Comissão ucraniana denuncia 'salas de tortura' para crianças na região de Kherson
Soldados ucranianos andam nas ruas de Kherson com incêndio logo atrás deles — Foto: BULENT KILIC / AFP
O comissário de Direitos Humanos do Parlamento ucraniano, Dmytro Loubinets, divulgou um relatório nesta quinta-feira (15) que revela a existência de uma prisão improvisada, onde crianças foram detidas após sofrerem maus-tratos em um dos quatro "centros de tortura" controlados pelas forças russas.
O local estaria situado na cidade de Kherson, retomada no mês passado pelo exército ucraniano. De acordo com o documento, os menores foram separados dos adultos pelos integrantes das tropas russas. A comissão ucraniana encontrou dez salas de tortura.
Em uma delas, havia uma área separada, conhecida como "cela para crianças." Segundo Dmytro Loubinets, no local havia apenas um tapete no chão. Os menores só podiam beber água a cada dois dias e raramente eram alimentados. A comissão obteve vários depoimentos que corroboram a versão final, apresentada no documento.
As crianças e adolescentes também teriam sido submetidas à tortura psicológica. Seus carrascos diziam que eles haviam sido abandonadas pelos seus pais e que eles não viriam buscá-los. A comissão obteve vários depoimentos que confirmam a versão final, apresentada no relatório.
Um deles é o de um menino de apenas 13 anos, que foi preso e torturado porque tirou fotos de restos de equipamentos militares russos destruídos.
O comissário ucraniano ainda não divulgou oficialmente os documentos que comprovam os testemunhos, mas já havia outras denúncias anteriores, amparadas por provas, da existência de "campos" para adolescentes em outras regiões, como Lugansk.
Centenas de civis foram executados nas primeiras semanas da invasão russa da Ucrânia, revelou um relatório divulgado nesta quinta-feira (15) pelo alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, No documento, ele menciona a existência de possíveis crimes de guerra.
De acordo com o relatório, pelo menos 441 civis morreram em apenas três regiões da Ucrânia, entre 24 de fevereiro, data do início da invasão, e 6 de abril de 2022. Entre eles, 341 homens, 72 mulheres, 20 meninos e oito meninas e que os crimes foram cometidos em 102 cidades nas regiões de Kiev, Chernihiv e Sumy. 88% das vítimas foram alvo de execuções sumárias.
Em 2 abril, a descoberta de valas comuns em Bucha, na periferia de Kiev, trouxe à tona abusos cometidos pelas tropas russas na Ucrânia. Mais de 400 corpos de civis foram recolhidos das ruas da cidade, que foi palco dos piores combates desde que a Ucrânia foi invadida pela Rússia. O massacre está sendo investigado pelo TPI (Tribunal Penal Internacional), competente para averiguar possíveis crimes de guerra.
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