Rio para garantir a coleta censitária no município serve de modelo para outras cidades - disponibilizar agentes de saúde para aplicarem os questionários do Censo.
Com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde, o IBGE está capacitando Agentes Comunitário de Saúde para atuarem como recenseadores.
“A parceria está sendo fundamental nesta reta final da coleta na capital carioca”, enfatizou Duarte.
Questionado sobre a dificuldade em atrair trabalhadores para atuarem como recenseadores, Cimar Azeredo admitiu que o IBGE precisará rever, sobretudo, a remuneração. Ele atribuiu a baixa procura pelas vagas à melhoria do mercado de trabalho brasileiro.
Segundo o IBGE, o estado mais adiantado, ou seja, com maior proporção de pessoas recenseadas em relação a população estimada, é o Piauí (96,2%), seguido por Sergipe (91,2%) e Rio Grande do Norte (89,8%). Os menos adiantados são Mato Grosso (65,9%), Amapá (66,9%) e Espírito Santo (70,67%).
Considerando os 452.246 setores censitários urbanos e rurais do país, 427.689 estão sendo trabalhados (94,6% do total).
O estado mais adiantado em termos de percentual de setores trabalhados é o Piauí (99,96%), seguido por Rio Grande do Norte (99,65%) e Pernambuco (99,59%). Já os estados de Mato Grosso (84,05%), Acre (89,07%) e Roraima (90,48%) são os com menor percentual de setores trabalhados.
2 de 3 Distribuição da população recenseada entre 1º de agosto e 5 de dezembro — Foto: Reprodução/IBGEDistribuição da população recenseada entre 1º de agosto e 5 de dezembro — Foto: Reprodução/IBGE
Neste quarto balanço do censo 2022, pela primeira vez o IBGE divulgou dados preliminares sobre a coleta de informações nos chamados "aglomerados subnormais", como são chamadas as favelas. Até então, foram contabilizadas 12.337.295 pessoas vivendo nestes locais.
O IBGE define os aglomerados normais como "ocupações irregulares de terrenos para fins de habitação em áreas urbanas e que, em geral, são caracterizados por um padrão urbanístico irregular, carência de serviços públicos básicos e localização em áreas restritas à ocupação”.
Além disso, 1.489.003 indígenas e 1.208.702 quilombolas já foram recenseados.
3 de 3 Distribuição, por UF, da população recenseada em áreas indígenas e quilombolas — Foto: Reprodução/IBGEDistribuição, por UF, da população recenseada em áreas indígenas e quilombolas — Foto: Reprodução/IBGE
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