Unicamp 2023: 2ª fase tem porte de armas e racismo como opções de temas da redação, e questão aborda aporofobia

Estudantes sobem escadas para chegar às salas de aplicação das provas da segunda fase da Unicamp — Foto: Júlio César Costa/g1 1 de 3 Estudantes sobem escadas para chegar às salas de aplicação das provas da segunda fase da Unicamp — Foto: Júlio César Costa/g1

Estudantes sobem escadas para chegar às salas de aplicação das provas da segunda fase da Unicamp — Foto: Júlio César Costa/g1

Os estudantes que realizaram a primeira prova da 2ª fase da Unicamp, neste domingo (11), tiveram que escolher entre escrever uma redação sobre racismo ou porte de armas. O exame também contou com questões dissertativas de português, inglês e ciências da natureza. Um dos assuntos abordados foi a aporofobia.

💥️Acesse o PDF da prova aqui

Candidatos ouvidos pelo 💥️g1 na saída da prova comentaram que a proposta sobre racismo exigia que o estudante escrevesse um depoimento sobre se já presenciou, sofreu ou cometeu ato racista em escolas. O depoimento contemplaria um projeto de educação antirracista.

Como textos de apoio, a Unicamp reuniu dados sobre evasão escolar de pessoas pretas e brancas. Além disso, ofereceu um texto sobre educação antirracista e como o tema é pouco debatido.

O estudante Ian Santos do Nascimento, de 20 anos aprovou a abordagem adotada pela prova. "Eu gostei do tema, achei que foi uma oportunidade ótima que a Unicamp deu para falar sobre questões pessoais. E mesmo você não sendo uma pessoa preta, poderia falar se já presenciou. Essa é uma ótima discussão que precisa ser cada vez mais ressaltada".

Já na proposta das armas, a Unicamp contextualizou o aumento de mortes após a flexibilização do porte no Brasil. Os estudantes tinham de analisar os perigos do uso de armas e a eficácia da política de segurança pública.

Como apoio, a Unicamp escolheu, entre outros textos, uma tabela que comparava os locais que tinham mais mortes pelo uso das armas e que mostrava o aumento em 2023 do número de armas. Outra publicação informava que facções criminosas usam pessoas com permissão para comprar armas para aumentar o arsenal.

Candidato usa máscara durante primeira prova da 2ª fase do vestibular Unicamp 2023 — Foto: Júlio César Costa/g1 2 de 3 Candidato usa máscara durante primeira prova da 2ª fase do vestibular Unicamp 2023 — Foto: Júlio César Costa/g1

Candidato usa máscara durante primeira prova da 2ª fase do vestibular Unicamp 2023 — Foto: Júlio César Costa/g1

Os candidatos responderam seis questões de língua portuguesa e literaturas de língua portuguesa; duas questões interdisciplinares em língua inglesa; e outras duas de ciências da natureza.

Uma das perguntas abordou a aporofobia, prática que usa artifícios como espetos, pedras e cacos de vidro para evitar a presença de moradores em situação de rua. A situação é denunciada constantemente pelo Padre Júlio Lancellotti, que usa as redes sociais para expor exemplos em todo o Brasil.

A questão usa uma citação de Júlio Lancellotti, que atua na Pastoral do Povo da Rua, em São Paulo, e um anúncio contra esmolas como exemplos de aporofobia. Há, ainda, uma imagem de bancos.

"Achei muito interessante, trouxe um debate que me fez pensar. E os textos me fizeram entender melhor o tema e abordar sobre", comentou o estudante Miguel Silva Ferreira, 18 anos.

Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua, destruindo paralelepípedos a marretadas — Foto: Reprodução/Instagram 3 de 3 Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua, destruindo paralelepípedos a marretadas — Foto: Reprodução/Instagram

Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua, destruindo paralelepípedos a marretadas — Foto: Reprodução/Instagram

"Eu achei que a prova foi tranquila comparada ao Enem. Eu senti que foi mais curta, mas que algumas questões foram complicadas. Na redação, eu senti que tinha mais conteúdos para se basear e achei que foi mais fácil, pois eles te colocam em uma situação", completou o estudante.

💥️Veja, abaixo, outros temas abordados:

Foram convocados para a segunda fase 💥️12.708 candidatos. A prova deste domingo começou às 13, com duração de cinco horas.

A universidade oferece 💥️2.540 vagas em 💥️69 cursos.💥Nesta etapa, as avaliações ocorrem em 17 cidades de São Paulo (14 a menos do que na 1ª fase), além de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Fortaleza (CE) e Salvador (BA).

Em Campinas (SP), onde fica a reitoria da universidade, as provas ocorrem no campus I da PUC-Campinas e no campus II da Unip.

A Unicamp tem pela primeira vez, nesta 2ª fase, provas coloridas com objetivo de deixá-las mais didáticas para os participantes. Veja, abaixo, como as provas foram organizadas.

💥️Domingo: mesma prova para todos

💥️Segunda: provas comuns a todos os candidatos

💥️Segunda: provas de conhecimentos específicos

💥️LEIA MAIS

A Unicamp, na prova de 1ª fase, abordou temas como transfeminismo, a presença do cristianismo em comunidades periféricas e o uso de selfies e linguagens da internet como recursos de comunicação. Confira aqui a lista de assuntos e a repercussão com estudantes.

Além disso, o exame percorreu assuntos como resistência à ditadura no Brasil, pandemia, saúde mental - uso de manicômios e hospícios no país, reservas extrativistas e Amazônia, além do uso de armas e massacres registrados em países como Canadá e Estados Unidos.

O índice de abstenção foi de 8,14%, informou a comissão organizadora.

💥️Conteúdo da prova (questões)

Veja mais notícias da região no g1 Campinas.

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