'Estamos tentando trabalhar', diz Lula sobre moeda comum com Argentina
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu nesta segunda-feira (23), na Argentina, que os ministros da Fazenda dos dois países trabalhem pela construção de uma moeda comum.
"O que nós estamos tentando trabalhar agora é que os nossos ministros da Fazenda, cada um com sua equipe econômica, possam nos fazer uma proposta de comércio exterior e de transações entre os dois países que seja feito em uma moeda comum a ser construída com muito debate e com muitas reuniões. Isso é o que vai acontecer", afirmou.
A visita à Argentina é o primeiro compromisso internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia dos dois governos é fortalecer a relação dos dois países.
Lula também sugeriu a possibilidade de, no futuro, serem criadas moedas comuns entre países do Mercosul ou dos Brics (grupo composto por Rússia, Índia, Brasil, China e África do Sul).
Lula afirmou ainda "tudo que é novo causa estranheza e eu acho que tudo que é novo precisa ser testado". "Porque a gente não pode no meio do século 21 continuar fazendo a mesma coisa que nós fazíamos no século 20”, disse.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou que ainda é desconhecida a forma como a moeda funcionaria.
"É verdade o que o Lula acabou de dizer, não sabemos como funcionaria uma moeda comum entre Argentina e o Brasil. Nem sabemos como funcionaria uma moeda comum na região, mas sabemos o que acontece com as economias nacionais tendo necessidade de funcionar com moedas estrangeiras e sabemos como isso é nocivo”, disse Fernández.
O presidente argentino disse ainda que: “Se nós não tivermos a coragem de mudar, vamos continuar padecendo dos mesmos males e é preciso aprofundar os vínculos entre Brasil e Argentina, porque esse vínculo é o que vai motorizar todas as relações da América Latina”.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda, em entrevista à GloboNews, que foi criado um grupo de trabalho entre Brasil e Argentina para começar a desenvolver a ideia de uma moeda comum entre os dois países.
A moeda, segundo ele, não vai substituir o real nem o peso brasileiro. Ou seja, a moeda não entraria em circulação nem seria usada pela população.
"Essa é uma ideia de moeda comum, que nada tem a ver com a ideia de substituição das moedas nacionais, a exemplo do euro, por exemplo. Não é essa a proposta", afirmou Galípolo. "O que foi aprovado hoje foi a criação de um grupo de trabalho para a gente começar a desenvolver essa ideia de poder realizar comércio [entre os dois países]", explicou.
A ideia é que a futura moeda seja usada para as transações comerciais entre os dois países e evitar que fiquem gastando suas reservas internacionais em dólar em transações comerciais entre si.
"O que acaba acontecendo hoje é que o comércio entre Brasil e Argentina fica constrangido pela disponibilidade de uma moeda de um terceiro país não participantes desse comércio", explicou o número 2 do Ministério da Fazenda.
Os presidentes também foram questionados se o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investirá na construção de um gasoduto na Argentina. O governo argentino busca recursos para concluir a construção da rede de tubulação que transportará gás natural.
Lula disse que os empresários estão interessados no gasoduto, assim como o governo, e que vai criar condições para “ajudar” o gasoduto argentino.
"Eu tenho certeza que os empresários brasileiros têm interesse no gasoduto. Eu tenho interesse. (...) E se há interesse dos empresários, se há interesse do governo, e nós temos um banco de desenvolvimento para isso, eu quero dizer que nós vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente puder fazer para ajudar o gasoduto argentino", declarou.
Fernández afirmou que a decisão “está nas mãos do Brasil”.
Em declaração à imprensa ao lado do colega argentino Alberto Fernández, Lula também pediu desculpas ao povo argentino por "grosserias" feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
À tarde, a agenda presidencial prevê encontro com empresários. À noite, o presidente deve ir a um concerto musical com artistas argentinos e brasileiros no Centro Cultural Kirchner.
Lula chegou no domingo (22) na Argentina. Em uma rede social, ele afirmou: "Vamos retomar laços. O Brasil está voltando ao cenário internacional e atuará pelo fortalecimento do Mercosul".
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