'Todos nós temos direito a uma bênção, a celebrar o amor', diz padre afastado por participar de cerimônia com ca

O padre Ivanildo de Assis Mendes Tavares, conhecido como padre Assis, durante celebração de casamento coletivo em Franco da Rocha, na Grande SP, em 22 de outubro. — Foto: Orlando Júnior/Prefeitura de Franco da Rocha 1 de 4 O padre Ivanildo de Assis Mendes Tavares, conhecido como padre Assis, durante celebração de casamento coletivo em Franco da Rocha, na Grande SP, em 22 de outubro. — Foto: Orlando Júnior/Prefeitura de Franco da Rocha

O padre Ivanildo de Assis Mendes Tavares, conhecido como padre Assis, durante celebração de casamento coletivo em Franco da Rocha, na Grande SP, em 22 de outubro. — Foto: Orlando Júnior/Prefeitura de Franco da Rocha

O padre Ivanildo de Assis Mendes Tavares, afastado das suas funções religiosas da comunidade São José Operário da Vila Prudente, na Zona Leste de São Paulo, pelo Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, considera que a decisão foi racista e homofóbica.

O padre Assis foi afastado após ter participado de um casamento comunitário religioso onde, ao menos, três casais abençoados pelos vários religiosos presentes, de diferentes crenças, eram LGBTQ+.

A assessoria de imprensa da Arquidiocese de SP negou e informou ao 💥️g1 que "a participação em uma cerimônia de casamento civil sem as devidas autorizações e procedimentos previstos pelas normas da Igreja, das quais o padre faz parte e conhece bem, consiste em uma irregularidade canônica". 💥

Assis foi para Lisboa - em Portugal - visitar familiares, em janeiro ele vai para Cabo Verde, na África, onde nasceu, mas pretende voltar para o Brasil em março para continuar a faculdade de Direito. "Fiquei um pouco triste com a decisão porque a mão foi muito pesada, eu não recebi nenhuma advertência, nem nada, foi logo suspenso, espero poder voltar para São Paulo e voltar a exercer tranquilamente a minha função".

A Arquidiocese de SP informou que "a Igreja (e, consequentemente, os sacerdotes que a representam) tem o matrimônio como um de seus sacramentos, necessitando da devida preparação e encaminhamentos para poder ser celebrado validamente do ponto de vista religioso".

"Isso garante que os noivos tenham consciência de que estão celebrando uma união sagrada e indissolúvel, como professa a fé católica. Quando um ministro católico, munido das vestes litúrgicas próprias de uma celebração católica, confere uma 'simples bênção' a uniões civis fora da devida celebração religiosa, acaba induzindo as pessoas ali presentes a crerem ter celebrado um Matrimônio católico, além reduzir a compreensão da própria Igreja sobre o sacramento do Matrimônio, algo maior que uma mera bênção que se dá aos fiéis em outras circunstâncias", continuou.

A Congregação do Espírito Santo (Espiritanos), a qual o padre Assis pertence, também encaminhou uma nota sobre o assunto. 💥

O padre Ivanildo de Assis Mendes Tavares ativista dos direitos das pessoas negras, encarceradas e da comunidade LGBTQIA+ em São Paulo. — Foto: Reprodução/Facebook 2 de 4 O padre Ivanildo de Assis Mendes Tavares ativista dos direitos das pessoas negras, encarceradas e da comunidade LGBTQIA+ em São Paulo. — Foto: Reprodução/Facebook

O padre Ivanildo de Assis Mendes Tavares ativista dos direitos das pessoas negras, encarceradas e da comunidade LGBTQIA+ em São Paulo. — Foto: Reprodução/Facebook

O afastamento gerou um abaixo-assinado publicado pela Comunidade São José Operário nas redes sociais, onde mais de 2.500 pessoas assinaram o documento pedindo que Dom Odilo reconsidere a punição. O título da carta diz que “Entre a lei e o amor, escolhemos o amor!” e pede que a Igreja Católica reconsidere o afastamento do padre 💥️(leia aqui).

