Troca de comando do Exército: o que dizem os colunistas

O presidente Lula (PT) demitiu o general Júlio César de Arruda do cargo de comandante do Exército neste sábado (21). No lugar dele, entra o atual comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.

Antes de ser demitido, Arruda participou nesta sexta-feira (20) de uma reunião, no Palácio do Planalto, com Lula, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica.

Colunistas do 💥️g1 e comentaristas da 💥️GloboNews comentam a troca no comando do Exército.

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O comentarista Octavio Guedes destaca dois pontos sobre as mudanças anunciadas pelo governo neste sábado.

O primeiro é que Lula demonstra sua autoridade, o que estava faltando nesse processo, de acordo com críticos. O segundo é que o presidente passa a dar poder a vozes consideradas legalistas.

A jornalista Natuza Nery destaca o discurso do general Tomás, exibido ontem pela 💥️GloboNews, como fundamental para a definição dele como substituto de Arruda. Na ocasião, Tomás foi incisivo na defesa da democracia.

A jornalista ressalta que o discurso de Tomás foi na contramão absoluta do silêncio de generais ou da aliança de generais com o bolsonarismo.

Natuza também reforça que houve um "dissabor" envolvendo o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordem de Bolsonaro.

Segundo apuração da jornalista, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, telefonou para o então comandante do Exército, general Arruda, para uma conversa neste sábado sobre o cargo de Cid.

Integrantes do governo relataram à comentarista Ana Flor que, pouco antes de decolar de Boa Vista (RR), Lula ligou para o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, agendando uma reunião para as 17h deste sábado com ele e com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para tratar do tema.

"E também há, é claro, um sentimento dentro do governo – e o presidente chegou a falar sobre isso na entrevista que deu à Natuza – de que a sensação era de que os vândalos golpistas que invadiram o Palácio do Planalto encontraram as portas abertas. E isso recai, em grande parte, sobre o Exército", continuou a comentarista.

A jornalista Julia Duailibi lista uma série de insatisfações do governo em relação à atuação do Exército diante dos atos golpistas do dia 8 de janeiro.

"A resposta de Lula, então, se dá por meio da demissão do comandante do Exército, como quem diz: 'O que aconteceu no dia 8 é inadmissível'", analisa a jornalista.

Duailibi também afirma que o comandante Tomás já estava no radar para o comando do Exército mesmo quando Arruda fora escolhido para o cargo.

O comentarista Valdo Cruz traz bastidores da mudança no comando do Exército. Ele destaca que a situação piorou quando o general Júlio César de Arruda resistiu a punir individualmente militares possivelmente envolvidos no ato de 8 de janeiro.

Para o jornalista Gerson Camarotti, o início do processo que levou à troca no comando do Exército é marcado pela permanência prolongada dos acampamentos em frente aos quartéis do Exército em regiões do país, especialmente em Brasília.

Camarotti ressalta que Lula e o ministro José Múcio esperavam ter, no comando, pessoas que respeitassem critérios. Com Arruda, no entanto, havia dificuldade no cumprimento de determinações.

O jornalista também cita a decisão de Arruda de manter dentro do Exército o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, homem de confiança de Jair Bolsonaro e ajudante de ordem do ex-presidente. "Cid está em linha de investigação de movimentações financeiras da família Bolsonaro", diz.

A jornalista Andréia Sadi considera que a troca no Exército é resultado do acúmulo de fatores, em um cenário em que Lula herdou postos de comando que já atuavam no governo de Jair Bolsonaro.

Um dos pontos centrais, destaca Sadi, foi o comportamento de Arruda quando os responsáveis pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro tentaram se alojar no QG do Exército após os ataques.

No momento em que as forças de segurança tentaram prendê-los, Arruda disse ao ministro da Justiça, Flávio Dino, que "ali eles não iriam prender ninguém", relembra a jornalista.

Sadi também destaca como gota d'água o respaldo de Arruda para a permanência de Cid, homem de confiança de Bolsonaro, no comando do batalhão do Exército em Goiânia – considerado de muito prestígio.

O comentarista Merval Pereira classifica como simbólica a fala do ministro José Múcio, na noite deste sábado. O ministro afirmou que o Ministério da Defesa, representado por um civil, comanda os militares.

Merval ressalta que a pasta existe exatamente para submeter os militares ao poder civil. "Foi criado com essa intenção, e isso no mundo todo", diz o comentarista. "Essa tese foi quebrada no governo Temer."

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