IPCA fica em 0,62% em dezembro e fecha 2022 com alta de 5,79%, aponta IBGE
Alta de preços dos alimentos foi o que mais pesou no bolso dos brasileiros em 2022 — Foto: Prefeitura/Divulgação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado a inflação oficial do país, acelerou para 0,62% em dezembro, acima da alta de 0,41% em novembro. Com isso, o país fechou o ano com inflação acumulada de 5,79%, acima da meta definida pelo governo, apontam os dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Este foi o quarto ano seguido em que o país fechou o ano com alta de preços superior à meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Para 2022, a meta era de 3,5% com teto de 5%. Embora tenha estourado o teto da meta, ficou bem abaixo do registrado em 2023, quando ficou em 10,06%.
Entre janeiro e julho, a inflação acumulada em 12 meses ficou acima de 10%, sendo que em abril foi registrado o pico, com o indicador acumulado em abril, de 12,13%. Foi na passagem de junho para julho que alta de preços começou a desacelerar e, a partir de agosto, saiu da casa de dois dígitos.
Foi o grupo de transportes que freou a inflação no país em 2022. Por três meses seguidos, de julho a setembro, houve deflação pressionada pela redução no preço dos combustíveis, sobretudo da gasolina - desde 1998 o país não registrava três deflações seguidas.
Os preços da gasolina caíram de forma mais expressiva entre os meses de julho e setembro, em decorrência de uma série de reduções no preço do combustível nas refinarias e da aplicação da Lei Complementar 194, que limitou a cobrança de ICMS sobre os combustíveis pelos estados.
No índice de dezembro, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta, sendo mais intensas as dos grupos de saúde e cuidados pessoais e vestuário. Já a alta de preços dos grupos de transportes e habitação desaceleraram em relação a novembro.
Sobre o indicador acumulado no ano, porém, sete dos nove grupo de produtos e serviços pesquisados tiveram alta no ano, seis deles acima do índice geral. Transportes e comunicação foram os únicos com deflação no ano.
O grupo que teve a maior alta de preços no ano foi o de vestuário, que teve altas superiores a 1% em 10 dos 12 meses. Já o grupo Habitação fechou o ano próximo da estabilidade.
O maior impacto sobre a inflação do ano de 2022, porém, partiu do grupo de alimentação e bebidas, respondendo por 2,41 pontos percentuais (p.p.) do indicador.
A segunda maior pressão sobre o índice veio do grupo de saúde e cuidados pessoais, com 1,42 p.p. de impacto.
No oposto, a maior pressão negativa sobre o IPCA acumulado no ano foi exercida pelo grupo de Transportes, com impacto de 0,28 p.p.
💥️Veja o resultado de cada um dos nove grupos que compõem o IPCA:
A alta de preços dos alimentos foi a que mais pesou no bolso dos brasileiros em 2022. Segundo o IBGE, a alimentação no domicílio teve alta de 13,23%, superior à da alimentação fora do domicílio, que foi de 7,47%.
Na alimentação no domicílio, a maior alta de preços foi da cebola, que subiu 130,14% no ano - de acordo com o IBGE, foi a maior alta entre os 377 produtos e serviços pesquisados para composição do IPCA.
A segunda maior pressão sobre a alimentação no domicílio partiu do leite longa vida, com alta de 26,18%. Outros alimentos com aumento relevante de preços foram a batata-inglesa (51,92%), as frutas (24,00%) e o pão francês (18,03%).
“No caso da cebola, a alta está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas. Já os preços do leite subiram de forma mais intensa entre março e julho de 2022. A partir de agosto, com a proximidade do fim do período de entressafra, os preços iniciaram uma sequência de quedas", destacou o analista de preços do IBGE, André Almeida.
Na alimentação fora do domicílio, o lanche acumulou alta de 10,67%, quase o dobro da refeição, que aumentou 5,86% no ano.
Com alta de 11,43% no ano, o grupo de saúde e cuidados pessoais, que exerceu a segunda maior influência na inflação anual, registrou o maior aumento de preços desde 1996, quando encerrou o ano acumulando aumento de 13,80%.
Os planos de saúde tiveram alta de 6,90% em 12 meses e responderam por 0,25 p.p. do IPCA acumulado do ano. Também houve pressão da alta de 13,52% dos produtos farmacêuticos.
Porém, segundo o IBGE, os itens de higiene pessoal, sobretudo os perfumes e os produtos para cabelos, foram os que mais contribuíram com essa alta expressiva do grupo de saúde e cuidados pessoais - no ano, eles acumularam aumento de 22,61% e 14,97%, respectivamente.
No grupo de vestuário, que teve a maior alta no ano, os preços das roupas femininas e das roupas masculinas - respectivamente 21,35% e 20,77%. As variações das roupas infantis e dos calçados e acessórios ficaram em 14,41% e 16,83%, respectivamente, enquanto as joias e bijuterias (3,67%) tiveram a menor variação entre os itens pesquisados.
Segundo o IBGE, o preço do algodão, uma das principais matérias-primas do setor, teve alta acentuada entre abril de 2023 e maio de 2022.
“Os custos de produção subiram e houve uma retomada da demanda após a flexibilização das medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de Covid-19”, enfatizou Almeida.
O grupo de habitação encerrou o ano próximo da estabilidade por conta da queda de 19,01% da energia elétrica, o que impactou negativamente em -0,96 p.p. no IPCA geral.
Por outro lado, aluguel residencial (8,67%), da taxa de água e esgoto (9,22%) e do condomínio (6,80%) contribuíram com cerca de 0,62 p.p. na inflação do ano. Outras altas relevantes partiram dos artigos de limpeza (19,49%) e do gás de botijão (6,27%).
Em contrapartida à redução nos preços dos combustíveis, emplacamento e licença de veículos fecharam o ano com alta 22,59%. Segundo o IBGE, a alta do IPVA em 2022 deve-se sobretudo ao aumento no preço dos automóveis em 2023, já que a cobrança é baseada no valor venal dos veículos no final do ano anterior.
Os preços dos automóveis novos (8,19%) e usados (2,30%) continuaram subindo em 2022, embora em ritmo menor que o registrado em 2023 (16,16% e 15,05%, respectivamente).
Outra alta importante no grupo de Transportes foi das passagens aéreas, que subiram 23,53% e contribuíram com 0,14 p.p. no acumulado do ano.
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