O abaixo-assinado foi escrito por lideranças de cinco comunidades carentes da região Episcopal Belém, onde o padre atua: a Favela de Vila Prudente, a Favela Jacaraípe, Favela Ilha das Cobras, Favela Haiti e Favela da Sabesp, todas na Zona Leste.

Nascido em Cabo Verde, na África, padre Assis Tavares, como é conhecido, faz desde 2013 um trabalho pastoral de ajuda aos pobres da região. Defensor e integrante de movimentos negros da Zona Leste, o religioso foi afastado pelo Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, por ter participado de um casamento religioso comunitário em outubro na cidade de Franco da Rocha, na Grande SP.

Na carta de afastamento, o Arcebispo alega que o padre participou de uma "simulação de sacramento", conduta que é proibida pelo código canônico, com isso, o padre está proibido de celebrar sacramentos e de exercer suas funções sacerdotais.

Os religiosos que participaram do casamento coletivo em Franco da Rocha, na Grande SP, em 22 de outubro. — Foto: Orlando Júnior/Prefeitura de Franco da Rocha 3 de 4 Os religiosos que participaram do casamento coletivo em Franco da Rocha, na Grande SP, em 22 de outubro. — Foto: Orlando Júnior/Prefeitura de Franco da Rocha

Os religiosos que participaram do casamento coletivo em Franco da Rocha, na Grande SP, em 22 de outubro. — Foto: Orlando Júnior/Prefeitura de Franco da Rocha

A Arquidiocese de SP disse que as comunidades da Vila Prudente continuarão sendo assistidas pastoralmente pelo setor episcopal do Belém.

Por meio de nota, a Arquidiocese de São Paulo disse que não se trata de uma punição ao padre, "mas, sim, uma medida cautelar, prevista nas normas da Igreja, quando há uma irregularidade grave, do ponto de vista religioso, que precisa ser melhor esclarecida".

Segundo a Igreja Católica, a “'retirada do uso de Ordem' ao referido Padre na Arquidiocese de São Paulo, é cautelar, podendo ser mudada, após serem esclarecidos os fatos e as suas consequências e a depender da aceitação do sacerdote de observar as normas da Igreja".

"O que causou a medida foi o possível delito canônico de 'simulação de sacramento' do Matrimônio, pois não houve o devido encaminhamento da celebração das mencionadas uniões, nem foi feito antes, como prescrevem as normas eclesiásticas, o regular 'processo matrimonial' para a verificação das condições para a realização válida e lícita dos casamentos, do ponto de vista religioso. E o sacerdote não podia celebrar casamentos, ainda que fossem 'regulares', sem a devida autorização do bispo ou do pároco local. Nem poderia celebrar validamente em conjunto com ministros de outras religiões, sem a devida 'dispensa' para tanto. Tratou-se, portanto, da participação inteiramente irregular, do ponto de vista das normas da Igreja Católica, para uma celebração de casamentos", afirmou a nota da Arquidiocese.

A Igreja Católica paulista não menciona a questão dos casais gays no casamento e afirma apenas que "o fato ocorrido não consistiu apenas em uma benção dada às pessoas individualmente, que, certamente, não pode ser negada a ninguém que a pede. O que houve, na verdade, foi uma bênção às uniões civis ali realizadas".

"As pessoas presentes desejavam se casar e não apenas receber uma bênção. A Igreja tem o Matrimônio como um dos seus sacramentos e não permite que sejam dadas “simples bênçãos” que possam levar os casais a crerem ter contraído Matrimônio católico", declarou a nota.

O padre Ivanildo de Assis Mendes Tavares durante celebração na Comunidade São José Operário, na Zona Leste de SP. — Foto: Reprodução/Facebook 4 de 4 O padre Ivanildo de Assis Mendes Tavares durante celebração na Comunidade São José Operário, na Zona Leste de SP. — Foto: Reprodução/Facebook

O padre Ivanildo de Assis Mendes Tavares durante celebração na Comunidade São José Operário, na Zona Leste de SP. — Foto: Reprodução/Facebook

Somos testemunhas do quanto o padre Assis é fiel à o Evangelho, essa fidelidade que tem como prêmio a Cruz. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus- Mt 5,10'.

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