Preocupação mundial aumenta com onda de covid-19 na China; testes voltarão a ser exigidos em alguns países
Equipe médica transfere um paciente com febre para um hospital, enquanto os surtos de doença por Covid-19 continuam em Xangai, na China — Foto: REUTERS/Aly Song
O governo dos Estados Unidos se uniu ao número crescente de países que adotam restrições aos viajantes procedentes da China, depois que Pequim suspendeu de maneira repentina as limitações às viagens internacionais, apesar da onda local de contágios.
Hospitais de toda a China estão sobrecarregados com a explosão de casos de coronavírus após o fim da política de "covid zero", que conseguiu controlar as infecções, mas afetou gravemente a economia e provocou muitos protestos.
O país anunciou na segunda-feira (26) o fim da exigência de quarentena para as pessoas que chegam do exterior, o que motivou que milhares de chineses planejassem viagens internacionais.
Em resposta, vários países - incluindo Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, Índia e Itália - passaram a exigir a apresentação de exames com resultado negativo de covid-19 para admitir a entrada de visitantes procedentes da China.
Taiwan vai começar a testar visitantes chineses a partir de 1º de janeiro. E o Japão vai restringir voos para alguns aeroportos selecionados a partir desta sexta (30).
O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu "medidas adequadas para proteger" a população e afirmou que o governo monitora a "evolução da situação na China". Já a Comissão Europeia deve ter uma reunião nesta quinta-feira (29) para discutir "possíveis medidas para uma abordagem coordenada" da União Europeia aos contágios no país.
O governo chinês criticou o que chamou de "exagero, difamação e manipulação política" da imprensa ocidental.
"Nos últimos três anos respondemos de maneira efetiva a cinco ondas mundiais de infecções, ganhando tempo precioso para o desenvolvimento de vacinas e remédios", afirmou nesta quinta-feira (29) o porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin.
A China ainda não permite a entrada de visitantes estrangeiros e mantém a suspensão de emissão de vistos para turistas e estudantes internacionais.
O aumento do número de casos tem preocupado cientistas e autoridades do mundo todo a respeito do surgimento de novas variantes.
Pequim divulgou informações limitadas sobre as variantes que circulam na China, de acordo com a mesma fonte. Os testes e relatórios sobre novos casos também diminuíram.
Mas, segundo o governo, o surto tem sido impulsionado por versões da variante Omicron. De acordo com o diretor de controle viral do Centro Chinês de Controle de Doenças, Xu Wenbo, mais de 130 derivados da variante foram detectados nos últimos três meses.
Ao mesmo tempo, os hospitais chineses lutam para enfrentar o aumento de contágios, que afetam, em particular, os idosos e pessoas vulneráveis.
Jornalistas da AFP observaram nesta quint, em um hospital de Xangai, o momento em que pacientes com máscaras eram retirados de várias ambulâncias. Eles ouviram um paciente discutindo com a equipe do hospital depois de esperar por quatro horas para receber medicação.
Em Tianjin, 140 quilômetros ao sudoeste de Pequim, a AFP visitou duas emergências de hospitais lotadas de pacientes com o vírus. Um médico afirmou que os profissionais de saúde foram convocados a trabalhar mesmo quando estavam infectados.
A AFP observou mais de 20 pacientes, a maioria idosos, deitados em macas em locais abertos das emergências e pelo menos um corpo em um quarto.
"A fila de espera para uma consulta com um médico é de quatro horas", disse um funcionário a um idoso que afirmou estar com covid-19. "Há 300 pessoas antes do senhor", explicou.
A Comissão Nacional de Saúde da China anunciou na semana passada o fim da publicação do balanço diário de mortes por coronavírus. Mas com o fim dos testes em larga escala e a decisão chinesa de alterar a definição de mortes por covid, os números não eram mais confiáveis para alguns analistas.
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