Corpo de Nélida Piñon será velado nesta quinta na ABL
O corpo da escritora Nélida Piñon será velado nesta quinta-feira (29), no salão Petit Trianon da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio, a partir das 10h. O 💥️enterro acontece às 15h, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul — onde a ABL tem um mausoléu.
Nélida Piñon morreu aos 85 anos, no último dia 17, em Lisboa, Portugal, onde estava internada. Ela foi a primeira mulher a presidir uma academia de letras no mundo.
A escritora passou mal por causa de problemas nas vias biliares e foi operada de emergência, há cerca de 20 dias. Ela teve um pós-operatório complicado e precisou ficar na UTI, mas chegou a apresentar melhoras nos últimos dias.
A carioca Nélida Piñon era neta de imigrantes espanhóis e mantinha um vínculo de amor e gratidão com os seus antepassados. Nada marcou mais a sua infância que os dois anos em que morou com os pais e avós maternos na Galícia. Tempo que guardava como um dos mais felizes da vida, sempre cercada de livros e de imaginação.
Nélida Piñon gostava de dizer que era uma menina de duas culturas e falava que a adolescência acentuou nela o gosto pela arte, a paixão pelo balé, a ópera, a música clássica e a literatura.
Em 1972, publicou “A Casa da Paixão”, romance em que aborda temas como o desejo e o sexo. Também escreveu livros de contos e a obra autobiográfica “A República dos Sonhos”, em que narra a saga de uma família galega que vem morar no Brasil.
Assim como o colombiano Gabriel Garcia Márquez e o peruano Mario Vargas Llosa, Nélida Piñon participou do chamado boom latinoamericano, quando jovens escritores do continente tiveram seus livros publicados na Europa e no resto do mundo.
Nélida Piñon teve obras traduzidas em 💥️mais de 30 idiomas.
Ao longo da vida, Nélida Piñon sempre fez questão de se posicionar em assuntos da vida política do Brasil. Em 1976, ao lado de outros três escritores, liderou a elaboração do chamado manifesto dos intelectuais, um abaixo-assinado contra a censura durante a ditadura militar.
Junto com Nélida Piñon foram a Brasília entregar o manifesto a escritora Lygia Fagundes Telles, o historiador Helio Silva e o escritor Jefferson Ribeiro de Andrade.
Em entrevista à Miriam Leitão, ela explicou por que foi escolhida para entregar o documento à ditadura militar. “Disseram o seguinte: você é muito audaciosa, você vai saber enfrentar algum problema muito grave que surgir e ao mesmo tempo é diplomática. Fui designada como diplomática, imagina”.
Em 1989, Nélida Piñon foi eleita para uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Foi a primeira mulher a ocupar a presidência da instituição, em 1996, e comandou as celebrações no centenário da casa de Machado de Assis.
Em 2005, ganhou o renomado prêmio Príncipe de Astúrias e o prêmio Jabuti de Literatura pelo romance de ficção “Vozes do Deserto”.
Em 2023, Nélida lançou "Uma Furtiva Lágrima", num momento de enorme apreensão. Quando começou a escrever o livro, tinha acabado de receber diagnóstico de que teria poucos meses de vida. Que depois se comprovou um falso diagnóstico.
A paixão pela Espanha marcou um dos últimos grandes gestos de Nélida Piñon. Em junho deste ano, ela doou toda a sua biblioteca para o instituto Cervantes, na Zona Sul do Rio.
Sete mil livros reunidos ao longo de uma carreira de 60 anos. Obras com dedicatórias de Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e José Saramago. E também anotações feitas pela própria escritora. Tudo agora faz parte da Biblioteca Nélida Piñon.
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