Empresário tem carga apreendida e recebe voz de prisão de fiscal sem identificação durante entrega em hotel em Copacabana
Um empresário que vendeu uma carga de gelo para um hotel em Copacabana denuncia que, mesmo com nota fiscal, foi acusado de ser ambulante irregular por fiscais da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop). Segundo o homem, os agentes não quiseram olhar as notas.
Ele disse que questionou os agentes e recebeu voz de prisão de um fiscal que estava sem identificação no colete. A confusão aconteceu no dia 31 de dezembro do ano passado, por volta de meio-dia.
Um vídeo mostra dois agentes da Seop segurando uma placa de “Vende-se gelo” em frente ao caminhão. Um terceiro homem registra com o telefone celular. O veículo é de Wellington Pedrosa, que registrou as imagens.
“Aqui, ó, estão me forjando. Eles aqui estão colocando a placa ‘vende-se gelo’. Meu caminhão não tem nada, eles estão forjando e colocando”, disse Wellington.
O empresário contou que estava prestes a fazer a entrega da carga, com 300 sacos de gelo em escama, em um hotel de Copacabana. E que ele foi abordado pelos agentes, que disseram que estava vendendo gelo irregularmente.
1 de 3 Empresário afirma que cartaz colocado na frente de caminhão não pertence a ele — Foto: Reprodução/ TV GloboEmpresário afirma que cartaz colocado na frente de caminhão não pertence a ele — Foto: Reprodução/ TV Globo
“Tinha um caminhão menor que o meu à frente, estacionado, uns 30 metros à frente, em um local proibido para estacionar. Realmente, esse rapaz tirou o caminhão, que eles foram lá pedir para ele tirar, só que ele deixou uma placa para trás escrito ‘Vende-se gelo’. Ele estava vendendo gelo, eu não estava, estava aguardando para descarregar”, afirmou Wellington.
A rua onde o caminhão de Wellington estava costuma ter outros veículos, fazendo venda de gelo para vendedores ambulantes e barracas da praia.
O empresário afirmou que se recusou a retirar o caminhão, porque estava em uma vaga normalmente destinada a carga e descarga, na Rua Rodolfo Dantas, no horário permitido.
Então, um homem, que se apresentou como agente de trânsito, apreendeu o caminhão e ameaçou prender Wellington.
“Agente de trânsito, já está apreendido”, disse o homem no vídeo.
“Cadê sua identificação, cadê seu crachá?”, questionou Wellington.
“A minha? Por que você quer minha identificação? Qual o problema? Minha identificação está na viatura, aqui, com os meus coordenadores. No final, você vai ver. Tu quer que eu te prenda por desobediência e leve você pra delegacia?”, afirmou o homem.
2 de 3 Wellington Pedrosa conta que recebeu voz de prisão de agente da Seop sem identificação no colete — Foto: Reprodução/ TV GloboWellington Pedrosa conta que recebeu voz de prisão de agente da Seop sem identificação no colete — Foto: Reprodução/ TV Globo
A imagem gravada pelo empresário mostra que o agente não tem a identificação no colete. Quando Wellington volta a questioná-lo sobre isso, o fiscal da Seop dá voz de prisão ao empresário.
“Não estou desobedecendo não, só estou pedindo sua identificação, como você tá pedindo a minha”, afirma Wellington.
“Então o caminhão está preso e você está preso. A princípio, está detido”, disse o fiscal.
“Por causa de quê?”, questionou o empresário.
“Por desobediência”, falou o homem.
Depois da discussão com os agentes da Seop, aparece um policial militar que retira a chave do caminhão e entrega ao fiscal da prefeitura.
O caminhão de Wellington foi lacrado com a carga de gelo e apreendido. Ele disse que teve que dirigir o veículo até o depósito, acompanhado dos agentes e de um PM. Desde o começo do mês, o empresário tenta recuperar o veículo, mas até esta quinta-feira (19), ele não conseguiu.
3 de 3 Wellington Pedrosa registrou uma reclamação de abuso de autoridade na Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio (Seop) — Foto: Reprodução/ TV Globo
Wellington Pedrosa registrou uma reclamação de abuso de autoridade na Secretaria Municipal de Ordem Pública do Rio (Seop) — Foto: Reprodução/ TV Globo
No último dia seis, Wellington foi à Secretaria Municipal de Ordem Pública e protocolou uma reclamação por abuso de autoridade.
Ele mostrou as notas de compra e revenda do gelo, que estavam no caminhão. Segundo ele, no dia da apreensão, os agentes se recusaram a ver os documentos.
Seis dias depois, o secretário Breno Carnevale negou a liberação do caminhão.
“Nesse meio tempo eu tenho que pagar as diárias do veículo. São R$ 166 por dia, já são mais de R$ 3 mil para eu poder pagar. Nem sei onde eu vou arrumar esse dinheiro para poder pagar o meu veículo”, disse Wellington.
O empresário afirmou que costuma levar produtos refrigerados no caminhão frigorífico e que a empresa de transportes que ele mantém com a mulher é legalizada. Foi a primeira vez eu ele decidiu transportar gelo, para fazer uma renda extra no fim do ano.
“A gente anda o mais certo possível, tudo que tem que ser feito, nós fazemos. Pagamos imposto, fazemos tudo, para não ter nenhum tipo de transtorno, e a gente é tratado como bandido, infelizmente, o trabalhador na rua é tratado como bandido”, finalizou Wellington.
A Seop informou que foi acionada no dia 31 de dezembro para remover vários caminhões de gelo que estavam estacionados na vaga de carga e descarga ao lado de um hotel. E que, ao chegar no local, Wellington se recusou a remover o veículo. A secretaria disse que o caminhão foi rebocado por causa da venda de gelo ilegal.
A TV Globo questionou o motivo da entrega de Wellington ser caracterizada como ilegal - já que existe a nota fiscal da compra do gelo e também a nota fiscal da entrega ao hotel.
A secretaria informou que os fiscais constataram que ele também estava vendendo gelo irregularmente. Em uma primeira nota, a secretaria negou que uma ordem de prisão havia sido dada a Wellington. Mas, depois de ser informada do vídeo, a Seop disse que a detenção por desobediência a funcionário público está prevista em lei.
Perguntamos também se é comum agentes da Seop atuarem sem identificação no colete. A secretaria informou que havia uma operação em andamento, e que havia outros agentes identificados. Mas não respondeu sobre o agente que deu voz de prisão.
A secretaria informou que, após os novos esclarecimentos prestados pelo empresário, o caminhão foi liberado para retirada. E que ele não vai precisar pagar os custos de diárias do pátio e da remoção.
A Polícia Militar informou que instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias do fato. E disse que os policiais militares que estiveram nessa ocorrência vão ser ouvidos.
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