Copom reforça preocupação com impacto do aumento de gastos públicos na inflação

Taxa básica de juros foi mantida em 13,75% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central — Foto: Getty Images via BBC 1 de 1 Taxa básica de juros foi mantida em 13,75% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central — Foto: Getty Images via BBC

Taxa básica de juros foi mantida em 13,75% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central — Foto: Getty Images via BBC

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou nesta terça-feira (13) que debateu de "forma extensa" na reunião da semana passada os impactos da alta de gastos sobre a inflação.

O colegiado acrescentou que, em momentos de melhora do mercado de trabalho, a influência de estímulos fiscais significativos sobre a trajetória de inflação tende a se sobrepor aos resultados almejados sobre a atividade econômica.

Isso quer dizer que uma forte alta de gastos neste momento de baixa ociosidade na economia pode pressionar mais os preços do que estimular a atividade econômica.

As avaliações constam na ata da última reunião do Copom, quando o colegiado manteve a taxa básica de juros estável – em 13,75% ao ano.

O recado do BC é divulgado em um momento no qual o Congresso Nacional debate aumento de despesas para manter o benefício do Bolsa Família em R$ 600 no ano que vem, além de recompor despesas em saúde, educação e outras áreas afetadas nos últimos anos.

A elevação de R$ 168 bilhões em gastos por dois anos, discutida na chamada PEC da Transição, já foi aprovada pelo Senado Federal. O texto ainda será avaliado pela Câmara dos Deputados.

"Nos diferentes exercícios analisados, avaliou-se que o efeito final, seja sobre a inflação ou sobre a atividade, dependerá tanto da combinação quanto da magnitude das políticas fiscal e parafiscal", avaliou o Copom.

O colegiado acrescentou que ainda há "muita incerteza" sobre o futuro cenário fiscal (com projeção de alta de despesas a ser autorizada) e que o "momento requer serenidade na avaliação de riscos".

Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir a Selic.

Em 2022, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação dos próximos anos, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem efeito na economia.

Para o ano que vem, o Banco Central estimou que a inflação será de 5%. Se confirmado, será o terceiro ano seguido de estouro da meta. Em 2022, o BC já admitiu que o objetivo não deve ser alcançado.

No fim do mês passado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o mercado financeiro inverteu a previsão nas últimas três semanas e passou a prever alta na taxa básica de juros da economia brasileira nos próximos seis meses.

A mudança na expectativa do mercado financeiro aconteceu após a divulgação da PEC da Transição.

Economistas temem impacto impacto na dívida pública e na inflação. O próprio Campos Neto já tinha dito anteriormente que havia um peso maior da "incerteza fiscal" (sobre as contas públicas) no cenário econômico e acrescentou que BC pode ter de reagir no futuro.

A taxa de juros é a principal ferramenta de reação da instituição.

Por meio da ata do Copom, o Banco Central também avaliou nesta terça-feira (13) que os dados de atividade no Brasil seguem indicando um ritmo de crescimento mais moderado na margem (nos últimos meses).

"A divulgação do PIB do terceiro trimestre sinaliza redução no ritmo de crescimento, em especial em alguns componentes mais cíclicos", informou. Acrescentou que, além disso, os dados do mercado de trabalho também sinalizam uma redução no ritmo de contratações.

"O conjunto de dados divulgados, incluindo a queda dos indicadores de confiança e a desaceleração observada nas concessões de crédito, junto com os efeitos defasados da política monetária, reforçam a 💥expectativa do Comitê de desaceleração do ritmo da atividade econômica, que deve se acentuar nos próximos trimestres", concluiu o BC.

A desaceleração na atividade é reflexo, entre outros fatores, do próprio ciclo de alta dos juros para conter a inflação. Na semana passada, analistas projetaram uma expansão de 3,05% para este ano e de 0,75% em 2023, contra um crescimento de 5% em 2023 (dado revisado).

O que você está lendo é [Copom reforça preocupação com impacto do aumento de gastos públicos na inflação].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...