Família carioca que recebeu Pelé na Copa de 70 relembra histórias: 'Tocava e cantava sambas'

A embaixatriz Céu Pinheiro e Pelé, em 1970, na Cidade do México, depois da conquista da seleção. — Foto: Arquivo pessoal 1 de 4 A embaixatriz Céu Pinheiro e Pelé, em 1970, na Cidade do México, depois da conquista da seleção. — Foto: Arquivo pessoal

A embaixatriz Céu Pinheiro e Pelé, em 1970, na Cidade do México, depois da conquista da seleção. — Foto: Arquivo pessoal

Em 1970, os caminhos da família Pinheiro se cruzaram com a trajetória do maior jogador do planeta, Pelé, morto na quinta-feira (29), aos 82 anos.

O então embaixador do Brasil no México 💥️João Baptista Pinheiro – já falecido –💥️, sua esposa, a embaixatriz 💥️Céu Pinheiro, e as duas filhas, a empresária 💥️Maluh Pinheiro e a publicitária aposentada 💥️Lina Pinheiro, conviveram com os jogadores da seleção brasileira durante toda a estadia no país, até a volta ao Brasil após o tricampeonato.

Ao g1, a família lembrou histórias curiosas e momentos de Pelé, que tocava violão e ficava sempre à espera de uma boa comida brasileira.

O embaixador João Baptista Pinheiro e a embaixatriz Céu Pinheiro ao lado do capitão do tri, Carlos Alberto Torres — Foto: Arquivo pessoal 2 de 4 O embaixador João Baptista Pinheiro e a embaixatriz Céu Pinheiro ao lado do capitão do tri, Carlos Alberto Torres — Foto: Arquivo pessoal

O embaixador João Baptista Pinheiro e a embaixatriz Céu Pinheiro ao lado do capitão do tri, Carlos Alberto Torres — Foto: Arquivo pessoal

Maluh e Lina têm 72 e 73 anos. Com a família, presenciaram in loco três Olimpíadas e três Copas do Mundo.

A mãe, Dona Céu, aos 99 anos mantém o amor pela seleção desde 1970. Lúcida, assistiu à Copa de 2022 – dizendo só se importar com gols quando eram do Brasil.

Em 1970, a casa da família era a Embaixada, na Cidade do México, e ali eram frequentes os almoços brasileiros para a delegação, os papos na cozinha e a farra dos jogadores com direito até mesmo a Pelé no violão enquanto cantava.

Pelé e o embaixador João Baptista Pinheiro — Foto: Arquivo pessoal 3 de 4 Pelé e o embaixador João Baptista Pinheiro — Foto: Arquivo pessoal

Pelé e o embaixador João Baptista Pinheiro — Foto: Arquivo pessoal

Os jogadores estavam hospedados em uma cidade vizinha, Guadalajara, e um trem contava com três vagões exclusivos para fazer o transporte de ida e volta da Cidade do México. Por isso, por vezes, era possível ver carros da embaixada levando uma encomenda até Guadalajara: as empadinhas.

Antes de todo o jogo, era tradição: Dona Céu entrava no vestiário para desejar boa sorte aos jogadores. A pedido deles, sempre devia usar a mesma roupa e um colar de palha verde e amarela.

Os atletas, contam elas, tocavam o colar, cumprimentavam Céu, chamada por eles de “imperatriz”, e subiam para o jogo. A superstição os seguiu até a final contra a Itália, vencida por 4 a 1 pelo time brasileiro

Apesar do clima descontraído, um cartaz escrito pela publicitária causou polemica e estremeceu a imprensa internacional. Por pouco, o embaixador quase foi excomungado pelo cardeal da Igreja Católica – hoje motivo de boas risadas para as irmãs.

Em um altar religioso de Dona Céu, a jovem decidiu fazer uma brincadeira e colocou uma placa no local: “No dia 21 de junho de 1970, neste local aqui estará a taça Jules Rimet. Até lá, o local fica custodiado por esta peça”. Dito e feito.

Com a conquista do título, vários brasileiros entraram no campo para celebrar a vitória:

“Quando ganhamos a Copa, invadiram o campo, arrancaram a roupa do Tostão, Pelé tentava se refugiar. Todos os outros jogadores entregaram a camisa a mim. Corri para dentro do campo, para aquela volta olímpica”, conta Maluh.

Foi nessa hora que a empresária, com 18 anos, tropeçou em uma “cambuquinha dourada”: “Era nada mais, nada menos que o recheio da taça Jules Rimet”, relembra sobre algo que ela só descobriu depois daquele dia.

Por essa razão, quando os jogadores foram cumprir a promessa de colocar a taça no altar de Dona Céu, descobriram que o interior “desaparecido” da taça estava, na verdade, com Maluh. E assim ficou decidido: seria ela a responsável por levar a taça no avião de volta ao Brasil.

Durante as 10 horas de voo, os jogadores, então, faziam a festa e se revezavam para fotografar e beijar a taça que estava no colo de Maluh: “Já éramos íntimas dos jogadores. Era uma coisa muito família. Era uma alegria.”

Meses depois, Pelé retornou à Cidade do México para receber uma homenagem – a inauguração de uma estátua em Guadalajara, e foi recebido por Maluh, que continuava no país por causa da faculdade.

Ela relembra um fato inusitado: o nome do cachorro dela, um poodle cinza, que também era Pelé:

E foi nessa viagem em que Maluh viu mais uma vez o amor dos mexicanos por Pelé. Em uma das saídas da jovem ao mercado, o jogador decidiu se esconder no carro para sair da Embaixada. Ao chegar no destino, ele levantou a cabeça e foi reconhecido. Isso bastou para a euforia das pessoas:

Pelé comemora a vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970 no Estádio Azteca, na Cidade do México, após vitória sobre a Itália — Foto: AP/Arquivo 4 de 4 Pelé comemora a vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970 no Estádio Azteca, na Cidade do México, após vitória sobre a Itália — Foto: AP/Arquivo

Pelé comemora a vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970 no Estádio Azteca, na Cidade do México, após vitória sobre a Itália — Foto: AP/Arquivo

Com o passar do tempo, o carinho se manteve. Maluh contou que, por vários anos, a família de Pelé e ela trocaram cartões de Natal.

E esse carinho e as recordações sobre Pelé também foram compartilhados por Lina. Ela conta que ele era a melhor definição do “difícil é fazer fácil”, que ia para além da relação com a bola, mas na relação com todos ao seu redor.

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