Em discurso ao povo, Lula lembra tempo na prisão, diz que governará para todos e chora ao citar fome

Empossado como 39º presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lembrou neste domingo (1º) o período em que esteve na prisão, afirmou que vai governar para todos, chorou ao citar a fome no país e reafirmou compromisso com combate à desigualdade.

Compartilhe no WhatsAppCompartilhe no Telegram

Lula deu as declarações no parlatório do Palácio do Planalto, logo após ter recebido a faixa presidencial das mãos de uma criança negra, de uma pessoa com deficiência, de um indígena e de uma mulher.

No discurso, Lula:

"Quero começar fazendo uma saudação especial a cada um e a cada uma de vocês. Uma forma de lembrar e retribuir o carinho e a força que recebia todos os dias do povo brasileiro, representado pela Vigília Lula Livre, num dos momentos mais difíceis da minha. Hoje, neste que é um dos dias mais felizes da minha vida, a saudação que eu faço a vocês não poderia ser outra, tão singela e tão cheia de significado. Boa tarde, povo brasileiro."

Lula foi preso em 2018, durante as investigações da Operação Lava Jato. Em 2023, o Supremo Tribunal Federal anulou as condenações de Lula.

"Vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras e não apenas para quem votou em mim. Vou governador para todos e todas, olhando para nosso luminoso futuro em comum e não pelo retrovisor do passado de divisão e intolerância. A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra."

"Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz. A disputa eleitoral acabou. [...] Não existem dois Brasis, somos um único país, um único povo, uma grande nação. Somos todos brasileiros e brasileiras e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca, ainda que arranquem nossas flores – uma por uma, pétala por pétala. Nós sabemos que sempre é tempo de replantio e que a primavera há de chegar. E a primavera chegou.

"A volta da fome é um crime, o mais grave de todos, cometido contra o povo brasileiro. A fome é filha de desigualdade, mãe dos grandes males que atrasam o desenvolvimento do Brasil. [...] De um lado, uma pequena parcela da população tudo tem. De outro lado, uma multidão a quem tudo falta e uma classe média que vem empobrecendo ano a ano. Juntos, somos fortes."

"Quando digo 'governar', quero dizer 'cuidar'. Mais que governar, vou cuidar com muito carinho deste país e do povo brasileiro. Nesses últimos anos, o Brasil voltou a ser um dos países mais desiguais do mundo. Há muito tempo, não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando o lixo em busca de alimento para seus filhos, famílias inteiras dormindo ao relento – enfrentando o frio, a chuva e o medo –, crianças vendendo bala e pedindo esmola enquanto deveriam estar na escola vivendo plenamente a infância a quem têm direito, trabalhadores e trabalhadoras desempregados exibindo nos semáforos cartazes de papelão que nos envergonham a todos 'por favor, me ajuda'".

Lula chora ao discursar ao povo brasileiro após posse neste domingo (1º). — Foto: Adriano Machado/Reuters 1 de 1 Lula chora ao discursar ao povo brasileiro após posse neste domingo (1º). — Foto: Adriano Machado/Reuters

Lula chora ao discursar ao povo brasileiro após posse neste domingo (1º). — Foto: Adriano Machado/Reuters

"Não podemos continuar a conviver com a odiosa pressão imposta às mulheres, submetidas diariamente à violência nas ruas e dentro de suas próprias casas. É inadmissível que as mulheres continuem a receber salários inferiores dos homens quando, no exercício de uma mesma função, elas precisam conquistar cada vez mais espaço. [...] As mulheres devem ser o que elas quiserem ser, devem estar onde elas quiserem estar. Por isso, estramos trazendo de volta o Ministério das Mulheres."

"Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. E esta será a grande marca do nosso governo. Desta luta, fundamental, surgirá um país transformado, um país grande e próspero, forte e justo, um país de todos, por todos e para todos. Um país generoso e solidário que não deixará ninguém para trás. [...] Reassumo o compromisso de cuidar de todos os brasileiros e brasileiras, sobretudo aqueles que mais necessitam, e acabar outra vez com a fome neste país."

💥️VEJA MAIS:

Lula subiu a rampa do Planalto acompanhando da primeira-dama, Janja da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin, de Lu Alckmin, da cachorrinha Resistência, adotada por Lula e Janja, e por cidadãos convidados a representar a diversidade da população.

Lula prestou juramento à Constituição às 15h04 e foi declarado empossado presidente da República às 15h06, em uma cerimônia no Congresso Nacional. Às 15h11, Lula assinou o termo de posse.

Antes de chegar ao Congresso, Lula percorreu a Esplanada dos Ministérios no tradicional Rolls-Royce-presidencial, carro aberto utilizado pelos presidentes na cerimônia de posse – .

O desfile começou às 14h30, e Lula chegou ao Congresso Nacional por volta das 14h40.

Acompanhado de Janja, Alckmin e Lu Alckmin, o novo presidente da República foi recebido na rampa do Congresso pelos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) – .

Após ter sido declarado empossado no cargo, Lula assinou o termo de posse no Congresso Nacional e fez o primeiro discurso como novo presidente da República.

Entre outros pontos, Lula:

Ouça o episódio do podcast 💥️O Assunto sobre "A cara do governo Lula 3":

O que você está lendo é [Em discurso ao povo, Lula lembra tempo na prisão, diz que governará para todos e chora ao citar fome].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...