Irã anuncia três novas condenações à morte após protestos no país

Mohammad Mehdi Karami em tribunal antes de execução no Irã. — Foto: West Asia News Agency/Reuters 1 de 1 Mohammad Mehdi Karami em tribunal antes de execução no Irã. — Foto: West Asia News Agency/Reuters

Mohammad Mehdi Karami em tribunal antes de execução no Irã. — Foto: West Asia News Agency/Reuters

A Justiça iraniana anunciou nesta segunda-feira(9) três novas condenações à morte de participantes dos movimentos de contestação no país.

Os protestos começaram em 16 de setembro, após a morte da jovem Mahsa Amini na prisão. Ela foi detida sob a acusação de usar incorretamente o véu islâmico, previsto por lei.

Segundo a agência oficial da Justiça no Irã, Mizan Online, Saleh Mirhashemi, Majid Kazemi e Saeed Yaghoubi são 💥️acusados de envolvimento na morte de três policiais durante as manifestações.

Eles foram condenados à morte em primeira instância e reconhecidos culpados de "moharebeh" ("guerra contra Deus", em persa).

No mesmo processo, outras duas pessoas foram condenadas a penas de prisão pela morte de três membros das forças de segurança na província de Isfahan (centro), em 16 de novembro de 2022. Entre eles, está o jogador de futebol Amir Nasr-Azadani, de 26 anos, que joga no time local.

Todas as sentenças anunciadas esta segunda-feira podem ser objeto de recurso perante o Supremo Tribunal, acrescentou a Mizan Online. Com isso, chega a 17 o número de condenados à pena capital em relação às manifestações que levaram milhares às ruas do país, conforme contagem feita pela AFP com base em comunicados oficiais.

Quatro foram executados, e dois tiveram suas sentenças confirmadas pela Suprema Corte. Os demais aguardam julgamento ou ainda podem recorrer. As autoridades classificaram os protestos como "distúrbios", afirmando que são estimulados por países e organizações hostis ao Irã. Segundo a Anistia Internacional, o Irã é o país que mais executou condenados à morte depois da China. 

Dezenas de iranianos se reuniram neste domingo (8) em frente à embaixada francesa em Teerã para protestar contra as caricaturas do líder supremo da República Islâmica no semanário satírico Charlie Hebdo.

A revista publicou desenhos do aiatolá Ali Khamenei na quarta-feira, em apoio às manifestações no Irã provocadas pela morte sob custódia policial de Mahsa Amini, detida por supostamente não cumprir o rígido código de vestimenta do país.

O Irã alertou a França sobre desenhos "indecentes", que apareceram em uma edição especial para marcar o aniversário do ataque mortal de 2015 à sede do jornal semanal em Paris. Os manifestantes, a maioria estudantes de seminários religiosos, reuniram-se em frente à embaixada no centro da capital e atearam fogo em várias bandeiras francesa.

Outros protestos foram realizados na cidade sagrada de Qom, 128 quilômetros ao sul de Teerã, informou a emissora estatal. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Nasser Kanani, garantiu neste domingo que a liberdade de expressão não deve ser usada como pretexto para "insultar" a religião.

Na quinta-feira, o Irã anunciou o fechamento do Instituto Francês de Pesquisa, com sede em Teerã, como "um primeiro passo" em resposta às charges, depois de convocar o embaixador francês para expressar seu protesto contra a publicação.

Localizado no centro da capital, o centro já estava fechado havia anos, mas reabriu entre 2013 e 2023 sob a presidência do moderado Hassan Rouhani, como um sinal de reaproximação das relações bilaterais.

Milhares de pessoas se manifestaram em Lyon, no sudeste da França, neste domingo (8), em apoio ao movimento de contestação no Irã e em homenagem a Mohammad Moradi, iraniano que se suicidou ao pular no rio Ródano para chamar a atenção sobre a situação em seu país.

Os manifestantes desfilaram atrás de uma grande faixa na qual estava escrito "mulher, vida, liberdade", o slogan do movimento no Irã que eles gritaram ao longo do percurso.

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