Por que Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia, renunciou

Jacinda Ardern tornou pública sua decisão na quinta-feira (19/01) — Foto: GETTY IMAGES/via BBC 1 de 2 Jacinda Ardern tornou pública sua decisão na quinta-feira (19/01) — Foto: GETTY IMAGES/via BBC

Jacinda Ardern tornou pública sua decisão na quinta-feira (19/01) — Foto: GETTY IMAGES/via BBC

Jacinda Ardern anunciou nesta quinta-feira (19) que deixará o cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia antes das eleições deste ano. Emociada no anúncio diante da imprensa, a premiê de 42 anos afirmou que não tem mais "combustível suficiente no tanque" para liderar o país.

Ardern precisou segurar o choro no momento em que falou sobre como os seis anos "desafiadores" no cargo cobraram seu preço.

Os parlamentares do Partido Trabalhista votarão no domingo para definir o substituto de Ardern.

O anúncio surpreendeu analistas e eleitores. Mas pesquisas indicam que o Partido Trabalhista teria dificuldades caso Ardern tentasse a reeleição no pleito marcado para 14 de outubro.

"Mas, infelizmente, não consegui e eu estaria prestando um péssimo serviço à Nova Zelândia se continuasse no cargo", disse ela.

Ardern deixará o cargo até 7 de fevereiro, quando ocorre eleição interna da sua sigla. Se nenhum candidato obtiver o apoio de dois terços dos representantes do partido, haverá uma eleição junto aos filiados.

Ardern foi eleita primeira-ministra em 2017, aos 37 anos, quando se tornou a chefe de governo mais jovem do mundo.

No ano seguinte, ela se tornou a segunda líder mundial eleita a dar à luz durante o mandato, depois da paquistanesa Benazir Bhutto em 1990.

Ela governou a Nova Zelândia durante a pandemia de covid-19 e a recessão subsequente, o tiroteio na mesquita de Christchurch e a erupção de um vulcão na Ilha Branca.

"Esses eventos ... têm sido desgastantes por causa do peso, do peso absoluto e da natureza contínua deles. Nunca houve um momento em que parecia que estávamos simplesmente governando."

A primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern fala sobre as restrições do Covid-19 durante uma coletiva de imprensa em Wellington, em 23 de janeiro — Foto: Mark Mitchell/New Zealand Herald via AP 2 de 2 A primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern fala sobre as restrições do Covid-19 durante uma coletiva de imprensa em Wellington, em 23 de janeiro — Foto: Mark Mitchell/New Zealand Herald via AP

A primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern fala sobre as restrições do Covid-19 durante uma coletiva de imprensa em Wellington, em 23 de janeiro — Foto: Mark Mitchell/New Zealand Herald via AP

O líder do Partido Nacional, Chris Luxon, estava entre os que agradeceram a Ardern "por seus serviços à Nova Zelândia".

"Ela deu tudo de si neste cargo que é incrivelmente exigente", escreveu o líder da oposição no Twitter.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, descreveu Ardern como uma líder de intelecto, força e empatia.

O líder do Canadá, Justin Trudeau, disse que ela fez uma diferença "imensurável" para o mundo.

Mas enquanto no resto do mundo Ardern era vista como uma estrela política, as pesquisas entre eleitores neozelandeses sugerem que ela estava se tornando cada vez mais impopular.

Ela liderou o Partido Trabalhista em uma vitória esmagadora nas eleições de 2023, aproveitando da imagem positiva que seu governo teve pela forte reação à pandemia.

Mas as últimas pesquisas de opinião indicam que sua popularidade está no pior nível desde que foi eleita.

No ano passado, Ardern disse à BBC que sua popularidade em declínio foi o preço que seu governo pagou para manter as pessoas protegidas da covid-19.

Ela também enfrentou uma crise inflacionária, o aumento da criminalidade e a insatisfação com o acúmulo de promessas eleitorais que foram adiadas durante a pandemia.

A reação ao anúncio de Ardern na quinta-feira foi variada. Uma moradora de seu próprio eleitorado de Auckland disse ao jornal NZ Herald que Ardern estava "fugindo antes que seja expulsa", culpando-a pelo aumento da criminalidade e do custo de vida.

Para outros, como Max Tweedie, do Auckland Pride, ela é "uma das maiores primeiras-ministras da história da Nova Zelândia".

Mas Ardern ressaltou que não estava renunciando por problemas nas pesquisas.

Ainda não surgiram candidatos ao cargo. Mas vários parlamentares, como o vice-líder Grant Robertson, já disseram que não vão concorrer.

Na quinta-feira, Ardern disse que entre as conquistas de seu governo estão mudanças em políticas climáticas, habitação social e redução da pobreza infantil.

Mas ela disse esperar que seu legado na Nova Zelândia seja "como alguém que sempre tentou ser gentil".

"Espero deixar os neozelandeses com a crença de que você pode ser gentil, mas forte; empático, mas decisivo; otimista, mas focado. E que você pode ser seu próprio tipo de líder - alguém que sabe quando é hora de ir embora", disse Ardern.

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