Situação 'trágica e desesperadora', relata policial do Senado que enfrentou invasores golpistas
O policial que coordenou os agentes do Senado no enfrentamento aos invasores do Congresso Nacional durante ato o golpista afirmou à TV Globo nesta segunda-feira (16) que a situação foi "desesperadora, trágica e inesquecível".
As imagens do confronto, que ocorreu no dia 8 de janeiro, foram divulgadas neste domingo (15) pelo Fantástico.
O policial legislativo, que preferiu não se identificar por questões de segurança, atuou como "coordenador de linha" durante o confronto.
Nessa função, ele foi responsável por definir a ação e o posicionamento dos outros policiais, que formaram um cordão na tentativa de impedir as invasões a áreas do Senado.
"Fechem os escudos", "baixem as viseiras" são frases ditas pelo coordenador de linha no vídeo. De acordo com ele, os comandos serviram como alertas à equipe para que esta se protegesse de pedras, pedaços de pau e rojões que estavam sendo arremessados pelos terroristas.
As câmeras acopladas às fardas dos policiais mostram os golpistas forçando a porta de vidro que fica entre o Salão Verde (Câmara) e o Salão Azul (Senado).
Ele disse que os terroristas conseguiram ultrapassar a barreira de policiais legislativos após jogarem uma granada em direção aos agentes. O coordenador explica que essa granada é de uso policial, própria para ambientes externos, abertos.
Ele relata que isso surpreendeu os agentes, que se sentiram obrigados a recuar.
"Foi uma situação bem tensa. Acredito que de aproximadamente 40 minutos a uma hora a gente deu embate aos manifestantes até que certo momento uma granada foi arremessada na linha pelos manifestantes, o que tornou o ambiente insustentável para se respirar, para progredir. E a gente teve que retomar a estratégia, ceder terreno e fazer a contenção num ponto mais atrás da linha", afirmou.
O policial conta que nesse instante vomitou duas vezes, efeito da granada, e depois voltou para a linha de combate.
"Os policiais estavam aqui cumprindo seu dever, seu dever funcional, sua missão constitucional. Todos estávamos expostos naquele momento", disse.
Os invasores acessaram o Senado das seguintes formas:
O policial explica que técnicas da psicologia foram usadas para tentar dialogar e negociar com os golpistas.
Segundo ele, as ferramentas impediram a depredação do plenário e a passagem dos terroristas do Salão Negro para o Salão Azul.
Todavia, os golpistas que estavam entre o Salão Verde e o Azul não deram oportunidade para que tal estratégia fosse adotada. Por isso, o embate ocorreu.
💥️14h10 – Os manifestantes romperam violentamente a barreira da PM, formada por cerca de 15 policiais. Imediatamente, o efetivo disponível da polícia legislativa, cerca de 20 policiais, foi levado para o gramado em frente à entrada do Congresso.
💥️14h40 – O número de manifestantes foi crescendo muito rápido, a violência aumentando e a polícia decidiu recuar e fazer uma barreira no Salão Negro. Foram chegando mais policiais do Senado, inclusive policiais que estavam de férias, homens e mulheres. Mas em poucos minutos, o Salão Negro também foi tomado pelos manifestantes furiosos.
💥️15h30 – A polícia recuou e decidiu fazer uma barreira na divisa do Salão Verde com o Azul numa tentativa de proteger o Senado. Àquela altura, a polícia legislativa já contava com cerca de 50 policiais.
💥️16h – Foi o momento mais tenso do confronto com bombas sendo jogadas de ambas as partes. O ar ficou sufocante com a misturas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e a fumaça das bombas de efeito moral. A polícia resistiu por cerca de 1h, mas teve que recuar, pois o número de manifestantes foi crescendo ainda mais. A porta de vidro entre o Salão Verde e Azul foi quebrada. E a polícia recuou até a Praça das Bandeiras na parte interna do Senado. Cerca de 1.500 pessoas invadiam o local àquela altura.
💥️17h - Os manifestantes foram avançando ainda mais e a polícia decidiu fazer uma linha no Túnel do Tempo para proteger os gabinetes, já com um contingente de 58 policiais. Ali foi a última fronteira da polícia, que conseguiu segurar os manifestantes até a chegada de reforço e o início das prisões, que chegaram a 44.
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