Pais que perderam guarda de bebê nascido em ônibus descumpriram medidas do Conselho Tutelar por mais de 6 anos

A família do bebê que nasceu em um ônibus na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e foi retirado da família por decisão judicial é acompanhada pelas autoridades desde 2016. Segundo apurou o g1, o casal não cumpre determinações do Conselho Tutelar há mais de seis anos. Os outros três filhos deles, de 2, 5 e 7 anos de idade, não têm documento de identificação, vacinas e nem matrícula escolar.

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O acolhimento do bebê foi determinado pela juíza titular da 3ª Vara da Infância, Juventude e Idoso da Capital, Monica Labuto Fragoso Machado, na terça (17) passada, e a decisão foi cumprida no dia seguinte. Ao g1, a magistrada afirmou que o caso foi considerado como “💥️negligência grave e contumaze está sob sigilo.

Os pais do bebê admitem que o Conselho Tutelar procurou a família, há cerca de três anos, para exigir a regularização dos documentos. Mas eles afirmam, também, que não tiveram nenhum acompanhamento do poder público depois disso.

A Maternidade Leila Diniz, para onde o bebê foi levado após nascer, procurou o Conselho Tutelar devido às pendências referentes aos outros três filhos do casal. A família mora na comunidade do Tirol, na Taquara, Zona Oeste da cidade.

Camila Santos de Souza, mãe do bebê, foi ao Fórum da Taquara tentar tirar os documentos do filho — Foto: Reprodução/ TV Globo 1 de 3 Camila Santos de Souza, mãe do bebê, foi ao Fórum da Taquara tentar tirar os documentos do filho — Foto: Reprodução/ TV Globo

Camila Santos de Souza, mãe do bebê, foi ao Fórum da Taquara tentar tirar os documentos do filho — Foto: Reprodução/ TV Globo

Já a Secretaria Municipal de Assistência Social afirmou que a família foi notificada e recebeu todas as orientações, inclusive o encaminhamento para comparecer ao cartório e fazer a documentação gratuitamente.

A pasta afirmou, também, que os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) estão à disposição da família.

Já a Defensoria Pública informou que tenta contato com a família para prestar assistência jurídica.

Camila Santos de Souza esteve no Fórum da Taquara nesta segunda para tentar registrar o bebê, que segue acolhido em um abrigo da Prefeitura do Rio.

“A única coisa que eu tenho do meu filho foi a foto que vocês divulgaram e porque ele nasceu no ônibus, senão nem isso eu ia ter. A criança tem que amamentar, como tira a criança da mãe? Ou então me levava junto. Eu pedi: ‘Eu posso ir junto, ficar com ele?’ Eles não deixaram”, disse Camila.

Ela disse que o Conselho Tutelar afirmou que ela tem que apresentar os outros três filhos ao juizado em até 48 horas. O prazo termina nesta segunda. Ela tenta passar a guarda das crianças, de forma provisória, para os avós deles.

“A gente tem o maior carinho com ela e com os filhos dela, eu os quero. Até a documentação sair, eu vou estar do lado dela toda hora”, disse o avô das crianças, o aposentado José Santos de Souza.

Casal com o bebê logo após o nascimento em um ônibus na Barra da Tijuca. Estudante de curso técnico de enfermagem ajudou no parto — Foto: Daniella Dias/ TV Globo 2 de 3 Casal com o bebê logo após o nascimento em um ônibus na Barra da Tijuca. Estudante de curso técnico de enfermagem ajudou no parto — Foto: Daniella Dias/ TV Globo

Casal com o bebê logo após o nascimento em um ônibus na Barra da Tijuca. Estudante de curso técnico de enfermagem ajudou no parto — Foto: Daniella Dias/ TV Globo

Camila afirma que tem documentos, mas o marido não, pois, segundo eles, foram queimados em um incêndio. Sem estarem registrados, os filhos não podem ter acesso a direitos básicos, como a matrícula em instituições de ensino. Ela afirma que o casal não recebe nenhum benefício social.

A mãe do bebê tem esperança de que ele volte para a família. “Eu não vou parar, eu vou correr pra tudo que é lugar. Eu quero meu filho. Já tem uma semana. Não aguento, isso é muito triste, eu não tenho mais lágrimas para chorar”, afirmou Camila.

Camila deu à luz dentro de um ônibus na última segunda-feira (16) na Barra da Tijuca. Uma estudante do curso de técnico em enfermagem ajudou no parto. Wagner, o pai da criança, passou mal no meio da confusão e chegou até a desmaiar.

“A bolsa estourou e não deu tempo de chegar à unidade. Quando ela começou a sentir dor, eu vi que tinha que colocar em prática o curso que estou fazendo para ele vir ao mundo”, disse a estudante Gerlane Macedo dos Santos.

Percebendo a mulher em trabalho de parto, o motorista desviou a rota e levou a mãe, o bebê e o pai para o CER Barra, no Hospital Lourenço Jorge.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que o ônibus parou na frente da unidade e a passageira, a criança e o pai foram atendidos pela equipe de plantão. O neném nasceu com 3,6 kg.

No dia, todos foram atendidos na unidade e, depois, a mãe e o bebê foram encaminhados para a Maternidade Leila Diniz, local em que a mãe teve o último contato com o filho, antes de ele ser recolhido pelo Conselho Tutelar.

Mulher dá à luz em ônibus na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo 3 de 3 Mulher dá à luz em ônibus na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo

Mulher dá à luz em ônibus na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo

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