Rio inaugura 1º centro de atendimento para imigrantes
Uma parceria da 💥️Prefeitura do Rio com a 💥️Community Organised Relief Effort, a Core (em tradução livre, uma força-tarefa de assistência) inaugurou, neste sábado (7), o primeiro Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes, ou Crai.
A nova casa funciona em um espaço cedido pela própria prefeitura, no segundo andar do 💥️Mercado Popular Leonel de Moura Brizola, prédio do município na Rua Bento Ribeiro 86, perto da Central do Brasil. Coube à Core reformar e adaptar as salas para o Crai. Durante a inauguração, vários imigrantes puderam conhecer o novo espaço.
Segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), que protege e oferece assistência às pessoas refugiadas, deslocadas e apátridas em todo o mundo, cerca de 500 pessoas chegam ao Brasil, vindo da Venezuela, todos os dias. Além disso, cerca de 💥️200 afegãos também entram no país diariamente. Esses números reforçam a necessidade de novas políticas públicas para migrantes e imigrantes no país.
1 de 3 Yelitza Lafont durante apresentação no Brasil — Foto: Arquivo pessoalYelitza Lafont durante apresentação no Brasil — Foto: Arquivo pessoal
A invisibilidade de cidadãos venezuelanos, haitianos, angolanos, congoleses, sírios e afegãos — algumas das nacionalidades que vieram para o Rio — é explicada em parte pela falta de documentos, como um CPF. E isso lhes fecha a porta para direitos trabalhistas e até mesmo para atendimento no SUS.
Durante a inauguração, o prefeito Eduardo Paes (PSD) fez uma mea-culpa e disse que só teve dimensão do problema dos imigrantes na cidade do Rio de Janeiro no ano passado, com o assassinato do congolês Moïse Kabagambe.
“Precisou acontecer o episódio trágico, de extrema violência, para que a prefeitura pudesse ter políticas públicas concretas para tratar do tema dos imigrantes. A loucura que tivemos com o episódio do Moïse, há um ano atrás, a surpresa. Você tem a impressão que a nossa cidade é acolhedora e quando a gente vê aquilo a gente se assusta com a capacidade de violência, de xenofobia e racismo (que eles vivem). Naquele momento, eu não tinha clareza para aquele problema. Tivemos que dar uma resposta improvisada para aquela situação”, disse Paes.
2 de 3 Eduardo Paes admite que não tinha conhecimento do problema dos imigrantes no Rio até a morte de Moïse — Foto: Rafael Nascimento / g1 RioEduardo Paes admite que não tinha conhecimento do problema dos imigrantes no Rio até a morte de Moïse — Foto: Rafael Nascimento / g1 Rio
“Estamos fazendo esse esforço, agora. Eu tenho certeza que esse será um espaço para acolher os imigrantes. O Rio de Janeiro sempre foi da diversidade, que recebeu bem os seus visitantes e aqueles que receberam o Rio como lar. Aqui é o melhor lugar para receber as pessoas. Temos que abrir os nossos corações para aquelas pessoas que passam por dificuldades e tem que deixar os seus países”, completou Paes.
O haitiano 💥️Wildouard Jean Baptiste, trabalhava como assistente administrativo em seu país até 2012. Após o Haiti passar por um terremoto que matou mais de 200 mil pessoas, em 2010, ele decidiu deixar a capital e se mudar para algum país da América Latina. Num primeiro momento, ele viveu no Equador. Mas, em seguida, decidiu seguir para o Brasil. Por aqui, ele relata os problemas que enfrentou.
“Nos primeiros anos foi tudo muito difícil. A língua, a discriminação das pessoas, a dificuldade para arrumar os documentos. Foram anos assim. Meus amigos passaram por esse problema também. Ter um espaço que nos ajuda, nos dê um norte, é essencial. Somos uma comunidade grande no Rio de Janeiro”, destaca Wildouard Jean Baptiste.
O coordenador do Crai é um jovem que veio de Alepo, na Síria, e mora no Rio há dez anos. Adel Bakkour, de 29 anos, é um dos líderes comunitários da população imigrante da cidade e fala português com sotaque carioca.
3 de 3 Wildouard Jean Baptiste — Foto: Rafael Nascimento / g1 RioWildouard Jean Baptiste — Foto: Rafael Nascimento / g1 Rio
“Esse espaço vai ajudar a atender melhor as demandas dos imigrantes que chegam no Rio de Janeiro. É um passo histórico e fundamental. E que venham outros espaços para podermos construir espaços acolhedores para receber todos de todas as nacionalidades. Vamos fazer um trabalho com todos que tenham interesses em desenvolver políticas públicas para os refugiados. O espaço será ocupado por pessoas refugiadas. Vamos desenvolver os trabalhos com eles”, destacou durante a inauguração.
Maria Beatriz Nogueira, chefe do escritório da Acnur - agência de refugiados da ONU - em São Paulo, disse que o município do Rio demorou para ter um espaço como esse. No entanto, esse é um passo importante.
“Essa é uma demanda histórica, não só das organizações internacionais, como a Acnur, mas como da sociedade civil carioca de ter um serviço público de referência para imigrantes e refugiados da região. A gente tem o trabalho das organizações civis há décadas, há mais de 40 anos fazendo esse apoio. Mas, a gente não tinha uma política pública, um comitê participativo e um serviço de referência. Em menos de um ano, tudo isso foi feito na cidade do Rio e esperamos que isso se aprofunde com uma convencia e um plano municipal com metas públicas. A Acnur tem apoiado a concepção desse projeto desde o início. Estamos apoiando com doações, capacitações dos funcionários da Core e de servidores municipais que vão assumir esse serviço”.
Segundo Maria Beatriz, a Caritas atendeu, só no ano passado, cerca de 3 mil pessoas e fez mais de 30 mil atendimentos de todos os tipos, como: ajuda psicossocial, na documentação, com currículos, língua portuguesa e apoio para o encaminhamento para o mercado de trabalho.
O Crai vai funcionar de segunda-feira das 9h às 18h e, no sábado, das 9h às 15h.
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