Bancos devem destravar recursos da Americanas com início da recuperação judicial; BTG é exceção
Fachada das Lojas Americanas em Franca, no interior de SP. — Foto: IGOR DO VALE/ESTADÃO CONTEÚDO
Em virtude do pedido de recuperação judicial da Americanas, bancos credores da empresa que tentaram bloquear recursos precisam, agora, "devolver" o dinheiro à varejista.
Ao aceitar o pedido de recuperação judicial, o juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinou que as instituições financeiras não utilizem o dinheiro da companhia para compensar dívidas.
A única exceção é o banco BTG Pactual, que obteve decisão judicial para travar R$ 1,2 bilhão da Americanas.
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Segundo o Valor Online, já na noite de quinta-feira (19), o Bradesco informou à Justiça que os valores de titularidade da varejista estão disponíveis para movimentação pela companhia. O montante de recursos retidos seria de R$ 474,1 milhões.
Nesta sexta-feira (20), o desembargador Marcos Andre Chut determinou que o banco Votorantim destrave mais de R$ 200 milhões. Além de BTG, Votorantim e Bradesco, os bancos Safra e Itaú também bloquearam recursos da varejista para compensação de dívida.
O bloqueio de recursos por parte dos bancos fez com que o caixa da Americanas — que já havia sofrido um baque ao cair de R$ 8 bilhões para R$ 800 milhões — havia ficado ainda mais restrito. Livre para pagamento de obrigações restou apenas R$ 250 milhões, segundo a empresa.
"A situação, que já era gravíssima, piorou. De forma ilícita, arbitrária e ilegítima, o Safra, o Bradesco e o Itaú também promoveram resgates e bloqueios indevidos no caixa do Grupo Americanas. Ou seja, dos R$ 800 milhões que ainda restavam no caixa do Grupo Americanas, o Banco Safra bloqueou quase R$ 100 milhões, o Bradesco cerca de R$ 474 milhões e o Banco Itaú quase R$ 50 milhões", diz petição de advogados da varejista.
A Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira (19), na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Nesta manhã, a companhia já havia informado que teria recursos reduzidos em caixa e admitiu a possibilidade de iniciar o processo.
As dívidas da empresa somam R$ 43 bilhões, entre aproximadamente 16,3 mil credores.
A quantia em caixa, segundo a varejista, estaria em R$ 800 milhões. O valor é significativamente menor do que os R$ 8,6 bilhões reportados no balanço de resultados do terceiro trimestre de 2022.
O prazo entre o pedido e a homologação do plano é de 60 dias. De acordo com o diretor financeiro da Spot Finanças, Marcello Marin, o pedido de recuperação judicial da Americanas se tornará o quarto maior da história do país, atrás somente de Odebrecht, Oi e Samarco.
No dia 11 de janeiro, a Americanas divulgou um fato relevante informando que havia identificado “inconsistências em lançamentos contábeis” nos balanços corporativos, em um valor que chegaria a R$ 20 bilhões.
O rombo, causado principalmente por dívidas com bancos em operações de risco sacado, amplia os números referentes ao grau de endividamento e ao capital de giro. Em resumo, as operações não foram lançadas adequadamente, subestimando a dívida da empresa.
Com isso, o então presidente da companhia, Sergio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Covre, decidiram deixar a companhia, menos de dez dias após serem empossados.
Desde então, a companhia viu as ações derreterem na bolsa de valores brasileira, perdendo mais de R$ 8 bilhões em valor de mercado em apenas dois dias. 💥️Veja a cronologia dos fatos.
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