Os protestos em Israel contra 'plano antidemocrático' de Netanyahu
Multidão se reuniu em Tel Aviv para protestar contra as reformas judiciais para reduzir os poderes da Suprema Corte — Foto: Reuters via BBC
Mais de 80 mil manifestantes israelenses se reuniram em Tel Aviv contra os planos do novo governo de coalizão de direita para reformar o judiciário.
As reformas tornariam mais fácil para o parlamento anular as decisões da Suprema Corte, entre outros aspectos.
Os manifestantes descreveram as mudanças propostas pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu como um ataque ao regime democrático.
Os atos vêm após a instalação do governo mais religioso e linha-dura da história de Israel.
Atos de protesto também foram realizados fora da residência do primeiro-ministro em Jerusalém e na cidade de Haifa, no norte do país, informou a mídia local.
Um grupo de manifestantes entrou em confronto com a polícia ao tentar bloquear uma estrada importante, a rodovia Ayalon, em Tel Aviv.
Os críticos ao governo dizem que as reformas prejudicariam a independência judicial, fomentariam a corrupção, prejudicariam os direitos das minorias e privariam a credibilidade do sistema judiciário de Israel.
Cartazes se referiam à nova coalizão liderada por Netanyahu como um governo vergonhoso.
2 de 2 Forças de segurança israelenses e manifestantes durante os protestos em Tel Aviv — Foto: Getty Images via BBCForças de segurança israelenses e manifestantes durante os protestos em Tel Aviv — Foto: Getty Images via BBC
Entre os opositores estão a presidente da Suprema Corte de Israel, Esther Hayat, e o procurador-geral do país.
Samantha Granville, repórter da BBC em Tel Aviv, viu manifestantes envoltos em bandeiras israelenses, carregando cartazes em hebraico e fotos de Netanyahu com um X na boca.
Havia um grupo de meninas com marcas de mão pintadas de vermelho sobre a boca, dizendo ao governo que não vão ficar quietos.
Uma mulher, que pediu para não ser identificada, disse em meio às lágrimas que sua família era sobrevivente do Holocausto.
"Meus pais imigraram de regimes não democráticos para viver em uma democracia", disse ela. "Eles vieram do regime totalitário para viver livremente. Portanto, ver isso destruído é de partir o coração."
Ela e sua amiga disseram que esperavam que Netanyahu tentasse mudanças radicais, mas nunca pensaram que aconteceriam tão rápido.
Estas são as maiores manifestações desde que o novo governo de coalizão de Netanyahu tomou posse, em dezembro.
Os partidos da oposição pediram aos israelenses que participassem dos atos para "salvar a democracia" e em protesto contra a reforma judicial planejada.
De acordo com os planos anunciados pelo ministro da Justiça Yariv Levin no início deste mês, uma maioria simples no Knesset (parlamento) teria o poder de anular efetivamente as decisões da Suprema Corte. Isso poderia permitir que o governo aprovasse a legislação sem medo de ser derrubada.
Os críticos temem que o novo governo possa usar isso para anular o julgamento criminal em andamento de Netanyahu, embora o governo não tenha dito que faria isso.
Netanyahu está sendo julgado por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança - algo que ele nega veementemente.
As reformas também dariam aos políticos mais influência sobre a nomeação de juízes, com a maioria dos membros do comitê de seleção vindo da coalizão governista.
Se for aprovado, o plano pode tornar mais fácil para o governo legislar em favor dos assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada sem se preocupar com contestações na Suprema Corte.
Israel já havia destacado o poder do tribunal para decidir contra ele, como forma de atenuar as críticas internacionais a tais movimentos.
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