Entregador baleado em Manguinhos e que foi mantido sob custódia recebe alta: 'nunca peguei em arma'

O entregador de água que chegou a ser mantido sob custódia no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte do Rio, recebeu alta médica nesta quinta-feira (5) e foi com o padrasto e a irmã para casa, em Manguinhos. Marlon Anderson Cândido, de 23 anos, foi baleado durante uma operação da PM na comunidade na última segunda-feira (2).

A família de Marlon contestou a versão da PM, que dizia que ele era suspeito, durante os três dias em que ele esteve custodiado. Os familiares afirmam que o jovem é inocente, trabalha entregando água e estava saindo de casa quando foi atingido por um tiro na perna.

Nessa quarta-feira (4), o juiz Bruno Rodrigues Pinto determinou o relaxamento da prisão em flagrante e a expedição do alvará de soltura. Mesmo com a decisão, ele vai responder em liberdade. Com a alta médica, Marlon pôde ir para a casa com os familiares.

Foi um momento de muita emoção para ele e para a família.

Ao g1 uma testemunha contou que o tiro partiu do blindado da Polícia Militar, que estava em confronto com criminosos do CCPL de Manguinhos, e atingiu Marlon, que estava em um beco. Ainda segundo a testemunha, os policiais gritaram que ele era bandido e que não era para prestar socorro ao ferido, sob consequência de também ser atingido por disparos.

Após a saída dos agentes, o entregador foi socorrido e encaminhado ao Hospital Getúlio Vargas. Os policiais foram então ao local e, de acordo com a versão da corporação, reconheceram Marlon Anderson como um dos envolvidos no confronto.

A partir disso, foi determinada a prisão sob custódia do jovem, na própria segunda-feira (2).

Foto tirada por familiares na transferência do jovem baleado para o Hospital Getúlio Vargas — Foto: Arquivo pessoal 1 de 1 Foto tirada por familiares na transferência do jovem baleado para o Hospital Getúlio Vargas — Foto: Arquivo pessoal

Foto tirada por familiares na transferência do jovem baleado para o Hospital Getúlio Vargas — Foto: Arquivo pessoal

A família afirma que só foi informada depois do fim da cirurgia que ele foi submetido para retirar a bala. Um protesto foi feito na porta do hospital.

Na quarta (4), familiares e amigos chegaram a fechar a Rua Leopoldo Bulhões, na altura de Manguinhos, para protestar pedindo a soltura do Marlon, que estava mantido sob custódia havia dois dias.

De lá, eles protestaram na porta do presídio, em Benfica. Foi nesse local que eles foram comunicados da decisão do juiz.

“Meu sobrinho foi injustiçado, mas, graças a Deus, a justiça divina foi feita. Mais uma vez, a favela venceu. Na favela, não tem só bandido. Na favela, tem trabalhador humilde e honesto. Enquanto os governantes trabalham com milhões, o pobre é humilhado ganhando R$ 1 mil por mês para sustentar a sua família. A gente vive com as nossas posses. Não somos bandidos. Somos trabalhadores”, afirma a tia Dirce Cândido.

Em nota nesta quarta, a PM afirmou que "instaurou um procedimento apuratório interno sobre a ocorrência" e que acompanha a investigação da Polícia Civil, que está sendo feita pela 21ª DP (Bonsucesso).

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