B3 fornece dados para investigação sobre 'insider trading' na Americanas
Unidade das Lojas Americanas, em Sorocaba (SP), fechada após expediente — Foto: Eduardo Ribeiro Jr./g1
O presidente-executivo da B3, Gilson Finkelsztain, disse nesta terça-feira (17) que a empresa está fornecendo dados para ajudar a Comissão de Valores (CVM) a determinar se houve uso de informações privilegiadas com ações da Americanas.
"Estamos repassando informações para a CVM para ajudar [a detectar se houve insider trading]", disse Finkelsztain a jornalistas.
O executivo disse que as regras do Novo Mercado, segmento de listagem com regras mais rígidas de governança do qual a Americanas faz parte, não preveem exclusão de empresas envolvidas em escândalos ou fraudes.
"Esse é um assunto que pode ser discutido na próxima reforma das regras do Novo Mercado", disse o presidente da bolsa, salientando que ainda não há uma data para isso acontecer.
Antes da Americanas, outra empresa do Novo Mercado envolvida num escândalo contábil foi a resseguradora IRB Brasil Re, em 2023. A companhia ainda faz parte do segmento.
Desde que a Americanas revelou na semana passada uma "inconsistência contábil" de R$ 20 bilhões, a empresa já perdeu mais de 80% do valor de mercado na bolsa.
Finkelsztain disse que B3 pode excluir a Americanas do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), mas que vai aguardar respostas a questões formuladas pela bolsa sobre o episódio. Segundo ele, o foco do mercado agora deveria ser na adoção de medidas para evitar que casos como esses se repitam.
A Americanas já deixou de pagar juros da 17ª emissão de debêntures da companhia. A CVM já tem cinco processos abertos contra a varejista e contra a auditoria responsável pelas contas da empresa, a PwC.
Finkelsztain disse que, apesar da maré baixa do mercado de renda variável, diante do ciclo de alta de juros que fez o Brasil fechar 2022 sem uma única estreia na bolsa, há chance de retomada das ofertas iniciais de ações (IPOs) neste ano.
Ele citou entre os setores que vê com maiores chances de levar novas companhias ao pregão os de energia e de saneamento, que têm encontrado interesse de investidores, mesmo no atual cenário.
"São mais histórias de empresas com valor do que de alto crescimento", afirmou ele, prevendo que as novas listagens possam começar a partir de abril.
Com um período longo sem estreias de empresas no mercado e com volume menor no mercado à vista, a B3 tem apostado cada vez mais em novas linhas de negócios, como na oferta de soluções baseadas em dados, o que acelerou com a compra das plataformas de tecnologia Neo e Neurotech.
Em 12 meses até setembro, a operadora de infraestrutura de mercado obteve cerca de R$ 500 milhões em receitas com a venda de soluções baseadas em dados. A previsão de Finkelsztain é de que o faturamento dessa divisão deve crescer ao ritmo de dois dígitos anualmente nos próximos três a cinco anos.
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